Conteúdo publicado há 10 meses

Bolsonaro diz que trocou informações, mas não integrou grupo de empresários

Após ser intimado pela Polícia Federal para prestar depoimento no inquérito que investiga um grupo golpista composto por empresários no WhatsApp, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que não fazia parte das conversas coletivas mantidas entre seus apoiadores.

O que aconteceu:

Bolsonaro disse sentir "vergonha" de ter que falar sobre esse assunto, negou que tenha participado do grupo, mas ressaltou que "trocava informações" em conversas particulares com os empresários. As declarações foram dadas à Jovem Pan News.

Segundo o ex-presidente, a PF quer ouvi-lo sobre uma mensagem que ele compartilhou, sem ter sido de sua autoria. Entretanto, ele ponderou que pediu a seus advogados para terem acesso aos autos do processo antes de prestar o depoimento.

"Nunca participei desse grupo, trocava informações. Investigaram seis empresários, tiraram o restante e ficaram esses dois. Me chamaram para me ouvir sobre uma mensagem que compartilho que veio da imprensa. Não fui eu que escrevi, se for isso que estou pensando", falou.

Jair Bolsonaro também classificou como "desabafo" mensagem enviada pelo empresário José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro, sobre preferir um golpe de estado a ver o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vitorioso nas urnas.

"Quem falou que preferiria um golpe, foi um desabafo. O cara desabafou lá no grupo e qual problema?", disse o ex-mandatário.

Entenda o caso

Bolsonaro deverá depor no dia 31 de agosto. A Polícia Federal quer o novo depoimento de Bolsonaro após a investigação localizar uma mensagem atribuída ao ex-presidente em que ele pede para que o empresário Meyer Nigri, dono da Tecnisa, compartilhe notícias falsas sobre ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e em relação às urnas eletrônicas em grupos de WhatsApp.

O documento, ao qual o UOL teve acesso, mostra conversas de Nigri com um número identificado como 'PR Bolsonaro 8'. PR seria a sigla para presidente da República. O número atribuído ao então presidente enviou ao empresário mensagens com fake news e ataques a ministros do Supremo e pede que o conteúdo seja repassado "ao máximo".

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Nigri afirma ter compartilhado com vários grupos uma das mensagens falsas, sobre uma fraude no sistema de votação brasileiro.

Em agosto de 2022, o site Metrópoles revelou a existência de um grupo de empresários bolsonaristas para arquitetar um golpe caso o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse as eleições.

Na última segunda-feira (21), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, arquivou o inquérito contra seis empresários que estavam nesse grupo. Afrânio Barreira Filho, José Isaac Peres, José Khoury Junior, Ivan Wrobel, Marco Aurélio Raymundo e Luiz André Tissot. A PF avaliou que eles não tiveram nenhuma atuação antidemocrática para além da participação no grupo.

Moraes manteve as investigações contra Nigri e Luciano Hang, dono das lojas Havan. O ministro manteve o inquérito contra o dono da Tecnisa sob o argumento de que há necessidade de continuar as diligências da PF. Já em relação a Hang, ainda são analisados os dados bancários do dono da Havan e tenta acessar o celular dele. A decisão de Moraes afirma que o empresário se recusou a fornecer as senhas aos investigadores.

O advogado de Meyer Nigri, Alberto Toron, disse ao UOL que vai aguardar a evolução das investigações com "absoluta serenidade". "Embora não concordemos, respeitamos a decisão do ministro Alexandre de Moraes", afirmou. A reportagem também procurou a assessoria de imprensa da Havan, e o texto será atualizado em caso de manifestação.

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