Tales: Embate político entre Lira e Renan ameaça início da CPI da Braskem
A rivalidade política entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) voltou à tona após a tentativa de instalação da CPI da Braskem, afirmou o colunista Tales Faria no UOL News da manhã de hoje (11).
A comissão, que seria instalada nesta terça-feira (12), pode ter o início de seus trabalhos adiado.
Houve muito lobby para evitar a CPI esse tempo todo. O PSD, por exemplo, não indicava seus senadores, indicou um e permitiria a instalação da CPI. Mas, diante do Renan ter marcado [o início], o senador Otto Alencar (PSD-BA) se autoindicou membro da CPI e passa a ser o mais velho integrante da comissão e, como mais velho, ele coloca em risco a instalação da CPI amanhã. Renan acha que há um sério risco de não ter essa instalação amanhã.
Paulo Dantas (MDB), governador de Alagoas e aliado de Renan, e João Henrique Caldas (PL), prefeito de Maceió e aliado de Lira, ainda não se encontraram pessoalmente desde o dia 29 de novembro, quando foi anunciado o risco iminente de colapso de uma mina da Braskem.
Os dois tinham marcado uma reunião para hoje de manhã em que seria discutido o entendimento em torno desse caso da Braskem e a atuação conjunta da prefeitura e do governo do estado. Mas Arthur Lira chamou o prefeito à Brasília com a argumentação de tentar conseguir verbas do governo federal e desmontou a reunião do prefeito com o governador.
Renan Calheiros diz que isso foi feito de propósito para tentar transformar a questão em um assunto de briga entre os dois, e não no problema da Braskem, que Renan está tentando uma CPI. Renan disse que está a disposto a apoiar a reeleição do prefeito ligado à Lira se ele desfizer o acordo com a Braskem, em que a prefeitura recebeu R$ 1,7 bilhão para encerrar o caso e não permitir mais contestações. O problema é que, nesse acordo, a prefeitura deu à Braskem o terreno que vai afundar.
Entenda a disputa política em torno dos estragos da mina da Braskem
Prefeitura e governo do estado criaram, cada um, seus próprios comitês de emergência. Não existe um órgão unindo as duas esferas para gerenciar a crise provocada pela mina 18, que se rompeu ontem.
Conversas foram a distância. Os gestores e rivais locais chegaram a se falar por telefone na noite de ontem, poucas horas após o rompimento da mina 18, mas divergiram sobre a necessidade de uma reunião presencial.
Encontro entre autoridades desmarcado. O prefeito João Henrique Caldas chegou a convocar uma reunião para ontem mesmo, mas o governo estadual marcou para hoje. No início da manhã, no entanto, JHC anunciou, no entanto, uma viagem à Brasília para se encontrar com Arthur Lira como justificativa para a ausência e enviou representantes para o encontro.
Alckmin só se encontrou com o governador Paulo Dantas. O encontro aconteceu no dia 5, quando Alckmin era presidente em exercício. No mesmo dia, estava prevista uma reunião entre Alckmin e JHC, porém, o prefeito não foi. Lira é quem tem intermediado o contato entre o município e o governo federal.
JHC é aliado de Bolsonaro. Com apoio massivo de políticos bolsonaristas, o prefeito não citou Lula em nenhum momento durante a crise recente e se apega a Lira e à bancada de direita do estado
Hoje, Dantas anunciou que vai desapropriar a área de cinco bairros de Maceió afetados pela mineração da Braskem, que atualmente pertence à empresa. O objetivo é transformar a região que compreende aproximadamente 3 km² em um parque ambiental.
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