Uso de granada e armas por Roberto Jefferson reflete clima de tensão no Brasil, diz mídia internacional
A imprensa internacional repercute a prisão de Roberto Jefferson (PTB), aliado de Jair Bolsonaro, na madrugada de domingo (23). O ex-deputado reagiu com uso de granada e tiros contra policiais que vieram buscá-lo em casa, em Levy Gasparian (RJ), onde cumpria prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
A prisão em cárcere foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, após Jefferson ter descumprido medidas impostas pelo STF, como não falar com a imprensa, receber visitas ou usar redes sociais para se comunicar.
No sábado (22), sua filha Cristiane Brasil publicou um vídeo em que o político compara a ministra Cármen Lúcia, do STF, a "prostitutas", "arrombadas" e "vagabundas".
O jornal espanhol El País analisa que o incidente provoca uma onda de preocupação na reta final da campanha pela presidência do Brasil, a mais polarizada das últimas décadas.
"Como Bolsonaro contestou o sistema de votação, questionando a segurança do voto eletrônico, existe o temor de que não aceite uma possível derrota e que, como Donald Trump nos Estados Unidos, decida incentivar seus seguidos a se mobilizar contra os resultados", relata a correspondente de El País no Brasil, lembrando também que "muitos bolsonaristas estão armados".
As agências AFP, AP e Reuters descreveram a reação violenta de Jefferson, com granada e tiros, que durou oito horas e resultou em dois policiais feridos. As informações foram reproduzidas pela mídia internacional.
"Jefferson havia sido preso preventivamente após proferir ameaças contra juízes do STF, mas recebeu, em janeiro, autorização para ficar em prisão domiciliar, se respeitasse certas condições", explica Le Monde.
Bolsonaro tenta se distanciar
Após o incidente, em nota nas redes sociais, Bolsonaro tentou descolar sua imagem à do ex-deputado, afirmando que toda pessoa que atira contra um policial deve ser tratada como bandido. A AFP também acrescenta que o presidente insistiu sobre o fato de que não existia vínculos com Jefferson, que em 2020, declarou que Bolsonaro era seu "amigo íntimo".
"Jair Bolsonaro criticou, no entanto, as investigações judiciarias contra o ex-deputado que, segundo seu parecer, foram feitas 'sem nenhuma motivação constitucional'", relata Le Figaro.
Bolsonaro também tentou se distanciar de Jefferson ao afirmar que não havia nem foto dos dois juntos, no que foi prontamente desmentido por vários meios, como a Folha de S.Paulo, que reproduziu foto de Jefferson e Bolsonaro se dando as mãos de maneira efusiva.
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