SP vacina as primeiras crianças contra covid; campanha na capital começa 2ª
O estado de São Paulo aplicou hoje a primeira vacina contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos em evento organizado pelo governador João Doria (PSDB) no Hospital das Clínicas, na região central da cidade de São Paulo. O início oficial da campanha, no entanto, está previsto para segunda-feira (17).
A primeira vacina aplicada foi em Davi Seremramiwe Xavante, de 8 anos, que é indígena da etnia xavante e realiza tratamento médico para uma doença motora rara em São Paulo. Outras 14 crianças com comorbidade também receberam suas primeiras doses no mesmo local.
Davi mora com uma tutora em Piracicaba, no interior de São Paulo, desde o início do ano passado. A tutora o acompanha nas consultas rotineiras ao HC, com médicos das áreas de reabilitação e neurologia.
O caso do garoto da etnia xavante está sendo estudado por especialistas do Instituto da Criança, que procuram identificar as razões da perda parcial de seus movimentos.
Como há outras crianças da mesma tribo com sintomas similares aos de Davi, cientistas da USP (Universidade de São Paulo) estão conduzindo um estudo genético completo para apontar as possíveis causas do problema.
Seu pai, Cacique Jurandir, que mora no Mato Grosso, comemorou a vacina do pequeno, agradeceu Doria e disse que Davi vai servir de exemplo para outras crianças.
"Estou muito feliz pelo Davi ter tomado a primeira dose, ser um exemplo para a criançada de 5 a 11 anos. Que o resto do Brasil possa fazer essa vacinação para salvar, para que amanhã possamos ter alegria, sorriso. Que o Ministério da Saúde corra e que atualize e tenham prioridade para a nossa criançada", disse.
Parte das crianças vacinadas hoje no evento foram as seguintes:
- Jean Luca, 9 anos, diagnosticado com atrofia muscular espinhal tipo 1;
- Cauê Henrique dos Santos, 11 anos, diagnosticado com síndrome de down;
- Luiz Felipe Barbosa, quilombola, 11 anos;
- Valentina Moreira, 6 anos, que realizou um transplante de rim;
- Leonardo, 5 anos, diagnosticado com síndrome de down;
- Caio, 10 anos, diagnosticado com cirrose hepática;
- Graziele de Oliveira, 8 anos, diagnosticado com síndrome de down.
O evento de início da vacinação das crianças foi organizado por João Doria de forma semelhante à cerimônia de início da vacinação contra a covid-19 no Brasil, em janeiro de 2021, que também aconteceu em São Paulo.
Nas duas ocasiões, o governador apresentou o evento e ficou ao lado da pessoa a ser imunizada. Crítico do presidente Jair Bolsonaro (PL), Doria é o candidato do PSDB à Presidência neste ano.
A expectativa do governo de São Paulo é vacinar 4,3 milhões de crianças no período de três semanas —mas, para isso, depende do envio das doses da vacina Pfizer/BioNTech compradas pelo Ministério da Saúde.
No dia 5 de janeiro, ao anunciar o plano de vacinação para crianças, o governador paulista informou que o plano estadual prevê:
- Assim que as doses fossem liberadas, a vacinação deverá ser iniciada com as 850 mil crianças com comorbidades (veja a lista abaixo), quilombolas e indígenas
- Depois, escalonadas por idade
Após Doria anunciar a abertura do pré-cadastro de vacinação para crianças de 5 a 11 anos em São Paulo, a plataforma Vacina Já registrou a marca de mais de 230 mil crianças cadastradas.
O pré-cadastro é opcional e não é um agendamento, mas agiliza o atendimento. Para cadastrar os filhos, os pais ou responsáveis devem acessar o link, clicar em "Crianças até 11 anos" e preencher o formulário online.
A capacidade da vacinação infantil em São Paulo é de cerca de 250 mil crianças por dia, segundo o governo. Há 5,2 mil locais de vacinação disponíveis, número que deverá ser ampliado com postos volantes em escolas da rede estadual.
Abaixo, confira a lista de comorbidades consideradas para o atendimento prioritário na vacinação infantil em São Paulo. Elas podem ser comprovadas por exames, receitas, relatórios ou prescrições médicas:
- Insuficiência cardíaca
- Cor pulmonale e hipertensão pulmonar
- Síndromes coronarianas
- Valvopatias
- Miocardiopatias e Pericardiopatias
- Doença da Aorta, dos Grandes Vasos e Fístulas arteriovenosas
- Arritmias cardíacas
- Cardiopatias congênitas
- Próteses valvares Dispositivos cardíacos implantados
- Talassemia
- Síndrome de Down
- Diabetes mellitus
- Pneumopatia crônicas graves
- Hipertensão arterial resistente e de artéria estágio 3
- Hipertensão estágios 1 e 2 com lesão e órgão alvo
- Doença cerebrovascular
- Imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos)
- Anemia Falciforme
- Obesidade mórbida
- Cirrose hepática
- HIV
Aplicação da 1ª dose para adulto também foi no HC
O local escolhido para a primeira criança ser imunizada hoje em São Paulo é o mesmo onde foi aplicada a primeira vacina contra a covid no Brasil após a liberação da Anvisa, em 17 de janeiro do ano passado. Na época, Doria e o presidente Jair Bolsonaro (PL) trocaram farpas e ofensas enquanto discutiam sobre a compra e aplicação dos imunizantes —os dois devem concorrer à vaga no Palácio do Planalto nas eleições deste ano.
No ano passado, a enfermeira Mônica Calazans, 54, que trabalha na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, em São Paulo, recebeu a primeira dose da CoronaVac.
A imunização foi realizada em um grande evento organizado por Doria, poucos minutos após a Anvisa dar seu aval para uso emergencial do imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac.
Doses chegaram ontem
As primeiras 1,2 milhão de doses da vacina da Pfizer, única aprovada para crianças até o momento, chegaram ao Brasil na madrugada de ontem.
A distribuição segue o critério populacional, ou seja, é proporcional ao quantitativo de crianças por unidade federativa. São Paulo terá direito a 20,73% —cerca de 240 mil.
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil receberá em janeiro 4,3 milhões de doses de vacina para crianças entre 5 e 11 anos. Em fevereiro, a previsão é de mais 7,2 milhões e, em março, 8,4 milhões.
Até o fim do primeiro trimestre, o Brasil deve receber quase 20 milhões de doses pediátricas da Pfizer. Para completar a vacinação infantil, de duas doses, o país precisará de pouco mais de 40 milhões de doses. A pasta diz ter encomendado quantidade suficiente para imunizar o público-alvo.
Apesar de ter sido liberada pela Anvisa em 16 de dezembro, a entrada da vacina infantil da Pfizer na campanha coordenada pelo governo federal só foi confirmada em 5 de janeiro — na contramão ciência, o presidente Jair Bolsonaro (PL) é contra a vacinação infantil.
Diferença entre doses infantis e para maiores de 12 anos
Maiores de 12 anos
- Dose: 30 microgramas
- Volume: 0,3 ml
- Doses por frascos: 6
- Cor do frasco: roxa
Crianças de 5 a 11 anos
- Dose: 10 microgramas
- Volume: 0,2 ml
- Doses por frascos: 10
- Cor do frasco: laranja
O armazenamento após o descongelamento do imunizante para adultos dura por 1 mês se a vacina for conservada entre 2ºC e 8ºC, enquanto esse tempo chega a dez semanas para a versão infantil, desde que mantida na mesma temperatura.
* Com Pedro Vilas Boas, colaboração para o UOL.
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