Lula terá reunião ministerial para alinhar futuro e pacificar eleições
O presidente Lula (PT) convocou uma reunião ministerial para esta quinta (8) para alinhar os partidos da base para as eleições municipais e combinar o que vai ser entregue após os cortes no orçamento.
O que aconteceu
A reunião deve apontar para o futuro. Diferentemente do primeiro e único encontro neste ano, em março, quando cada ministro expôs as realizações da sua pasta, este encontro vai voltado ao que os gabinetes pretendem entregar até o fim do governo, em especial após o anúncio do corte de R$ 25,9 bilhões na proposta de orçamento do ano que vem.
Lula anda insatisfeito com o ritmo de entregas. Ele tem cobrado ministros por agilidade e menos anúncios de investimento e mais resultado prático das realizações. Considerando que o segundo semestre de 2026 é eleitoral, o governo considera que entrou nos últimos dois anos.
Estão previstas falas rápidas. Cada ministro deverá fazer sua exposição de 5 a 10 minutos —tempo que, se sabe, nunca é respeitado— com exceção da cúpula do governo, como Rui Costa (Casa Civil), que fala de PAC; Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que tratará das prioridades no Congresso; Fernando Haddad (Fazenda), com a estratégia econômica; e o próprio Lula e seu vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Lula quer menos promessas e mais ações. Segundo pessoas do Planalto, embora os ministros devam apontar para o futuro, o presidente deverá cobrar ações concretas. Tanto em reuniões como publicamente, o petista tem repetido que só se deve anunciar o que vai ser entregue.
A avaliação é que já está na hora de imprimir uma marca. Até então, a gestão tem sido marcada pela reconstrução do legado deixado por Jair Bolsonaro (PL), mas aliados já dizem que falta ao terceiro governo de Lula um rosto próprio, como foi o Bolsa Família no mandato anterior.
Também devem ser apresentadas previsões. Auxiliares de ministros dizem que as pastas devem entregar ao presidente não só o que deverá ser feito, mas quando. O objetivo é que Lula alinhe sua agenda a estes lançamentos pelo país —algo que já estava planejado para este ano, mas não tem acontecido.
Tudo isso tem de ser feito sob a luz do corte de gastos. Lula deverá reforçar a necessidade de seguir a meta fiscal e apontar, junto à equipe econômica, que as pastas terão de se virar para seguir com investimentos sociais e de crescimento mesmo com a redução de quase R$ 26 bilhões no orçamento.
Pacificar as eleições
As eleições municipais devem fazer parte na conversa. Segundo pessoas que devem acompanhar o encontro, um dos objetivos é que haja um alinhamento pacífico para o pleito num governo que verá parte de seus dez partidos serem concorrentes diretos em cidades importantes.
O propósito é que as disputas não atinjam o governo. Em São Paulo, por exemplo, o PT está com Guilherme Boulos, filiado ao PSOL, da ministra Sônia Guajajara, que enfrenta o prefeito Ricardo Nunes, do MDB, com três ministros em seu partido, e Tabata Amaral (PSB), companheira de partido do vice-presidente —os enfrentamentos se repetem em praticamente todas as capitais.
Não haverá proibição. Lula deverá "liberar" para que seus ministros subam no palanque de quem quiserem. Em São Paulo, Alckmin deverá estar no palanque de Tabata, que tem, inclusive, a esposa do ministro Márcio França (Microempresas), Lúcia França, como vice.
Só Bolsonaro está totalmente vetado. Essa orientação não vai ser falada explicitamente, mas está dado que o presidente não quer nenhum ministro em palanque com o adversário político. Ainda na capital paulista, a ministra Simone Tebet (Planejamento), do MDB, já avisou que pode dar apoio a Nunes, mas não aparecerá ao lado do ex-presidente, que o apoia na cidade.
Isso serve ainda mais para ministros do centrão. Os ministros do União Brasil, do PP e do Republicanos devem tomar ainda mais cuidado, dado que até que há uma ou outra aliança entre PT e PL nas coligações regionais, mas são raras, enquanto com estes três partidos são maioria, em especial em áreas caras a Lula, como a região Nordeste.
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