Bolsonaro mostra remédio feito com hidroxicloroquina em reunião do G20
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deixou à mostra uma caixa de um remédio feito com hidroxicloroquina, substância que ainda está em fase de testes no combate ao coronavírus, durante reunião com líderes do G20. O encontro foi realizado hoje de forma virtual.
A hidroxicloroquina é amplamente utilizada no combate ao lúpus e à artrite reumatoide e tem sido estudada como um potencial agente de combate à pandemia do coronavírus. Mesmo sem comprovação quanto à eficácia, Bolsonaro tem se revelado um entusiasta da substância.
Ontem (25), pelo Twitter, o presidente afirmou que remédios com hidroxicloroquina e azitromicina "têm se mostrado eficaz nos pacientes ora em tratamento". "Nos próximos dias, tais resultados poderão ser apresentados ao público, trazendo o necessário ambiente de tranquilidade e serenidade ao Brasil e ao mundo", escreveu o mandatário.
Na contramão das manifestações de Bolsonaro, o Ministério da Saúde pediu que a população não use o medicamento como medida de prevenção, tanto da hidroxicloroquina quanto de uma substância derivada, a cloroquina. Ambas estão em fase de testes.
A corrida de pessoas sem doenças que precisam de uso contínuo dos remédios, como lúpus e artrite, às farmácias fez com que a cloroquina sumisse das prateleiras. O ministério foi obrigado a emitir um alerta contra a automedicação.
Também ontem, a pasta informou que vai começar a aplicar hidroxicloroquina em casos graves de covid-19. O tratamento será específico de curto prazo para oferecer "alguma alternativa" para os doentes.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, observou que, apesar do uso da substância na resposta aos casos mais graves, a hidroxicloroquina não deve ser utilizada de forma irresponsável e em casa.
"Usar esse medicamento fora do ambiente hospitalar não é seguro. Deve ser feito em condições de segurança e acompanhamento médico, porque pode ter alterações no ritmo do coração."
Reuquinol 400 mg
O remédio que Bolsonaro exibiu durante o encontro com os líderes do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo, é o Reuquinol (caixa de 400 mg). Segundo a fabricante, a Apsen, o medicamento é vendido com prescrição e é indicado para:
- Afecções reumáticas e dermatológicas (reumatismo e problemas de pele);
- Artrite reumatoide (inflamação crônica das articulações);
- Artrite reumatoide juvenil (em crianças);
- Lúpus eritematoso sistêmico (doença multissistêmica);
- Lúpus eritematoso discoide (lúpus eritematodo da pele);
- Condições dermatológicas (problemas de pele) provocadas ou agravadas pela luz solar
O Planalto ainda não esclareceu o motivo pelo qual o presidente brasileiro exibiu a caixa de Reuquinol no decorrer da reunião.
Após o encontro virtual, o G20 anunciou um investimento de R$ 5 trilhões na economia global para enfrentar os efeitos da crise que tem se alastrado pelo mundo devido ao avanço do coronav´vírus.
A injeção de recursos abrangerá políticas fiscais direcionadas e medidas de garantia no enfrentamento de "impactos sociais, econômicos e financeiros da pandemia".
"A magnitude e o escopo dessa resposta colocará a economia global em pé novamente e estabelecerá uma base sólida para a proteção do emprego e a recuperação do crescimento", informaram os membros do G20 em uma declaração conjunta.
Bolsonaro ainda não se manifestou sobre a participação na teleconferência. Ele vem sendo criticado no Brasil e na comunidade internacional pela postura negacionista em relação à gravidade do coronavírus.
Ontem, o presidente brasileiro disse que pretende alterar o tipo de quarentena que tem sido recomendada para impedir que o coronavírus se espalhe ainda mais pelo país. Segundo ele, a ideia é incentivar um "isolamento vertical", e não o "horizontal", como estaria ocorrendo.
O mandatário defendeu que a medida seja adotada a idosos e pessoas do grupo de risco, e que parte dessa responsabilidade cabe aos filhos. Também criticou o Congresso, voltou a atacar os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), e disse que até mesmo a "normalidade democrática" estaria sob ameaça.
As declarações ocorreram na saída do Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, um dia após Bolsonaro ter feito pronunciamento em que defendeu o fim das medidas de quarentena nas cidades, adotando postura na contramão das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.