5.466 vidas.
É essa a contagem oficial das vítimas da covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, no Brasil até a última quarta (29). Mas esse número é subestimado — do ponto de vista da matemática e também do drama que os dígitos são incapazes de traduzir.
No que se refere às contas, o número governamental está defasado por ignorar quem deixou de respirar antes de o resultado do exame ficar pronto e confirmar a infecção por coronavírus. E também por excluir quem morreu em casa sem direito a atendimento médico, internação e testagem — sem direito mesmo de virar estatística oficial.
E sob a ótica da dor, os números, que podem parecer pequenos em um país de 210 milhões de pessoas, são na verdade limitados e cruéis: enterram debaixo de cifras coletivas histórias individuais de gente como a sargento Magali Garcia, que não fará 47 anos, ou o advogado Maurício Suzuki, morto dias após o 26º aniversário.
Segundo o Ministério da Saúde, 60% das vítimas da covid-19 eram brancas, 32% pardas e 6%, pretas. 30% tinham menos que 60 anos. Todos tiveram os planos interrompidos por uma doença que ainda não tem cura, mas para a qual há prevenção: o distanciamento social e o fornecimento de equipamentos de proteção para quem precisa continuar trabalhando.