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PT chama impeachment de "sórdida vingança" e mobiliza movimentos por Dilma

O presidente do PT, Rui Falcão - Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente do PT, Rui Falcão Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Marcelo Freire

Do UOL, em São Paulo

04/12/2015 19h42

 

Além de determinar a suspensão por 60 dias do senador Delcídio do Amaral, a reunião da Comissão Executiva Nacional do PT nesta sexta-feira (4), em São Paulo, definiu algumas estratégias do partido no combate contra o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Segundo Rui Falcão, presidente nacional do PT, o partido se prepara para um "estado de mobilização permanente", ao lado dos movimentos sociais e centrais sindicais -- representantes de CUT, MST e outros grupos estiveram na reunião.

A ideia é continuar classificando o pedido como uma tentativa de golpe institucional e, ao mesmo tempo, atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Na próxima segunda-feira (7), os movimentos participarão de um encontro com o ex-presidente Lula, no Sindicato dos Engenheiros, que decidirá o que o PT chama de “calendário de mobilizações” tanto em defesa de Dilma quanto pela saída de Cunha. "Os movimentos entendem que ele [Cunha] sintetiza a apresentação de pautas conservadoras no Congresso, contra as mulheres, contra a juventude e suprimindo direitos dos trabalhadores", disse Falcão.

Na nota divulgada após a reunião, o partido reforçou o embate contra Cunha e chamou o pedido de impeachment de "sórdida vingança", dizendo que o presidente da Câmara "respondeu com truculência e ilegalidade à rejeição de manobras espúrias para proteger o cargo e o mandato". De acordo com o partido, a peça não tem " qualquer embasamento na legislação vigente".

De acordo com Falcão, o apoio dos movimentos sociais foi reforçada após os deputados petistas renegarem apoio  a Cunha no Conselho de Ética da Câmara. "Os movimentos saudaram essa decisão do PT e isso reunificou a base. Eles também contribuíram para a vitória de Dilma no segundo turno no ano passado e agora querem assegurar que ela termine seu mandato."

O presidente nacional do PT também afirmou que o partido defenderá uma redução no recesso parlamentar para que uma decisão sobre o processo de impeachment seja “resolvida rapidamente”.

Temer

Falcão foi questionado a respeito da provável saída de Eliseu Padilha - ainda não oficializada - do Ministério da Aviação Civil. Padilha é próximo de Michel Temer e seu eventual pedido de demissão poderia ser um indício de afastamento do grupo do vice-presidente com o governo em virtude do pedido de impeachment - no caso da cassação da presidente, Temer é o primeiro na fila de sucessão.

O presidente do PT disse ter sabido da decisão de Padilha pela imprensa e afirmou desconhecer as razões do ministro para deixar o cargo. Segundo Falcão, o PMDB provavelmente indicará outro nome para a pasta.

Ele também minimizou o fato de Temer ter falado publicamente apenas uma vez após o acolhimento do pedido de impeachment - em entrevista à “Folha de S.Paulo”, Temer disse esperar que o Brasil saia “pacificado” após o processo e que o governo “fornecerá informações que serão analisadas adequadamente pela Câmara”.

“Na reunião com a presidente Dilma, o vice-presidente disse que o impeachment carece de base legal e, pela sua trajetória, jamais ele iria se acumpliciar com golpistas para golpear um governo que ele integra desde o início”, disse o presidente nacional do PT.