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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (13)

Do UOL, em São Paulo

13/05/2020 13h09Atualizada em 13/05/2020 19h22

A pandemia do novo coronavírus e segue disputando espaço com os problemas políticos do país, que têm como centro a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em relação à Polícia Federal, e as acusações de interferência do ex-ministro da Justiça Sergio Moro.

Hoje, ao mesmo tempo em que falou que seus adversários "vão cair do cavalo" em relação ao vídeo da reunião ministerial que pode incriminá-lo, Bolsonaro voltou a falar contra o isolamento social: "Quem não quiser trabalhar, que fique em casa".

Sem posicionamento federal em relação à quarentena, o Brasil segue colhendo as consequências do isolamento frouxo que permite o avanço da covid-19. Hoje foram registradas mais 749 mortes pela doença no país, abaixo da máxima de 881 divulgada ontem pelo Ministério da Saúde.

O último levantamento aponta 13.149 mortes pelo coronavírus no Brasil, além de 188.974 casos confirmados. Foram 11.385 novos diagnósticos nas últimas 24 horas. O número de recuperados é de 78.424.

Já são mais de mil cidades com mortes no Brasil, sendo que Amazonas, Amapá e Rio de Janeiro possuem um dado em comum com relação à mortalidade de habitantes por coronavírus. Os três estados contabilizam mais de 50% de suas cidades com casos de óbitos.

O Amazonas convive com colapso do sistema de saúde e a falta de leitos de UTI para todos os pacientes. A capital Manaus é a quarta em número de mortos em todo o país.

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Dados coletados no dia 12/05, às 19h. Fonte: Ministério da Saúde, secretárias estaduais e Brasil.io
Imagem: Judite Cypreste/UOL

Mortes em casa sobem

As oito capitais de estados, incluindo Rio de Janeiro e São Paulo, que registram as maiores taxas de ocupação de leitos hospitalares em decorrência da pandemia da covid-19 tiveram uma alta de 80% no número de mortes ocorridas em casa em abril, em comparação ao mesmo mês em 2019.

No mês passado, foram registradas 3.816 mortes "em domicílio", contra 2.119 no mesmo período no ano passado. Os dados constam no Portal da Transparência da Arpen Brasil (Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais) e têm como fonte as certidões de óbito emitidas pelos cartórios de todo o país.

Para especialistas, esse aumento é reflexo do avanço do coronavírus e da sobrecarga dos serviços de atendimento. Há relatos de doentes que demoram a buscar um hospital por medo de contaminação.

Bolsonaro volta a contrariar recomendações da OMS

O presidente da República afirmou hoje que devem ficar em casa no período de isolamento social as pessoas que não quiserem trabalhar. A fala vai contra a recomendação do Ministério da Saúde e da OMS de que a quarentena é a medida mais eficaz para desacelerar a disseminação do coronavírus.

O povo tem que voltar a trabalhar. E quem não quiser trabalhar, que fique em casa. Ponto final".

Bolsonaro acrescentou: "No meu entender, desde o começo, deveria ser o (isolamento) vertical, cuidar das pessoas do grupo de risco e botar o povo pra trabalhar (...). No Brasil, no meu entender, o movimento errado é se preocupar apenas com a questão do vírus, tem o desemprego do lado. A esquerda tá quietinha. O povo precisa trabalhar. Ficar em casa pra quem pode, legal, mas quem não tem condições, isso é desumano. O cara tem que trabalhar".

Presidente volta a indicar cloroquina

Jair Bolsonaro disse hoje que vai discutir a ampliação do uso da cloroquina e da hidroxicloroquina em pacientes com covid-19 com o ministro da Saúde, Nelson Teich. Alegando que existem médicos com o entendimento de que o uso da cloroquina é adequado, Bolsonaro citou que ela deveria ser usada desde o início do tratamento, especificamente em grupos de risco. Ontem, Teich afirmou que pacientes devem "entender os riscos" de usar o medicamento.

"Vai ser discutido hoje com o ministro. O meu entendimento, ouvindo médicos, é que ela deve ser usada desde o início para quem está no grupo de risco, pessoas com comorbidades, com idade...", completou.

No entanto, um estudo publicado ontem no Journal of the American Medical Association (JAMA) aponta que a hidroxicloroquina não é capaz de evitar mortes pela covid-19 e ainda pode causar problemas no coração, tanto sozinha como quando associada à azitromicina.

Raio-X da crise mundial

"A covid-19 virou o mundo de cabeça para baixo". É de uma forma pouco ortodoxa que começa o informe de mais de 30 entidades internacionais que, juntas, tentam desenhar a atual situação e fazer um raio-X de um paciente: o mundo.

Alguns números econômicos surpreendentes publicados hoje incluem uma queda anual de 9% na produção global e na produção manufatureira. Para o segundo trimestre, a queda do comércio deve ser de 27%, algo inédito em gerações. Também se estima que haverá a maior queda nos preços globais de commodities, de 20,4%, o que deve gerar um impacto negativo para o Brasil.

Cerca de 1,6 bilhão de estudantes foram afetados pelo fechamento de escolas e a crise vai empurrar até 60 milhões de pessoas para a pobreza extrema, um cenário jamais visto em apenas um ano e revertendo uma década de avanços sociais.

A crise é maior que o colapso dos bancos em 2008, que o impacto do terrorismo em 2001 ou que a quebra dos mercados asiáticos em 1998.

A crise no Brasil: expectativa do PIB piora

O governo piorou sua expectativa para o desempenho da economia neste ano e agora passou a ver um PIB (Produto Interno Bruto) de -4,7% em 2020. A projeção anterior, publicada em março, era de leve alta de 0,02%. Em valores reais, o governo prevê que o PIB de 2020 alcance R$ 7,155 trilhões.

Além disso, a previsão para a inflação oficial passou de 3,05% ao final do ano para 1,77%, abaixo da meta oficial do governo, que é de 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos, ou seja, podendo variar entre 5,5% e 2,5%

Um estudo da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia, divulgado hoje, estimou que o custo do isolamento social para economia é de R$ 20 bilhões por semana. O estudo afirma que os impactos econômicos são diretamente relacionados à determinação do isolamento social e podem ser decompostos em três pontos: impacto imediato diante das restrições à produção e ao consumo; duração do período de recuperação; impacto sobre a trajetória de longo prazo da economia.

Favelas buscam solução para reerguer comércio

A distribuição de cestas básicas é necessária para reduzir os efeitos da crise do coronavírus em comunidades pobres. Mas a distribuição de alimentos acabou levando ao comércio das periferias e favelas um indesejado efeito secundário: afetou as vendas locais, já derrubadas pela crise.

A equação é simples: ao receber o auxílio, o morador beneficiado deixa de se abastecer localmente, e aí o comércio fica parado. Pensando nisso, a Cufa (Central Única das Favelas), criou o projeto Cestas Digitais, uma forma ajudar moradores e comerciantes ao mesmo tempo. A ideia é pedir doação de dinheiro, em vez de cestas físicas. As doações são auditadas para garantir que não haja desvios.

Desde o começo da pandemia, a entidade estima ter recebido e doado 700 toneladas de alimentos. "Quem recebe obviamente deixa de comprar. As Cestas Digitais são uma transferência de renda, de dinheiro, para que as pessoas contempladas se abasteçam na própria favela", afirma Celso Athayde, criador da Cufa.

Índios se isolam

A epidemia de coronavírus pode ter consequências dramáticas para os povos indígenas da Amazônia, que já começam a contar os primeiros mortos pela covid-19. Nessa região, o sistema de saúde está à beira do colapso, e as comunidades se protegem aplicando o isolamento social. Mas ao vírus se sobrepõe o problema recorrente da invasão de terras pelos garimpeiros, grileiros e madeireiros ilegais, gerando conflitos e riscos sanitários.

Região do Norte do País, onde concentram-se maior número de povos indígenas no país, sofre com alerta e subnotificação de dados - Alex Pazuello/Prefeitura de Manaus/Agência Câmara de Notícias - Alex Pazuello/Prefeitura de Manaus/Agência Câmara de Notícias
Região do Norte do País, onde concentram-se maior número de povos indígenas no país, sofre com alerta e subnotificação de dados
Imagem: Alex Pazuello/Prefeitura de Manaus/Agência Câmara de Notícias

Em São Gabriel da Cachoeira, a 852 km de Manaus, um carro de som passa pelas ruas anunciando em vários idiomas indígenas as recomendações para combater o coronavírus. Nesse município, considerado "o mais indígena do Brasil", 90% dos 45 mil habitantes são indígenas, de 23 comunidades diferentes. No início do mês de maio, os primeiros casos de coronavírus começaram a ser confirmados na cidade, e os dados são assustadores.

O secretário municipal de saúde, Ângelo Quintanilha, aponta que o índice de mortalidade pela covid-19 no município é muito alto, em torno de 10%. Um índice superior ao de Manaus, em torno de 8%. Para tentar evitar o contágio, os povos indígenas da Amazônia têm se isolado, colocando barreiras nas entradas das aldeias.

Cidade baiana decreta toque de recolher

A Prefeitura de Itabuna (BA) publicou ontem um decreto que proíbe a circulação e a permanência de pessoas em parques, praças, ruas e logradouros entre 20h e 5h. A medida já está em vigor e valerá até 21 de maio.

Somente poderão funcionar durante o toque de recolher, as farmácias 24 horas, delivery de alimentação e de medicamentos, unidades de saúde e delegacias. Motoboys que fazem delivery deverão ser cadastrados para não descumprirem o decreto.

Bebê de três dias morre de covid

Um bebê de apenas três dias morreu em um hospital do Reino Unido após contrair o novo coronavírus. Ele foi infectado pela mãe, que pegou a doença durante a gestação.

Coolio Carl Justin Morgan nasceu com os batimentos cardíacos baixos e morreu em 5 de maio após ser transferido para um outro hospital.

Tem gente furando a quarentena pra transar...

Apesar de ser sabido que a prática aumenta as chances de contaminação — e que pode colaborar sensivelmente para o aumento da circulação do vírus nas cidades, há muita gente furando a quarentena para ter relações sexuais.

Por que tem gente furando a quarentena pra transar -- e por que isso é ruim -  PAVEL IARUNICHEV Getty Images -  PAVEL IARUNICHEV Getty Images
Imagem: PAVEL IARUNICHEV Getty Images

As "escapadinhas" envolveram até um assessor do governo britânico. O epidemiologista Neil Ferguson foi coautor de um relatório que previa até meio milhão de mortos pela covid-19 se não houvesse uma quarentena mais rígida, mas ele mesmo violou a regra para receber a namorada em casa.

Nas redes sociais, há um monitoramento constante de quem está fazendo festas ou encontros escondidos na quarentena. Recentemente, até a Anitta entrou no radar, após aparecer com um "contatinho" nos Stories.

A psicanalista e escritora Regina Navarro diz que está rolando uma hiperdimensionamento do nosso instinto sexual na quarentena, mas relembra a importância do isolamento.

Você pode ter vontade de ter sexo, sentir calor do corpo da pessoa, mas se você pode se masturbar, você tem um alívio sexual. De alguma forma, você consegue descarregar essa energia. Vá para internet, se masturbe. Não acredito que alguém vai surtar com isso"

Quarentena animal: Cabras invadem cidade na Califórnia

Cerca de 200 cabras escaparam de um pasto atrás de um bairro residencial em San José, no estado da Califórnia, nos EUA e fugiram em direção às casas. A cena do rebanho andando pela vizinhança durante a quarentena do coronavírus foi registrada por um homem que voltava de uma loja.

O morador Terry Roelands disse em entrevista à NBC que ontem, uma cabra estava comendo flores próxima da cerca elétrica em que estava o rebanho que é usado para conter o crescimento do mato da colina. Um dos animais acabou batendo nela e desativando-a. Elas romperam a cerca, escaparam e desceram para as ruas.