Avião com insumos para vacina vindos da China chega ao Brasil
Após atrasos e disputa política, o avião responsável por trazer 5,4 mil litros de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), da farmacêutica chinesa Sinovac, finalmente desembarcou às 23h46, no aeroporto de Campinas (SP). A estimativa do Instituto Butantan é que este lote de insumos renda cerca de 8,6 milhões de doses da vacina CoronaVac.
A carga, que chegou em avião da companhia aérea Latam, foi recebida pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e outras autoridades. O lote deve ser enviado à capital paulista nesta quinta-feira, às 10h, onde será processado. E no dia 23, ele começará a ser disponibilizado ao Ministério da Saúde.
"Quanto mais rápido vacinarmos, mais rápido sairemos da crise, mais rápido a economia retoma e teremos a possibilidade de reencontrarmos os nossos amigos e familiares. Mas enquanto isso, temos que usar máscaras, evitar aglomerações. Não temos que celebrar o Carnaval neste ano", avisou Doria, em discurso.
Em seguida, o governador celebrou o número de vacinados no estado. "Já temos em São Paulo mais de 520 mil pessoas vacinadas. São profissionais de saúde, profissionais que estão na linha de frente, pessoas mais vulneráveis. E já vacinamos a totalidade da população indígena e quilombola no estado de São Paulo. E o nosso objetivo é chegar à final da segunda-feira, dia 8, com 1 milhão de vacinados, agilizando o processo e garantindo mais vacinas", ressaltou.
No início da semana, Doria já havia informado que a China liberou um novo lote de 5,6 mil litros de insumos para a produção do imunizante. Com os dois lotes, poderão ser produzidas 17,3 milhões de novas doses da CoronaVac.
Segundo Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, as doses começarão a ser disponibilizadas ao Ministério da Saúde até a primeira quinzena de março.
No fim de janeiro, a importação dos insumos vindos da China foi motivo de disputa entre os governos paulista e federal, com ambos reivindicando para si a responsabilidade por conseguir a liberação da matéria-prima.
No dia 25, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que já rejeitou o imunizante publicamente, foi às redes sociais para agradecer ao país asiático pela liberação dos insumos para a vacina e passou à frente de Doria com a novidade. O governador respondeu na mesma noite, chamando Bolsonaro de mentiroso, e citou uma reunião com a embaixada chinesa.
A CoronaVac foi desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan, ligado ao governo paulista. A produção da vacina na fábrica de São Paulo está parada desde o dia 17 de janeiro por falta de insumos, que vêm da China. Agora, a previsão é que os 5.400 litros liberados cheguem até 3 de fevereiro e as primeiras doses saiam depois de 20 dias.
O que já se sabe sobre a negociação da CoronaVac
- Até agora, o Butantan já disponibilizou 8,7 milhões de doses da vacina para serem distribuídas pelo PNI (Programa Nacional de Imunização) contra a covid-19.
- O acordo com o governo federal prevê numa primeira etapa a entrega de 46 milhões de doses.
- Outros 54 milhões ainda precisam da assinatura do contrato entre o Ministério e o Butantan, o que deve acontecer nesta semana, segundo sinalização da pasta chefiada pelo ministro Eduardo Pazuello.
Vacinação no Brasil e no mundo
Mais de 100 milhões de doses de vacinas anti-covid foram aplicadas em todo o mundo, após aproximadamente dois meses do início das primeiras campanhas de imunização, segundo dados do portal Our World in Data e reproduzidos pela agência ANSA.
Até o fim de segunda-feira (1º), 101,31 milhões de doses já haviam sido administradas, sendo que mais da metade se concentrava em apenas dois países: EUA (32,22 milhões) e China (24 milhões).
O Brasil superou hoje a marca dos 2,7 milhões de vacinados contra a doença, conforme levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa do qual o UOL faz parte, baseado nas informações transmitidas pelas secretarias estaduais de saúde.
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