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Dono de edifício que desabou em Bangladesh é preso tentando sair do país

Do UOL, em São Paulo

28/04/2013 10h55

O proprietário do prédio que caiu em Bangladesh e matou mais 370 pessoas na última quarta-feira (24) foi preso pela policia, neste domingo (28), quando tentava voar para a Índia.

Mohammed Sohel Rana foi preso pelo Batalhão de Elite de Ação Rápida na fronteira de Bangladesh, de acordo com agência Reuters.

"Foi detido e será julgado", disse o vice-ministro do Interior, Shamsul Haque Tuku, em uma coletiva de imprensa sobre o dono do edifício suspeito de ter violado as normas de construção vigentes.

Neste sábado (27), outras quatro pessoas foram detidas suspeitas de estarem envolvidas no desabamento do prédio que abrigava diversas fábricas têxteis.

Os acusados são dois donos de oficinas têxteis e dois funcionários municipais que asseguraram, um dia antes do acidente, que o imóvel era seguro, assinalaram fontes policiais ao jornal local "The Daily Star".

A Polícia Industrial acusa os proprietários das fábricas de ignorarem as rachaduras que apareceram no edifício de oito andares na terça-feira (23) e obrigarem os funcionários a seguirem trabalhando normalmente, apesar do risco que corriam.

Além das prisões já realizadas, a polícia ainda procura um industrial espanhol, chamado David Mayor. Ele é o coproprietário de uma confecção de roupas que estava no prédio que caiu. Os ateliês de Mayor ocupavam mais de 2.000 m² no local.

Mais de 2.000 resgatados

Cerca de 2.044 pessoas foram resgatadas dos restos do edifício, segundo afirmou um porta-voz do Exército, Shahinur Islam, somando-se às 14 pessoas que foram encontradas com vida sob os escombros nas últimas horas, de acordo com o "The Daily Star".

O número de mortos e feridos deve continuar aumentado, uma vez que cerca de quatro mil trabalhadores podiam estar no edifício no momento do seu desabamento, disse à Agência Efe uma fonte da Federação Nacional de Trabalhadores do Setor Têxtil (NGWF, na sigla em inglês).

Segundo uma lista divulgada pela Polícia local, que se baseou nas denúncias feitas por familiares de desaparecidos, em torno de 600 pessoas ainda podem estar sob os escombros, informou a agência "BSS".

Os trabalhos de resgate continuam, apesar de já terem se passado 72 horas, tempo-limite, segundo os especialistas, para encontrar alguém com vida.

Más condições trabalhistas

O desastre voltou a evidenciar as más condições trabalhistas e de segurança que sofrem os trabalhadores do setor têxtil no país asiático, os mesmo que abastecem várias multinacionais ocidentais.

Bangladesh é o país com os custos mais baratos de produção na indústria da roupa em todo o mundo, e por isso empresas de todas as partes do globo estão transferindo parte de sua produção para o país.

Segundo dados da NGWF, nos últimos 15 anos, acidentes ocorridos em fábricas têxteis (incêndios ou desabamentos) no país deixaram 600 mortos e três mil feridos.

(Com agências)