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Jamil Chade

Brasil teve maior número de novos casos e mortes no mundo em uma semana

31.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro em cavalo em frente ao Palácio do Planalto durante manifestação a favor do seu governo em Brasília - Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo
31.mai.2020 - O presidente Jair Bolsonaro em cavalo em frente ao Palácio do Planalto durante manifestação a favor do seu governo em Brasília Imagem: Mateus Bonomi/AGIF/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

01/06/2020 07h20

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O Brasil registrou o maior número de novos casos da covid-19 e de mortes no mundo nos últimos sete dias. Dados da Organização Mundial da Saúde revelam que o Brasil somou 6821 mortes na última semana, contra 6777 nos EUA.

Em termos de novos casos, o Brasil também liderou. Foram 151 mil casos no período avaliado, contra 141,4 mil nos EUA.

Os americanos continuam liderando em números absolutos desde o começo da crise, com 1,7 milhão de casos. No Brasil, os dados oficiais da OMS registram ainda 498,4 mil.

No domingo pela noite, o Ministério da Saúde atualizou os números sobre o país, apontando para 514.849 diagnósticos.

Por ter de compilar os registros de todos os 193 países, a OMS publica os dados defasados. Ainda assim, trata-se do único registro oficial de todos os casos do mundo, submetidos pelos próprios governos.

Em termos diários, o Brasil também é o líder. No dia 31 de maio, todos os países da UE somaram, juntos, 20 mil novos casos da covid-19.

No Brasil, foram 33 mil. No mundo, foram 119 mil.

Dados do Centro Europeu para o Controle de Doenças, uma agência da UE, também traz o Brasil no primeiro lugar na tabela com o maior número de novos casos nos últimos sete dias.

Tanto na OMS como na agência europeia, a avaliação dos últimos sete dias é considerada como uma métrica importante para saber onde está o epicentro dos casos no mundo e a curva atual.

Fontes dentro da OMS apontam que a situação brasileira desperta "enorme preocupação", inclusive por conta da dificuldade de o governo estabelecer uma estratégia coerente.

Mas a atuação diplomática do país pelo mundo tem sido a de abafar a crise, que mergulhou o Brasil num abalo inédito de sua reputação internacional, já afetada nos últimos meses.

Em reuniões internacionais, o governo tem evitado falar da situação do país. Na sexta-feira, a embaixadora do Brasil na ONU, Maria Nazareth Farani Azevedo, fez um discurso durante o lançamento de uma iniciativa internacional por vacinas. Mas se limitou a apontar que o acesso à tecnologia é a única forma de superar a crise.

Embaixadores em diferentes capitais ainda têm usado seu tempo para escrever cartas aos principais jornais europeus para reportagens e editoriais da imprensa estrangeira, criticando a resposta do Brasil à crise.

O Itamaraty, ainda em abril e maio, disparou cartas para alguns dos principais órgãos da ONU e mesmo para a OMS para explicar o que o governo estava fazendo.

Itamaraty diz que Brasil está "bem posicionado"

A semana terminou com um anúncio do Itamaraty de que "o governo dos EUA entregou dois milhões de doses de hidroxicloroquina (HCQ) para a população do Brasil".

"A HCQ será usada como profilático para ajudar a defender enfermeiros, médicos e profissionais de saúde do Brasil contra o vírus. Ela também será utilizada no tratamento de brasileiros infectados", afirmou. A OMS aponta que o remédio não é recomendado e que teme por efeitos colaterais.

"Além disso, como continuação da colaboração de longa data dos dois países em questões de saúde, também estamos anunciando um esforço de pesquisa conjunto Brasil-Estados Unidos, que incluirá testes clínicos controlados randomizados. Esses testes ajudarão em avaliações adicionais sobre a segurança e a eficácia da HCQ tanto para a profilaxia quanto para o tratamento precoce do coronavírus", afirmou o Itamaraty. A OMS, na semana passada, suspendeu os testes com o produto.

Mil ventiladores serão também entregues ao país. "Seguindo adiante, o Brasil e os Estados Unidos continuarão em estreita coordenação na luta compartilhada contra a pandemia do coronavírus e na resposta regional em curso para salvaguardar a saúde pública, limitar ainda mais a disseminação do coronavírus, avançar no desenvolvimento inicial de uma vacina e salvar vidas", disse.

"Tendo o Presidente Bolsonaro e o Presidente Trump conversado duas vezes desde março, os dois países estão bem posicionados para continuar seu trabalho conjunto no enfrentamento da pandemia do coronavírus, bem como em outros assuntos de importância estratégica", completa a nota.