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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta segunda-feira (13)

Movimento no Parque do Ibirapuera, que reabriu hoje, em São Paulo - ANANDA MIGLIANO/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO
Movimento no Parque do Ibirapuera, que reabriu hoje, em São Paulo Imagem: ANANDA MIGLIANO/O FOTOGRÁFICO/ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

13/07/2020 14h05Atualizada em 13/07/2020 19h00

Enquanto os números de casos não param de crescer, com recordes em novos diagnósticos tanto em países como os Estados Unidos quanto na média diária mundial, que passou de 200 mil na última semana, diversos estudos e pesquisas vem dando maior clareza ao que se sabe sobre o coronavírus e apontando que as vacinas podem estar mais próximas.

De acordo com a Rússia, uma vacina testada por lá já pode ser aprovada em agosto para começar a ser produzida em massa. Já nos Estados Unidos, duas vacinas ganharam sinal positivo para acelerarem seus processos de avaliação, que também levarão a agilizar novas fases de testes com seres humanos.

Por outro lado, estudos mostram como a covid-19 afeta o cérebro de parte das pessoas que contraem o Sars-CoV-2 e que é possível que a imunidade adquirida por quem foi infectado não seja tão duradoura quanto se gostaria, podendo durar apenas meses.

No Brasil, 733 mortes decorrentes da covid-19 foram registradas entre ontem e hoje — maior número para uma segunda-feira desde maio. Enquanto isso, São Paulo reabriu parques hoje, com grande procura.

Confira as principais notícias do dia:

Brasil tem mais 20.286 casos confirmados e 733 óbitos

O Brasil chegou hoje a 1.884.967 casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com dados coletados pelo Ministério da Saúde até as 18h. São 20.286 a mais do que a estatística apresentada ontem.

Do total, 1.154.837 já foram recuperados (ou 61,3% do total). Há ainda 657.297 casos em acompanhamento. O país registrou 733 óbitos decorrentes da covid-19 de ontem para hoje, chegando à marca de 72.833.

Média de casos é recorde

A Universidade Johns Hopkins registrou mais um recorde de contaminações pelo coronavírus. A entidade, que publica constantemente balanços do mundo todo referentes a casos confirmados e mortes pela covid-19, registrou uma média superior a 200 mil novos casos diários da doença, pior marca já observada.

Nos últimos sete dias, observa-se o maior número de casos em um único dia, cinco dias seguidos em que se registrou mais de 200 mil novos casos e ainda o recorde na média semanal.

De acordo com a Reuters, hoje já há um total de 13 milhões de diagnósticos oficiais, com 568 mil mortes. A ascensão de 12 milhões para 13 milhões aconteceu em apenas cinco dias, com destaque para a América Latina passando a América do Norte no número de mortes.

gráfico da Johns - Reprodução/Site da Johns Hopkins - Reprodução/Site da Johns Hopkins
Gráfico de casos diários da Johns Hopkins
Imagem: Reprodução/Site da Johns Hopkins

A semana de 28 de junho a 5 de julho teve 1,3 milhão de novos casos, uma média de 188 mil por dia. Já na última semana, de 6 de julho a ontem, foram 1,45 milhão de novos diagnósticos e a média subiu consideravelmente, chegando a 208,2 mil por dia.

Na última semana, os números do Brasil giraram entre 40 e 45 mil. Foram adicionados 261 mil casos no país - que já totaliza 1,8 milhão -, com média diária de 37,3 mil nos últimos sete dias. Os últimos dados em 24h, divulgados ontem mostraram 659 óbitos e 25.364 casos - número mais baixo que costuma se ver em dias de semana, em comparação ao fim de semana.

Mortes de pretos e pardos são maiores

Pessoas que se declaram pretas ou pardas estão morrendo mais de causas naturais do que as brancas durante a pandemia de covid-19, doença respiratória causada pelo novo coronavírus, no Brasil, de acordo com dados de cartórios divulgados nesta segunda-feira.

Segundo os números da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), que reúne os registros de óbitos feitos pelos cartórios do país, o número geral de mortes por causas naturais entre 16 de março e 30 de junho subiu 13% na comparação com o mesmo período de 2019.

Entre pessoas que se declaram pretas, por sua vez, o número subiu 31,1% no mesmo período, e entre os autodeclarados pardos a elevação foi de 31,4%. Entre os brancos, o aumento no número de mortes naturais foi de 9,3%, de acordo com comunicado da Arpen-Brasil.

Duas vacinas avançam rápido nos EUA

Duas vacinas experimentais contra a covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, ganharam liberação para acelerarem seus processos de avaliação nos Estados Unidos. As candidatas são feitas em parceria entre a gigante farmacêutica norte-americana Pfzier e a alemã BioNTech e receberam a designação de "via rápida" da agência reguladora de medicamentos dos Estados Unidos.

No começo do mês, as companhias afirmaram que a BNT162b1 mostrou grande potencial contra o vírus e teve bons resultados quanto aos efeitos em seres humanos. Os resultados devem ser apresentados ainda este mês.

Se forem aprovadas, as vacinas podem ter 100 milhões de doses produzidas até o fim do ano e 1,2 bilhão até o fim de 2021.

A designação de "via rápida" permite acelerar as avaliações das vacinas e foi dado pela agência norte-americana FDA (Food And Drug Administration) e também deve agilizar os prazos para que se avance nos testes em humanos, que devem envolver 30 mil participantes a partir do fim de julho.

Rússia diz que pode ter vacina em agosto

A Rússia diz estar mais perto de se tornar o primeiro país a iniciar a distribuição de uma vacina contra o coronavírus para a população. O país anunciou hoje que concluiu parte dos testes clínicos necessários para comprovar a eficácia da imunização desenvolvida por iniciativa do governo russo. A expectativa é de que a distribuição comece já em agosto.

"A pesquisa foi concluída e provou que a vacina é segura", disse Yelena Smolyarchuk, chefe do centro de pesquisas clínicas da Universidade Sechenov, à agência de notícias estatal TASS.

O Ministério da Saúde russo ainda realizará testes bioquímicos da vacina, mas espera finalizar o processo até setembro, mesmo mês para o qual Gintsburg prevê o início da produção em massa por laboratórios privados.

Vacina no Brasil e a busca por voluntários

O Instituto Butantan, que desenvolve uma vacina em parceria com o laboratório chinês Sinovac Biotech, começou hoje a realizar a seleção de voluntários para uma nova fase de testes. Ao todo, nove mil profissionais da área da saúde serão escolhidos em cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná) e no Distrito Federal.

Os voluntários devem se enquadrar em uma série de critérios — como ter contato com a covid-19 na área de atuação e possuir registro em conselhos profissionais. Os testes devem começar na próxima semana.

Imunidade pode durar poucos meses

Um estudo feito pela King's College de Londres, na Inglaterra, indicou que a imunidade contra o coronavírus dura apenas alguns meses e que o vírus pode ser detectado novamente como um resfriado. Cerca de 90 profissionais e pacientes de dois hospitais do sistema NHS do Reino Unido — equivalente ao SUS, no Brasil — foram analisados na pesquisa.

Os anticorpos dessas pessoas atingiram o pico de proteção na terceira semana depois de apresentar sintomas da covid-19. Neste período, o "nível potente" dessas estruturas de defesa do organismo era encontrado em 60% das pessoas. Três meses depois, apenas 17% dos profissionais e pacientes ainda mantinham o nível desejado.

Por outro lado, um estudo sobre a curva da covid-19 é mais otimista e diz que a imunidade pode ser mais longa e que segundas e terceiras ondas são menos propensas a serem tão mortais.

São Paulo tem fila em reabertura de parques

O parque Ibirapuera amanheceu movimentado na manhã de hoje após quase quatro meses fechado em razão da pandemia. O dia começou com fila de carros antes da abertura dos portões, marcada para as 6h, pista de corrida lotada e alívio para os vendedores ambulantes do parque.

O Ibirapuera, na zona Sul, e o parque do Carmo, na zona Leste, foram os primeiros a reabrirem na manhã de hoje. Outros 68 parques liberados funcionarão a partir das 10h; todos com fechamento previsto para as 16h.

A expectativa pela reabertura era tanta que carros fizeram fila no estacionamento do Ibirapuera pouco antes das 6h, quando os frequentadores foram liberados a entrar. Apenas 40% da capacidade total de público é permitida nos parques, controle que ficou a cargo de equipes da prefeitura.

Parque do Ibirapuera reabre em São Paulo

Mais SP: Leve queda nas mortes e volta de universidades

São Paulo chegou à terceira semana seguida com queda no número de mortes por covid-19. De acordo com dados divulgados hoje pelo governo paulista, o estado teve 1.706 vítimas fatais da doença na última semana — 27 a menos do que na anterior.

Os dados apresentados mostram que a capital teve redução de quase 6%, enquanto a Região Metropolitana teve um decréscimo de 14,5% no número de mortes. O interior, no entanto, teve crescimento de 12%.

O governo de São Paulo anunciou hoje que universidades e escolas técnicas estaduais podem retomar aulas práticas presenciais em cidades que se mantiverem por 14 dias consecutivos na fase amarela do Plano São Paulo, o programa de retomada gradual das atividades. As aulas teóricas permanecerão à distância.

O Estado tem sete regiões na fase amarela no momento. O retorno deve acontecer com as instituições respeitando protocolos sanitários e com, no máximo, 35% dos alunos matriculados em cada curso. A prioridade é para carreiras da área da saúde.

Guarda sem máscara

Soldados do batalhão presidencial não têm utilizado máscaras durante a guarda simbólica na rampa do Palácio do Planalto, em Brasília. Por conta da pandemia do coronavírus, o item de proteção é obrigatório desde o fim de abril no Distrito Federal, segundo decreto publicado pelo governador Ibaneis Rocha (MDB).

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10.jul.2020 - Soldados da guarda presidencial na rampa do Palácio do Planalto
Imagem: Kleyton Amorim/UOL

Assim como os Dragões da Independência, os soldados do BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) são responsáveis por um dos protocolos cerimoniais mais conhecidos da sede do Executivo federal. Durante o dia, dois militares ficam de prontidão na parte superior da rampa com a missão de "proteger" a entrada do Planalto.

Segundo apurou o UOL em conversa com os jovens que compõem o pelotão, há uma "ordem interna" para que, durante a guarda, eles dispensem o item de proteção em respeito ao rigor do uniforme.

Bahia: cidade distribui kit-covid

A Prefeitura de Itagi, município do sudoeste da Bahia, anunciou que começou a distribuir hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina para todos os moradores com sintomas do novo coronavírus.

kit covid - Reprodução - Reprodução
Segundo a Prefeitura de Itagi, a entrega em domicílio do "kit-covid" (foto) integra plano de combate à pandemia
Imagem: Reprodução

O uso dos fármacos não é recomendado pelas autoridades da saúde, já que nenhum dos três tem eficácia comprovada no tratamento da covid-19.

Segundo a prefeitura, a iniciativa de entregar o "kit-covid" em domicílio faz parte do plano local de enfrentamento à pandemia e tem como objetivo evitar que as pessoas precisem se deslocar até a farmácia. Em postagem nas redes sociais, a ação é definida como "pioneira" e destinada "a todos os pacientes sintomáticos" de covid-19.

Resistência de idosos motiva estudo sobre a covid

Casos de idosos que superaram a covid-19 estão sendo investigados pelo Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco da USP. Pesquisadores acreditam que a diferença na resposta à infecção está relacionada ao genoma, o conjunto de genes de um ser vivo.

Na visão dos cientistas, a genética pode explicar por que algumas pessoas desenvolvem formas graves da covid-19 enquanto outras permanecem assintomáticas.

Para compreender melhor situações assim, os especialistas da USP decidiram investigar casos extremos. De um lado estão os pacientes gravíssimos que morreram, o que ocorre com frequência maior em idosos com comorbidades (problemas cardíacos e respiratórios, hipertensão, obesidade e diabete). São pacientes que devem ter os genes de risco da doença. O foco da pesquisa está nos jovens sem comorbidades.

Conhecer as variantes genéticas envolvidas no combate à covid-19 vai permitir, por exemplo, identificar os indivíduos com genes de risco que, portanto, devem ser priorizados nas campanhas de vacinação, quando disponíveis, e em outras medidas de proteção. Por outro lado, as pessoas com genes de proteção podem retomar as atividades sem grande risco neste momento de flexibilização da economia.

Danos da covid ao cérebro

Complicações neurológicas graves foram descobertas em 43 casos de pacientes com covid-19 por pesquisadores da University College London (UCL). Elas incluem delírios, psicoses e inflamação.

cérebro - iStock - iStock
Coronavírus pode causar distúrbios no cérebro
Imagem: iStock

Indivíduos sofreram com problemas variados, como distúrbios cerebrais, derrames, danos centrais ao nervo e outros efeitos graves no cérebro, segundo a pesquisa.

Cientistas não encontraram traços de covid-19 no líquor, o fluido corporal presente no cérebro. Isso sugere que o vírus não ataca diretamente o cérebro. Eles especulam que o dano cerebral seria causado pela resposta do sistema imunológico ao coronavírus.

Como será o "novo normal"

Voltar a frequentar salão de beleza é uma atividade que a infectologista Joana D'Arc, de Brasília, não considera retomar agora. Mas já a enxerga no horizonte dos próximos meses, desde que com ventilação, distanciamento social e uso de proteção para o rosto, além da máscara cirúrgica pelo profissional.

O epidemiologista Paulo Lotufo, professor da USP, acredita que ir ao salão para atendimento rápido ou serviços de podologia já é algo possível — desde que, claro, regras sanitárias para evitar contaminação sejam cumpridas.

O UOL perguntou a oito médicos: eles se sentem pessoalmente seguros para voltar a frequentar restaurantes, academias, comércios, cinema? Tudo depende —do momento em que cada cidade está da epidemia, de quanto é possível manter distanciamento social em cada caso. Veja suas respostas:

Sem vacina não há segurança, porque o vírus continuará circulando, argumenta Evaldo Stanislau, diretor da Sociedade Paulista de Infectologia. Até lá, lidar com o coronavírus exigirá uma postura de redução de danos, semelhante ao enfrentamento de outras infecções. "O novo normal será sempre pensar no que estamos fazendo, senão haverá novos surtos."

Político preso na Lava-Jato morre de covid-19