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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quinta-feira (02)

João Doria (PSDB), governador de São Paulo, retribuiu elogio de Lula - Pier Marco Tacca/Getty Images
João Doria (PSDB), governador de São Paulo, retribuiu elogio de Lula Imagem: Pier Marco Tacca/Getty Images

Do UOL, em São Paulo

02/04/2020 15h00

A quinta-feira no Brasil mais uma vez está sendo marcada pela expectativa em relação ao avanço da pandemia do novo coronavírus e às medidas econômicas que tentam minimizar os efeitos no bolso da população. Enquanto o Ministério da Saúde busca viabilizar mais testes para ter um panorama mais claro em relação ao número de casos e mortes no país, o Ministério da Economia tenta tirar do papel o coronavoucher e lida com críticas quanto à medida provisória 936 que regula a possibilidade de suspensão de contrato e a redução de jornada e salários.

Publicada ontem, a MP permite que empresas reduzam em até 70% a jornada e salários de funcionários, sem participação de sindicatos, por até três meses. Outra possibilidade prevista no texto é suspender totalmente o contrato de trabalho e o pagamento em até dois meses. Em ambos os casos, o trabalhador receberá um benefício calculado com base no seguro-desemprego, em parte ou na íntegra, pago pelo governo como compensação.

A medida foi melhor recebida do que a MP 927, revogada por não especificar as contraprestações do Governo Federal. Mas não escapou de resistência. A Rede Sustentabilidade acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) para pedir a suspensão de parte da MP, solicitando que a corte barre o trecho que permite a suspensão de contratos de trabalho por até 60 dias com base em acordos individuais. Já a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) divulgou uma nota oficial na qual diz: "a medida coloca pessoas com medo para negociarem sozinhas".

Em outra frente, o Governo ainda trabalha em cima do chamado coronavoucher, auxílio emergencial de R$ 600 a trabalhadores afetados pela pandemia do coronavírus. Apesar de já sancionada, a medida ainda depende de publicação no Diário Oficial da União. Segundo o presidente Jair Bolsonaro, "a burocracia é enorme" e qualquer erro por parte dele poderia resultar em crime de responsabilidade. Ele tentou passar uma mensagem otimista: "Está a todo vapor. Semana que vem começa a pagar."

Quem mais uma vez criticou a demora na liberação dos recursos foi o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). "O governo demorou, não fez de forma sistêmica um pacote organizado", afirmou o deputado durante uma conversa transmitida online com a economista-chefe do banco Santander, Ana Paula Vescovi.

Coronavírus liga alerta pelo mundo

Qual o número real de casos no Brasil?

O Ministério do Saúde começou a distribuição de 500 mil testes rápidos para o diagnóstico do novo coronavírus em todo o país. A medida ajudará em um dos problemas levantados pelo ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta: a de que o número de casos confirmados oficialmente é, em suas palavras, "muito menor" do que o número real de pessoas infectadas na sociedade.

A região Sudeste, por exemplo, tem 295 casos de mortes suspeitas pela doença que ainda aguardam resultados de testes. Esse número é maior do que os 241 óbitos confirmados pelo Ministério de Saúde no país inteiro até ontem. E a quantidade de vítimas suspeitas de terem o novo coronavírus pode ser ainda maior, segundo dados de funerárias e cemitérios do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O Ministério da Saúde atualizará na tarde de hoje o número de casos e óbitos com a pandemia. Pela manhã, os estados de Sergipe e Espírito Santo registraram as primeiras mortes em cada estado por covid-19.

Já o Rio de Janeiro tem uma notícia preocupante. Pelo menos seis comunidades já relataram pacientes com covid-19. Maguinhos e Padre Miguel registram 3 casos oficiais cada de contágio pelo novo coronavírus. Já na Cidade de Deus, Complexo do Alemão, Madureira, Mangueira, Vidigal e Parada de Lucas possuem 1 caso oficial cada.

Afagos entre Doria e Lula

Na cena política, o dia ficou marcado por uma troca de afagos entre o governador de São Paulo João Doria e o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois são adversários políticos, mas Doria retribuiu um elogio de Lula à postura de governadores e prefeitos.

"Temos muitas diferenças. Mas agora não é hora de expor discordâncias. O vírus não escolhe ideologia nem partidos. O momento é de foco, serenidade e trabalho para ajudar a salvar o Brasil e os brasileiros", escreveu Doria.

O que une os dois no momento é a insatisfação em relação à postura de Bolsonaro com a crise. Outro crítico do presidente, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), afirmou na manhã de hoje que os governadores das regiões sul e sudeste do país pretendem apresentar uma petição conjunta no STF (Supremo Tribunal Federal).

O documento já estaria redigido e seria apresentado na próxima semana, caso Bolsonaro não atenda às solicitações econômicas de combate ao coronavírus apresentadas em uma carta já entregue pelos governadores. De acordo com Witzel, o documento também pode ganhar a adesão dos governantes da região centro-oeste do Brasil.

Equador enfrenta crise no sistema funerário; Espanha registra 950 mortes

No cenário internacional, as situações de Itália e Espanha seguem preocupantes. Mas o que mais chamou a atenção neste dia é a crise iniciada no sistema funerário do Equador.

O governo do país informou que removeu 150 cadáveres que estavam em várias casas em Guayaquil depois do caos ocorrido naquela cidade devido à pandemia do novo coronavírus que atrasou esse serviço. As autoridades não confirmaram quantas vítimas da covid-19 estão entre estes mortos.

Na Espanha, mais um dia de triste recorde com o registro de 950 mortes nas últimas 24 horas, o maior número diário desde o início da pandemia do novo coronavírus. Ao todo, o país contabiliza mais de 10 mil óbitos em decorrência da covid-19 e os casos confirmados alcançaram 110.238. Preocupa ainda o alto índice de pessoas hospitalizadas: 54.113.

A Itália, por sua vez, voltou a registrar alta no número diário de mortes. Segundo balanço divulgado pela Defesa Civil, o país contabilizou mais 760 óbitos, contra 727 da última quarta (1º). Com isso, o total de falecimentos na Itália subiu para 13.915.

O coronavírus também se alastra pelos Estados Unidos. O número de mortos por covid-19 passou dos 5 mil ontem, segundo contagem realizada pela Universidade Johns Hopkins.

Neste cenário, a boa notícia vem de Israel. Uma equipe de cientistas do país disse que está a poucos dias de completar a produção de uma vacina oral para o novo coronavírus. A expectativa é que o teste em humanos comece no dia 1º de junho.

Em entrevista ao jornal "The Jerusalem Post", o doutor Chen Katz, líder do grupo de biotecnologia Migal, disse que o componente ativo da vacina ficará pronto em pouco tempo. "Nós estamos nos estágios finais e em poucos dias nós teremos as proteínas - componente ativo", contou.

Jazzista Ellis Marsalis morre aos 85 anos

O jazzista Ellis Marsalis morreu ontem aos 85 anos depois de contrair o novo coronavírus, anunciou seu filho Branford. O aclamado pianista e professor - que participou em dezenas de álbuns ao longo de uma carreira que se prolongou por várias décadas - era o pai do trompetista Wynton e do saxofonista Branford.

Já a atriz americana Ali Wentworth confirmou na madrugada de hoje que contraiu covid-19 e compartilhou, no Instagram, os sintomas que tem sentido. Segundo o relato, a covid-19 a fez sentir doente como nunca antes. "Eu tive teste positivo para o coronavírus. Nunca me senti tão doente. Febre alta. Dores corporais horríveis. Peito pesado. Estou em quarentena da minha família", escreveu a atriz.

O mágico inglês Steven Frayne, conhecido como Dynamo, também foi diagnosticado com o novo coronavírus depois de apresentar sintomas "graves". Ele compartilhou a notícia com os fãs em um vídeo no Instagram e disse que tem problemas de saúde preexistentes e está em "terapia imunossupressora".