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Reinaldo: Chá revelação de Pablo Marçal para vice é o colapso da política

O colunista Reinaldo Azevedo disse no Olha Aqui! desta segunda (5) que o candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) infantilizou a política e promoveu um espetáculo grotesco ao fazer um chá revelação para anunciar sua vice, Antonia de Jesus, do mesmo partido. O chá ocorreu ontem, durante a convenção que oficializou sua candidatura.

Vem o combo, vamos criar o combo da pessoa oprimida. Essas operações são perversas. Desde a redemocratização do Brasil, o que foi a redemocratização brasileira e o que é a tal da Constituição cidadã do Ulysses Guimarães? Significa um Brasil que vai recepcionar o povo de verdade e a emergência dos que não tinham voz na política brasileira. Então, olhem nesses anos de democracia o que aconteceu com as mulheres e com as pautas femininas, no que diz respeito aos direitos das mulheres, olhem o que aconteceu com os negros, olhem o que aconteceu com a diversidade sexual.

Todas essas pautas, a Constituição recepcionou. Mas, não é que ela recepcionou citando necessariamente cada minoria. Ela tem um princípio, ela tem um fundamento da igualdade e da inserção dessas forças na política brasileira. E, queira a extrema direita ou não, essas manifestações são manifestações antiestablishment. O establishment que você tinha, que era o status da sociedade brasileira anterior, essas forças estavam marginalizadas, subalternizadas e elas passam a fazer parte do concerto da política, ainda não como devem, evidentemente. Ou precisamos dizer aqui que as mulheres são sub-representadas em todos esses ambientes? As mulheres, os negros. Mas, de qualquer modo, o debate existe. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo afirmou que esse "combo" tem sido um filão usado pela extrema direita nos últimos anos.

Encontrar expressões desses grupos, que como grupos estavam subalternizados. Você tira uma pessoa, duas pessoas, algumas pessoas que dizem assim: 'Eu não sou do movimento, eu sou negro, mas eu não endosso aquele troço lá'. A gente lembra do tal Sérgio Camargo na Fundação Palmares. O que ele fazia cotidianamente era atacar o movimento negro e dizer: 'Eu não sou um deles'.

Então, o Pablo Marçal encontra uma personagem que traz características desses movimentos que, desde a Constituição, estão num processo de emergência política. Encontra essa figura, e diz: 'Mas ela não quer saber dessa gente toda não, ela é outra coisa. É mulher que vocês querem? Temos. É negro que vocês querem? Temos. Ela tem as pautas progressistas de vocês? Não'. Porque esse rapaz ele diz coisas que, às vezes, assombram até o bolsonarismo na explicitude do preconceito, porque ele se coloca como o bolsonarista raiz da disputa. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

Reinaldo destaca que Marçal segue na disputa baixando o nível e sem ainda apresentar qualquer proposta para a cidade de São Paulo.

Uma figura como essa emerge na política, em tempos de redes sociais ele salta da condição de um vendedor de produtos nas redes. Esse cara emerge na política ... Ele tem um percentual de votos que mobiliza o debate de um jeito que é devastador para qualquer senso racional, apreço à razão. Aí, faz esse negócio: vamos fazer um chá revelação. Infantiliza a política, transforma a política num espetáculo de baixa qualidade, grotesco, como se não houvesse isso o bastante.

E aí, vem com esse negócio: 'Vou denunciar duas pessoas que cheiram cocaína no debate'. E saber que você tem de fazer debate com esse cara. Imagina, havendo gente que cheire cocaína, cometa crime ou não sei o quê, ok. Mas, é essa a proposta? Qual é a proposta desse cara? Minha proposta é denunciar cheiradores de cocaína. Isso é pra movimentar noticiário. Isso destrói a qualidade do debate político. É uma tragédia. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

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