Peregrinos aproveitam última madrugada de "Cristo 24 horas" para ver o sol nascer no Corcovado
Natural da Patagônia, a estudante Mariana Del Santos, 21, passou a madrugada na praia de Copacabana em vigília e correu junto a outros 15 amigos argentinos para pegar o trenzinho das 4h30 que sobe o Corcovado. A atração funcionou 24 horas durante a semana toda a fim de dar conta dos 2 milhões de peregrinos que estão no Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude.
O plano era ver o Cristo antes da missa de encerramento do evento, celebrada pelo papa Francisco às 10h na orla, e então encarar os três dias de ônibus que a separam da Argentina. “Parece que ele nos abraça, é uma graça estar aqui”, disse.
De bermudas e com uma bandeira “hermana” com o rosto de Francisco no meio, ela destoava do resto do público, que se dividia entre cariocas e peregrinos. Enquanto “a juventude do papa” se caracterizava pelas mochilas coloridas da Jornada e máquinas fotográficas, os moradores da cidade tilintavam de frio e exibiam tocas, casacos, luvas e cachecóis dignos do inverno europeu – a madrugada chegou a marcar 10 °C, segundo o Climatempo, considerado frio intenso para os padrões do Rio.
Tão concorrida quanto a clássica foto de frente para o Cristo de braços abertos era o nascer do sol. As pessoas acotovelavam-se com a máquina fotográfica em punho frente ao balcão que permitia vislumbrar ao longe, sobre o Pão de Açúcar, os primeiros traços do amanhecer. “Parece que vai sair o papa, não o sol”, comentou um turista argentino.
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Outros aproveitavam o sossego da capela localizada dentro do monumento para rezar e tirar um cochilo –a maior parte dos peregrinos que participou da vigília optou por não dormir--, e houve até quem decidiu por transformar a visita em um piquenique. Junto a outros cinco amigos, a estudante de design Karina Tude, 25, organizou um lanche caprichado com direito a sanduíches, docinhos, azeitonas, frutas, vinho e até tequila.
“É a primeira vez que vejo o Cristo, é muito bacana”, explicou Karina, que mora em Vargem Grande, na zona oeste da cidade. “Resolvemos aproveitar. Quando mais poderíamos ver o nascer do sol daqui de cima?”, disse a também estudante de design Barbara Masilina, 20.
A psicóloga Belén Perez, 28, que também veio de ônibus desde a Argentina, observava a cidade com curiosidade e disse ter ficado impressionada com a pobreza e as diferenças entre a zona sul e o resto do Rio.
Elas ficaram hospedadas na casa de voluntários em Jardim Gramacho, Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio, e levaram cerca de duas horas por dia para chegar aos eventos da Jornada. O bairro fica próximo ao lixão homônimo que encerrou os trabalhos no ano passado.
“É muito contraste. A diferença entre o centro da cidade e o resto é impressionante”, disse. Ela e os amigos também estranharam a falta de organização –a vigília, que deveria ter sido realizada em Guaratiba, na zona oeste da cidade, foi transferida para Copacabana menos de dois dias antes da data marcada--. Mas, assim como muito peregrinos, minimizou a situação. “Era muita gente, fugiu das mãos da organização.”
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