Topo

Pai de diretor de jornal assassinado no RJ diz que filho sofria ameaças

Do UOL, no Rio*

12/06/2013 11h44Atualizada em 12/06/2013 14h48

O pai do diretor financeiro do jornal Hora H, José Roberto Ornelas de Lemos, conhecido como Betinho, assassinado na noite desta terça-feira (11) com 44 tiros em Nova Iguaçu, município da Baixada Fluminense, afirmou que o jornalista havia recebido várias ameaças por suas atividades.

Filho de dono de jornal no Rio é assassinado com 44 tiros

“O jornal é muito forte na região. A gente vinha batendo muito em alguns assuntos”, disse José Lemos, pai da vítima e proprietário e fundador do jornal. Ele afirmou ainda que usa um carro blindado devido às ameaças.

A polícia, no entanto, não descarta qualquer hipótese em relação ao crime, já que o empresário tinha se envolvido em algumas polêmicas. "Vamos tentar apurar como tudo aconteceu e qual foi a motivação do crime. Temos informações de que o jornal dele era combativo e fazia muitas denúncias", afirmou a delegada de polícia Tércia Amoedo, diretora do Departamento Geral de Polícia da Baixada Fluminense.

Betinho foi baleado quando estava em uma padaria na rua Eduardo Pacheco Vilhena, no bairro Corumbá. Testemunhas contaram que quatro homens em um carro prata dispararam contra Lemos. O estabelecimento tem sete câmeras de segurança, e as imagensforam encaminhadas à delegacia. O local já foi periciado.

Segundo policiais da 58ª DP (Posse), onde o caso foi registrado, Betinho foi preso em 2002, acusado de comandar um grupo de extermínio que matou, em  23 de maio daquele ano, o então subsecretário de Governo e presidente da Comissão de Licitações da Prefeitura de São João de Meriti, Kenedi Jaime de Souza, de 52 anos.

A investigação da Delegacia de Homicídios (DH) da Baixada apontou que o crime ocorreu por causa de uma disputa pelo controle da coleta de lixo do município. O subsecretário havia decidido abrir concorrência pública para a prestação do serviço no município. Até então vigorava um contrato de emergência no valor de R$ 5,8 milhões.

De acordo com a polícia, a decisão teria contrariado o empresário Ronaldo Ferrari de Oliveira, que comandava o serviço na cidade. Oliveira, segundo a investigação, então contratou o grupo de extermínio comandado por Betinho. O subsecretário acabou morto com um tiro no pescoço e no rosto.

Oliveira e Betinho foram presos pela polícia, mas negaram participação no crime. Em decisão da Justiça, os dois foram libertados por falta de provas que os levassem à condenação.

Imprensa no Brasil

Segundo estatísticas da organização internacional Campanha Emblema de Imprensa (PEC, na sigla em inglês), que defende a liberdade de imprensa, o Brasil foi um dos países mais perigosos para os comunicadores no primeiro trimestre deste ano, período no qual ocorreram três assassinatos.

O Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), por sua vez, classificou o Brasil como o quarto país mais perigoso do mundo para a imprensa em 2012 devido ao aumento dos assassinatos, da impunidade que cerca os crimes e das medidas de censura judicial.

Segundo a CPJ, dos oito jornalistas assassinados no Brasil entre 2011 e 2012, seis tinham feito denúncias sobre corrupção ou sobre grupos criminosos e todos trabalhavam fora dos grandes centros urbanos. (Com EFE)

*Colaborou Felipe Martins