Topo

Esse conteúdo é antigo

Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta segunda-feira (11)

Do UOL, em São Paulo

11/05/2020 16h09Atualizada em 11/05/2020 19h40

São Paulo segue como o epicentro do novo coronavírus no Brasil e entra em uma semana chave para definir seus rumos. Na capital do estado, teve início um rodízio veicular mais rígido, buscando aumentar a taxa de isolamento social, considerada fundamental para reduzir o contágio da covid-19. O dia começou com resultados aquém do esperado, mas com o decorrer da manhã a prefeitura afirmou que houve melhora com a medida.

Desde o início do dia de hoje, em São Paulo, os veículos estarão liberados para trafegar pela maior cidade do país dia sim, dia não, de acordo com o final de sua placa. Números ímpares só podem circular nos dias ímpares e números pares apenas nos dias pares.

A restrição de tráfego terá validade todos os dias, inclusive finais de semana e feriados. Além disso, ela irá durar 24 horas por dia. Quem desobedecer a regra será multado em R$ 130,16 e o motorista ganhará quatro pontos em sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação).

O secretário de Mobilidade e Transportes da cidade de São Paulo, Edson Caram, disse na TV Globo, hoje, que houve efeito positivo

A avaliação foi extremamente positiva em cima dos dados que nós temos até agora. Pelo que deu para se apurar, realmente um trânsito bem melhor, as ruas bem mais vazias e sem impacto nenhum no transporte coletivo. O pessoal está atendendo aos anseios de ficar em casa e deixar a cidade vazia e limpa para os prestadores de serviços essenciais"

Os números do Brasil

O Brasil chegou hoje a 11.519 mortes pelo novo coronavírus, segundo os últimos dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Foram 396 óbitos confirmados nas últimas 24 horas.

A pasta também anunciou que, até o momento, o país contabilizou 168.331 casos confirmados de covid-19. De ontem para hoje, foram 5.632 novos diagnósticos. A taxa de letalidade é de 6,8%.

De acordo com simulações feitas por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e publicadas ontem pelo jornal "O Globo", o número de mortes pela doença pode dobrar em 20 dias.

O estado de São Paulo é o que mais apresenta notificações, com 46.131 casos e 3.743 mortes, seguido por Rio de Janeiro (17.939 diagnósticos e 1.770 óbitos) e Ceará (17.599 casos e 1.189 mortes).

Problemas nos transplantes

O setor de transplantes renais do Hospital das Clínicas de São Paulo interrompeu os trabalhos no fim de abril depois que a maioria dos pacientes foi contaminada pelo novo coronavírus. A principal suspeita: os doentes estavam sendo infectados acidentalmente pelos profissionais da saúde. O problema é que não se sabe dizer como esta combinação estava acontecendo, de acordo com o hospital.

Vista aérea do Hospital das Clínicas de São Paulo - Divulgação - Divulgação
Vista aérea do Hospital das Clínicas de São Paulo
Imagem: Divulgação

"Cessamos a atividade de transplantes até que nós entendamos como está acontecendo a contaminação desses pacientes que chegam negativos e que viram positivos", disse Elias David Neto, chefe do Transplante Renal do HC. O médico contou que dos sete residentes em transplantes no HC, cinco "deram positivo para covid-19".

Atualmente, 143 pessoas estão afastadas por suspeita de covid-19, "1% dos 20 mil funcionários", diz o hospital. Esse número, no entanto, era de 340 em 15 de abril. "Os trabalhadores não estão sendo testados", diz o Sindicato dos Trabalhadores Públicos de Saúde.

Bolsonaro ampliará serviços essenciais

O presidente Jair Bolsonaro disse ontem que vai ampliar o rol de atividades essenciais durante a pandemia da covid-19, ou seja, autorizadas a funcionar a despeito das medidas de distanciamento social.

Amanhã (hoje) devo botar mais algumas profissões como essenciais. Vou abrir, já que eles não querem abrir, a gente vai abrindo aí"

Na última quinta-feira (7), Bolsonaro decretou que as atividades industriais e a construção civil também são essenciais em meio ao avanço do novo coronavírus. Ao serem classificados como essenciais, as atividades e serviços podem continuar em operação mesmo na quarentena.

Alerta alemão: país afrouxa isolamento e disseminação sobe

A taxa de reprodução do coronavírus, responsável por indicar o potencial de disseminação do vírus, voltou a ficar acima de 1,0 e subiu pelo segundo dia consecutivo após o relaxamento de medidas de confinamento na Alemanha. O instituto de controle de doenças afirma ser necessário observar com atenção o que ocorrerá nos próximos dias.

Dados divulgados pelo RKI (Instituto Roberto Koch) — órgão responsável pelo controle e prevenção de doenças no país — divulgados nesta segunda-feira (11) revelam que a chamada taxa de reprodução do vírus chegou a 1,13 no domingo, após o 1,1 registrado no sábado (9). Na sexta-feira, a taxa era de 0,83.

A taxa de reprodução indica o potencial de disseminação do vírus e é uma referência essencial para o trabalho do RKI, que lidera as pesquisas científicas sobre a pandemia na Alemanha. Os dados de hoje significam que cada pessoa infectada transmite a doença para uma outra pessoa. Quando a taxa é menor do que 1, isso significa que cada vez menos pessoas são infectadas, e o número total de contaminados diminui.

Londres também chamou atenção, mas foi devido à lotação dos metrôs. Algumas estações tiveram hoje uma movimentação semelhante àquela vista em dias normais antes da pandemia do novo coronavírus. O aumento do fluxo ocorre um dia depois de o primeiro-ministro britânico Boris Johnson anunciar medidas de relaxamento do isolamento social na Inglaterra.

londres - Reprodução - Reprodução
Metrô cheio em Londres
Imagem: Reprodução

Wuhan tem novos casos

A China registrou cinco novos casos de coronavírus na província de Hubei, no centro do país, informou a Xinhua, agência estatal de notícias da China.

Todos os casos de covid-19 foram transmitidos domesticamente na capital da província, em Wuhan, epicentro original da doença. No fim de semana, Wuhan registrou o primeiro caso do novo coronavírus desde o dia 3 de abril. Wuhan começou a reabrir suas fronteiras no dia 8 de abril, após 76 dias de lockdown.

Enquanto isso, estudantes de Pequim voltaram às escolas hoje equipados com uma pulseira eletrônica que emite um alerta em caso de febre. Seus pais e escolas podem monitorar sua situação por meio de um aplicativo por celular, de acordo com o jornal Beijing Daily.

Brasileiros buscam vacina única para covid e gripe

Na corrida para a vacina contra o novo coronavírus, um projeto de Minas Gerais pretende desenvolver uma versão bivalente, que protegeria do vírus da gripe e do Sars-CoV-2. Ricardo Gazzinelli, professor da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), pesquisador da Fiocruz e coordenador do INCTV (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas) explica que isso pode vir só em 2021, mas é otimista, inclusive quanto à produção no Brasil em caso de sucesso.

Ricardo Gazzinelli é um dos líderes de um dos projetos brasileiros de vacina contra o coronavírus - UFMG - UFMG
Ricardo Gazzinelli é um dos líderes de um dos projetos brasileiros de vacina contra o coronavírus
Imagem: UFMG

"O Instituo Butantan já tem a fábrica de vacina de influenza para campanha pública. Eles produzem dezenas de milhões, talvez até cem milhões de doses. Então, se funcionar essa vacina do influenza e passar por todas as etapas, a parte de produção já estamos mais ou menos resolvidos, talvez não vai ter nem que ampliar a fábrica", afirmou ele.

"Acho que esse ano ainda vai ser difícil ter algo concreto, mas, sendo otimista, no primeiro semestre do ano que vem podemos esperar por algo", adicionou.

Bebê usa máscara de proteção e mãe elogia

Em meio às notícias complicadas de uma pandemia, chamou a atenção a foto de um bebê com uma máscara em um hospital de Brasília. O equipamento foi criado pelo Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), unidade da rede pública e referência em casos de covid-19, que realiza partos de mães com diagnóstico positivo ou ainda em investigação do novo coronavírus.

bebê - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

"Eu achei maravilhosa, porque essa mascarazinha protege bastante. É uma forma muito útil de eles não contraírem esse vírus. Elas são reguláveis, e quando ele vai mamar, eu tiro. Mas quando acaba, eu coloco de novo", explicou a mãe do bebê.

Você sabia? Ajudar faz bem!

"Está na essência do ser social o fazer pelo outro. Fazer pela comunidade é se ajudar". É isso que explica a neurocientista Roberta Cysneiros, diretora do Laboratório de Neurobiologia da Universidade Mackenzie. E isso significa que tentar fazer algo a mais pelos outros pode trazer benefícios a si próprio, principalmente nestes tempos de pandemia e quarentena.

Da perspectiva da evolução, espécies que vivem em sociedade tem mais chances de sobreviver. Constituir vínculos é necessário para fazer parte de um grupo e, assim, aumentar as chances de proteção, de procriação.

Viver em sociedade é complexo, demanda desgaste e dificuldades. Por isso a recompensa: é uma ferramenta evolutiva para garantir o convívio - a gratificação em dar é, muitas vezes, maior que a de receber".

Como será o futuro?

A pandemia está remodelando a forma como nos relacionamos com o mundo, com os outros e com nós mesmos.

Mundo Pós-Covid-19: Pascal Finette e Jeffrey Rogers sobre líderes do futuro -  -

Ecoa ouviu pessoas de diferentes áreas para saber o que elas estão pensando ao imaginar o mundo pós-covid-19. É um exercício para tentar dar uma cara a esse futuro que nos espera - e assusta. A crise global vai trazer inúmeros impactos negativos. Além das mortes, corremos o risco de uma recessão generalizada aumentar a desigualdade social e deixar pessoas em vulnerabilidade em situação ainda mais crítica, para citar alguns deles. Mas também podem surgir oportunidades.

Pelo olhar dos especialistas, no lugar onde vamos desembarcar, o professor, a ciência e o feminismo são valorizados, buscamos o essencial, as relações são mais empáticas e teremos a chance de criar novas narrativas para o conceito de humanidade. É possível enxergar beleza em meio ao caos.