Lula evita falar sobre delação de Mauro Cid, mas vê Bolsonaro 'envolvido'
O presidente Lula (PT) disse desconhecer o acordo de delação premiada do ex-ajudante de ordens Mauro Cid homologado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, mas comentou que "o tempo vai se encarregar" de mostrar que Bolsonaro estava "envolvido até os dentes" com a perspectiva de um golpe de Estado.
O que aconteceu
Em entrevista à imprensa na Índia, onde participou da cúpula do Grupo dos 20 (G20), Lula disse desconhecer o acordo de delação de Cid, mas declarou "que a cada dia vai aparecendo as coisas e vamos ter certeza de que havia a perspectiva de um golpe", referindo-se aos atos golpistas de 8 de janeiro.
Para o presidente, Jair Bolsonaro (PL) está "altamente comprometido". Lula acrescentou que "o ex-presidente estava envolvido até os dentes" com atos golpistas.
"Prefiro não dar palpite sobre o que eu não conheço", afirmou Lula ao responder à pergunta sobre o acordo de delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Com relação à delação premiada [de Mauro Cid], eu não conheço. Não posso dar palpite sobre o que eu não conheço. Não sei o que está lá: só sabe o delegado que ouviu e o coronel que prestou depoimento. O resto é especulação. Eu acho que ele [Jair Bolsonaro] está altamente comprometido. Cada dia vai aparecer mais coisas e cada dia nós vamos ter certeza de que havia a perspectiva de golpe, e que o ex-presidente estava envolvido nela até os dentes. É isso que vai ficar claro. O tempo vai se encarregar.
Lula
O petista citou também a venda de presentes sauditas: "A única chance que Bolsonaro tinha de não participar disso [atos golpistas] era quando estava ocupado em vender as joias".
As declarações de Lula ocorreram na coletiva de imprensa que Lula participou na madrugada de hoje (11) no encerramento da cúpula de líderes do G20, em Nova Déli, na Índia.
Delação homologada
O ministro Alexandre de Moraes homologou no sábado (9) a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Cid, preso desde 3 de maio, também deixou a prisão após liberdade provisória concedida.
O acordo homologado por Moraes foi firmado entre Cid e a Polícia Federal após verificar a "regularidade, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboração à exigência legal e a voluntariedade da manifestação de vontade". As informações são da assessoria do STF.
Moraes determinou que Cid terá que cumprir uma série de medidas cautelares, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica. Ele também ordenou o cancelamento de passaporte, a suspensão do porte de arma de fogo do militar e a proibição do uso de redes sociais.
Cid esteve no STF na última quarta-feira acompanhado por seu advogado, Cezar Roberto Bitencourt, e se reuniu com um juiz auxiliar do gabinete do ministro Alexandre de Moraes para tratar da delação.
Exército afasta Cid de suas funções
O Exército informou ontem que o tenente-coronel Mauro Cid ficará sem ocupar o cargo. Mesmo sem exercer função, Cid receberá R$ 27 mil por mês.
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Em um culto na quinta (7), Michelle Bolsonaro disse, chorando e enrolada em uma bandeira do Brasil, que ela e o marido estavam sendo "perseguidos e injustiçados". A ex-primeira-dama também declarou que "todos aqueles que tivessem Cristo como o Senhor salvador seriam perseguidos".
O advogado Fábio Wajngarten, que representa o ex-presidente, diz ter preocupação "zero" com as informações que o ex-ajudante de ordens pode levar à Polícia Federal.
"Não há absolutamente nada que o tenente-coronel Cid possa delatar que se relacione com o presidente", disse.
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