Conteúdo publicado há 10 meses

Locutor chama golpe de 1964 de 'revolução' durante o 7 de Setembro em SP

O locutor oficial do desfile de 7 de setembro em São Paulo chamou de "revolução" o golpe protagonizado por militares que interrompeu a ordem democrática no Brasil em 1964.

O que aconteceu

Fala ocorreu durante passagem do Regimento de Cavalaria 9 de Julho, ligado à Polícia Militar de São Paulo. A menção ao golpe de 1964 como "revolução" se deu quando o locutor elencava eventos históricos que tiveram participação do grupo.

Prefeitura de São Paulo e PM-SP atribuíram a organização do evento às Forças Armadas. Procurado por e-mail, o Exército informou que "a locução das tropas da PM é encargo da Polícia Militar do Estado de São Paulo".

A questão do local, do espaço, é responsabilidade da prefeitura. Com relação à questão da organização, é responsabilidade das Forças Armadas.
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo

Interrupção da democracia não foi "revolução" e sim, golpe. Considerado um dos períodos mais obscuros da história, a ditadura militar durou 21 anos (1964 a 1985) e ficou marcada pelo cerceamento da liberdade e perseguição política que causou o desaparecimento, tortura e assassinato de milhares de pessoas que se opuseram ao regime.

Violação de regras da época caracteriza golpe. Em 2 de abril de 1964, Jango estava em Porto Alegre. Mas uma sessão comandada pelo então presidente do Senado Auro de Moura Andrade em Brasília usou o falso argumento de que Jango havia se ausentado do país sem autorização do Congresso para afastá-lo da presidência. Em 2013, o mesmo Congresso anulou a sessão em questão, com oposição de apenas uma pessoa: o então deputado federal Jair Bolsonaro.

Falta de mastro para bandeira e ausência de Bolsonaro

"Ano que vem a gente faz direito", disse Nunes. A ausência de um mastro no Anhembi impediu o hasteamento da bandeira. A cerimônia é tradicional em desfiles de 7 de Setembro, e não foi possível realizá-la pelas obras em curso em alguns pontos do sambódromo. "O mastro estava em manutenção. Realmente, a gente poderia ter colocado ali um mastro provisório ou alguma coisa", completou o prefeito paulistano.

"Estou buscando ter proximidade", diz prefeito sobre Bolsonaro. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) era esperado em São Paulo para o desfile, mas não apareceu. Segundo Nunes, que busca seu apoio para reeleição em 2024, ele seria "muito bem recebido se viesse", e as tentativas de afastamento entre os dois são "futrica, intriga".

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Foi um evento muito bonito, com a população participando, cívico. Uma coisa maravilhosa de a gente poder ter presenciado. Com relação à questão da vinda do presidente Bolsonaro, não tive informação. Obviamente se viesse seria muito bem recebido.
Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo

Motoqueiros marcaram presença. Motociclistas do grupo Carpe Diem Mototurismo, que se reúne aos domingos no Pacaembu, participaram da parada, como já aconteceu em anos anteriores. Trajados com bandeiras do Brasil, eles acenaram para o público e bateram continência para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Durante a pandemia, as motociatas com bolsonaristas foram uma das principais manifestações de apoio ao então presidente.

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