Rosário diz que foi contra saidinha para evitar ataques da extrema direita
Única deputada do PT a votar pela derrubada do veto do presidente Lula (PT) à proposta que acaba com a saída temporária dos presos, Maria do Rosário (RS) disse que sua posição buscou evitar "ataques rasteiros da extrema direita".
O que aconteceu
Deputada diz que veto de Lula foi equívoco. Em entrevista ao jornal O Globo, a parlamentar defendeu que temas como esse sejam debatidos de forma mais complexa.
Ex-ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário é pré-candidata à Prefeitura de Porto Alegre. "Se eu não criar condição para que a população me escute em outros temas, sempre estarei como alvo de ataques da extrema direita, então quis dialogar tirando o foco disso (...) Meu voto para derrubar o veto só serviria para ataques rasteiros", afirmou. O atual prefeito da cidade, Sebastião Melo (MDB), seu provável adversário, é próximo ao bolsonarismo.
Além dela, apenas outro integrante do PT votou para derrubar o veto: o senador Fabiano Contarato (ES). Delegado da Polícia Civil por 27 anos, ele disse que a quantidade de benefícios existentes passa "certeza de impunidade" para a família das vítimas.
Derrota para o governo Lula. O Congresso derrubou veto do presidente e proibiu as "saidinhas" de presos em votação no dia 28 de maio.
O que disse Maria do Rosário
Procurei com esse voto retirar o discurso extremista que tenta sempre desvirtuar nossos posicionamentos e sair dessa questão, em que eu sou alvo de ataques permanentes. Meu objetivo unicamente é centrar no debate de como o Rio Grande do Sul vai se recuperar.
Maria do Rosário (PT-RS), deputada, ao jornal O Globo
Detentos não poderão mais sair em datas comemorativas
Placar com folga na Câmara e no Senado. O veto de Lula foi derrubado por 314 votos a 126, com 2 abstenções na Câmara; e por 52 votos a 11 no Senado, com 1 abstenção. A votação ocorreu em sessão conjunta do Congresso Nacional.
Manutenção do veto era prioridade do governo. Parlamentares ligados à base do presidente Lula chegaram a adiar a votação do veto, que ocorreria no início de maio, mas não conseguiram fechar acordo com a oposição sobre o tema.
Ministros chegaram a entrar em campo para tentar sensibilizar os parlamentares. Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) ligou para os parlamentares e fez apelos à bancada evangélica, argumentando que as visitas a familiares eram importantes do "ponto de vista cristão". Alexandre Padilha (Relações Institucionais) também entrou no corpo a corpo para tentar convencer deputados e senadores.
Apesar do esforço, o governo já esperava a derrota. Os parlamentares derrubaram os dois vetos de Lula que permitiam a saída temporária dos detentos para celebrar datas comemorativas com a família e para frequentar atividades que ajudem a retomar o convívio social.
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