Lula posa com bandeira palestina após poeta chamar conflito de 'genocídio'
O presidente Lula (PT) posou com uma bandeira da Palestina hoje na abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura, em Brasília.
O que aconteceu
No discurso que abriu o evento, o poeta Antônio Marinho pediu o "fim do genocídio" em Gaza e foi aplaudido de pé por Lula. Depois da fala, tirou uma foto com o presidente e a ministra da Cultura, Margareth Menezes, empunhando a bandeira palestina.
O evento marca a retomada da CNC depois de 11 anos. A conferência, que debate formas de fomento ao setor, incluindo iniciativas públicas e privadas, havia sido promovida pela última vez no governo Dilma Rousseff (PT). A expectativa é que a gestão produza o Plano Nacional de Cultura após as discussões.
Lula tem sido um dos principais críticos internacionais aos ataques israelenses em Gaza e já usou o termo "genocídio" em diferentes ocasiões. Recentemente, causou polêmica internacional ao comparar as ações ao Holocausto.
Abertura polêmica
No discurso inicial, Marinho declarou que o Brasil tinha, "de novo, o ministério da Cultura". "Aqui a cultura fala, aqui, o povo tem voz. Começa com o presidente, que entre nós se faz presente e nunca nos abandona e, ao falar de economia, mostra as mãos com alegria, diz: 'o Brasil é a nona'".
Marinho foi diretor nacional de Cultura Popular no Ministério da Cultura. Ele ficou no cargo de março a julho do ano passado.
Leia o discurso feito pelo poeta Antônio Marinho no evento:
"Se é Luiz de Lindu que está falando,
Se é o cabra nascido em Caetés,
Se é o que tendo só nove, é nota 10,
Se é o que o nosso país está salvando,
Se é aquele que vive confirmando a bravura do sangue nordestino e pediu, pelo povo palestino, pela paz, pelo fim do genocídio,
Eu nem leio os ditames do dissídio, eu só quero saber onde eu assino,
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Presidente faz críticas a Israel
No dia 27, o presidente voltou a criticar Israel. Lula disse que o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu quer "efetivamente" acabar com os palestinos na Faixa de Gaza. Para Lula, que também condenou o "gesto terrorista" do Hamas, é hipocrisia achar que "uma morte [judeus] é diferente da outra [palestinos]".
"Eu considero um genocídio porque é um Exército amplamente armado atacando uma parte da sociedade indefesa", disse Lula. A fala foi concedida ao jornalista Kennedy Alencar, no programa "É Notícia", da RedeTV!.
Lula negou que tivesse usado a palavra "Holocausto" ao falar de Israel. Segundo o presidente, o termo foi uma "interpretação" de Netanyahu. "Eu não esperava que o governo de Israel fosse compreender. Eu não esperava, porque eu conheço o cidadão historicamente há algum tempo, eu sei o que ele pensa ideologicamente", acrescentou, fazendo referência ao premiê israelense.
Fomos os primeiros a condenar o gesto terrorista do Hamas, declarou. Para Lula, no entanto, é hipocrisia criticar o grupo extremista e defender os ataques de Israel em Gaza. "A gente não pode ser hipócrita de achar que uma morte é diferente da outra", disse. "Eu não posso condenar o gesto terrorista do Hamas e ver o Estado de Israel (...) fazendo com inocentes as mesmas barbaridades".
Falas de Lula sobre Hitler
Lula comparou ações de Israel na guerra com a morte de judeus por Hitler. As declarações foram feitas no último dia 18 de fevereiro, durante coletiva, após o presidente participar da 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia. "O Brasil condenou o Hamas, mas não pode deixar de condenar o que o Exército de Israel está fazendo", afirmou (assista abaixo).
Fala gerou forte reação do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O premiê de Israel descreveu os comentários como "vergonhosos e graves", acusando Lula de banalizar o Holocausto e ofender o povo judeu. "Fazer comparações entre Israel, os nazistas e [Adolf] Hitler é cruzar uma linha vermelha", disse Netanyahu em comunicado.
Israel agora considera Lula como 'persona non grata'. O ministro israelense das Relações Exteriores, Israel Katz, disse no dia 19 de fevereiro que Lula não será bem-vindo até que se retrate pelos comentários feitos sobre a guerra. "Não vamos esquecer, nem perdoar. Trata-se de um grave ataque antissemita", declarou.
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