Topo

Esse conteúdo é antigo

Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta sexta-feira (26)

Governador João Doria (PSDB) durante entrevista de imprensa no Palácio dos Bandeirantes - Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo
Governador João Doria (PSDB) durante entrevista de imprensa no Palácio dos Bandeirantes Imagem: Marcello Zambrana/Agif/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo*

26/06/2020 13h51Atualizada em 26/06/2020 20h42

O Brasil teve hoje mais um dia acima de mil mortes causadas por coronavírus registradas pelas secretarias estaduais de saúde. De acordo com levantamento realizado pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, foram 1.055 novos óbitos nas últimas 24 horas, elevando o total acumulado desde o início da pandemia para 56.109.

Chamou atenção o recorde de mortes das regiões Centro-Oeste e Sul (leia mais abaixo sobre o avanço da pandemia nesses locais). A primeira teve 96 óbitos registrados hoje. A segunda, 74. O total de óbitos no Sul subiu 30% na última semana. No Centro-Oeste, o aumento foi de 41,2%.

Já o Ministério da Saúde anunciou que, nas contas do governo, o país está com 55.961 mortes, sendo que 990 registradas nas últimas 24 horas. A Pasta ainda contabilizou mais 46.860 casos de infecção pelo coronavírus, totalizando 1.274.974 diagnósticos desde o começo da crise. Pelos dados do consórcio de imprensa, o número de casos é um pouco maior e chega a 1.279.054. O aumento hoje foi de 46.907 pacientes.

Regiões antes pouco atingidas agora preocupam

Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, a preocupação agora permeia também regiões que em um primeiro momento não foram atingidas com força pela epidemia. Nos últimos dias, estados do Sul e do Centro-Oeste lidam com um aumento expressivo do número de casos de covid-19.

Reportagem do UOL mostrou hoje que, depois de um período de afrouxamento da quarentena, cidades da região Sul retomaram restrições de atividades e circulação. Houve imposição de normas em busca do isolamento social para evitar que o sistema de saúde chegue ao colapso.

Um exemplo é Curitiba, que fechou academias, bares, restaurantes e igrejas neste mês. No final de março, a cidade tinha 97 casos de coronavírus. Em 25 de maio, o número chegou a 961. Mesmo assim, o governo estadual autorizou a reabertura de shoppings e igrejas, por exemplo. Nesta quarta-feira, 24 de junho, o número de infectados chegou 3.773 infectados -aumento de mais de 300% em um mês.

Por conta disso, a capital revive restrições, com mais de mais de 80% dos leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) disponibilizados para pacientes com covid-19 ocupados. Até o momento, o prefeito da capital paranaense, Rafael Greca (DEM), não considera o lockdown.

"Não, de maneira nenhuma (vamos decretar lockdown), vamos nos esforçar para cortar a cadeia de transmissão. Trabalhar com a população para que o isolamento social não seja doloroso", disse Greca em entrevista à CNN Brasil.

Na mesma linha, as outras duas capitais da região, Porto Alegre e Florianópolis, também retrocederam em medidas de abertura econômica para manter a doença sob controle. Segundo o Ministério da Saúde, a região Sul do país é a que tem o menor número de casos da doença no país, o menor índice de infecção e a menor taxa de mortalidade pela doença.

Capital de São Paulo avança de fase

Em São Paulo, o plano de reabertura econômica propiciou que a capital avance uma fase no programa, permitindo agora o funcionamento de mais setores com restrições.

Na fase 3 (amarela) do plano, bares e restaurantes ao ar livre, salões de beleza e barbearias podem reabrir com restrições, como o funcionamento durante seis horas seguidas e limitação de 40% da capacidade total de clientes.

A reabertura ainda depende da aprovação dos protocolos apresentados pelos setores à vigilância sanitária. Entidades representativas já entregaram suas propostas à comissão de saúde e fizeram uma reunião ontem. Porém, o prefeito Bruno Covas (PSDB) disse que vai esperar mais uma semana para reabrir bares e restaurantes.

Mesmo antes do anúncio, a reportagem do UOL constatou que moradores já têm frequentado bares e restaurantes que insistiram em abrir as portas mesmo com as restrições.

De acordo com novo boletim Os casos de covid-19 na capital chegam a 142.750 e as mortes somam 6.834, este futuro já chegou.

Alerta em todo o país

Uma análise dos pesquisadores da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) aponta que nenhum estado apresenta até agora sinais de redução da transmissão de covid-19, permanecendo com um alto número de casos e mortes, mesmo depois de passada a semana de máximo número de casos.

De acordo com os cientistas, esse cenário pode configurar um platô, patamar alto de transmissão que "pode se prolongar indefinidamente".

Os pesquisadores apontam ainda para o risco de flexibilizar o isolamento social nas grandes metrópoles ao passo em que aumenta a interiorização da epidemia.
Usando Pernambuco como exemplo, a análise mostra que a epidemia de coronavírus cresce nos municípios mais dependentes do sistema de saúde das grandes cidades, que correm o risco de ficarem novamente saturados por pacientes de localidades menores.

Recorde de óbitos em casa no Rio

O colapso na rede de saúde pública por conta da covid-19 fez com que maio se tornasse o mês com mais cariocas mortos neste século. A falta de vagas e o medo de procurar hospitais em meio à pandemia fez com que o número de pessoas que morreram em casa na cidade do Rio de Janeiro crescesse 90% em maio.

Segundo dados do SIM (Sistema de Informações de Mortalidade) do Ministério da Saúde, o Rio teve 10.227 mortes em maio —número 93,4% acima da média mensal nas últimas duas décadas. A falta de assistência adequada se reflete também no número de pessoas que morreram em suas próprias casas. Foram 1.561 óbitos nessa situação, contra 820 no mesmo período de 2019.

Os dados consideram todos os óbitos registrados na capital, independente da causa, desde janeiro de 2000. Esses registros são reportados pela SMS (Secretaria Municipal de Saúde). De acordo com especialistas ouvidos pelo UOL, o crescimento expressivo no número de mortes durante a pandemia é resultado do colapso da rede, o que aumenta a vitimização por todas os problemas de saúde, e não só pela covid-19.

Já em Belo Horizonte, a taxa de leitos de UTI ocupados específicos para o combate ao coronavírus bateu recorde. Segundo o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde divulgado ontem, 252 unidades para atender pacientes com quadros graves estavam sendo utilizadas na última quarta-feira (24), o que representa cerca de 85% do total.

É a maior taxa informada desde o início da pandemia. Com isto, o município mineiro tem apenas 15% (45 leitos) dos 297 disponíveis.

PF faz operação no Amapá

A Polícia Federal deflagrou hoje a terceira fase de uma operação que busca desarticular um possível esquema na secretaria de Saúde do Amapá de desvios de recursos repassados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no contexto das ações de enfrentamento à pandemia.

O esquema pode ter causado prejuízo de mais de R$ 4,9 milhões aos cofres públicos, de acordo com a PF.

A ação, batizada de Virus Infectio III, contou com a participação do MPF (Ministério Público Federal) e da CGU (Controladoria Geral da União), e cumpriu cinco mandados de busca e apreensão nas secretarias de saúde e de planejamento do estado, na Procuradoria Geral do Estado, e em residências em Macapá.

Também houve afastamento cautelar do exercício da função pública de servidora do FES (Fundo Estadual de Saúde do Amapá).

Corrida por vacinas

Em sua coluna no UOL, Jamil Chade conta que, após meses esnobando iniciativas da OMS e tecendo críticas à organização e sua direção, o governo brasileiro agora escreve para as principais entidades internacionais na esperança de fazer parte da aliança que está sendo construída para acelerar o desenvolvimento de vacinas e tratamentos.

O Brasil, porém, já foi avisado que terá de contribuir financeiramente. Ao todo, as entidades querem arrecadar US$ 31,3 bilhões nos próximos doze meses para lidar com a pandemia do coronavírus. O grupo admite que o confinamento indefinido de populações como instrumento para lutar contra o vírus não é sustentável, ainda que tenha sido fundamental.

O projeto quer distribuir 500 milhões de testes até meados de 2021 aos países em desenvolvimento e 2 bilhões de doses de vacina, além de 245 milhões de tratamentos. Para o grupo, a aliança precisará imediatamente de US$ 13,7 bilhões.

Segundo Soumya Swaminathan, a principal cientista da Organização Mundial da Saúde (OMS), a candidata à vacina contra a covid-19 da AstraZeneca é provavelmente a mais adiantada no mundo e a mais avançada em termos de desenvolvimento.

Feita em parceria com a Universidade de Oxford, ela está na Fase 3 de desenvolvimento e começou a ser testada nesta semana em voluntários brasileiros, em um estudo liderado no país pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Ainda no campo da pesquisa, um estudo liderado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com medicamentos que são usados para tratar hepatite C mostrou eficácia contra o novo coronavírus.

Em experimentos in vitro com três linhagens de células, incluindo células pulmonares humanas, o antiviral daclastavir impediu a produção de partículas virais do novo coronavírus que causam a infecção. O medicamento foi de 1,1 a 4 vezes mais eficiente do que outros remédios que estão sendo usados nos estudos clínicos da covid-19, como a cloroquina, a combinação de lopinavir e ritonavir e a ribavirina, este último também usado no tratamento de hepatite.

"Algo não está funcionando" nos EUA

O assessor médico da Casa Branca, o doutor Anthony Fauci, admitiu em uma entrevista ao jornal The Washington Post que os Estados Unidos deveriam mudar sua estratégia de combate à pandemia de coronavírus, após um aumento dos casos no sul e oeste do país.

"Algo não está funcionando", disse Fauci, principal especialista em doenças infecciosas dos EUA, referindo-se à estratégia atual. "Podemos fazer todos os esquemas que quisermos, mas há algo que não está funcionando", acrescentou.

Estados Unidos - país com mais casos fatais de coronavírus com cerca de 122.238 mortes - faz cada vez mais testes e, ontem, completou cerca de 640.000 diagnósticos em um dia. No entanto, a quantidade de casos confirmados aumenta há algumas semanas na Califórnia, Arizona, Texas e Flórida.
Nos últimos sete dias, foram registrados mais de 216.000 casos em todo o país, o maior recorde semanal desde o início da crise.

*Com informações das agências Reuters e AFP