A roça das apostas
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O Banco Central fez um estudo (de apenas quatro páginas) sobre o fluxo de dinheiro enviado por apostadores para empresas de jogos online, as chamadas bets. Na divulgação, ganharam destaque três informações:
1- Cinco milhões de beneficiários do Bolsa Família apostaram em 56 empresas de jogos em agosto fazendo transferências via Pix;
2- Somados, esses cinco milhões de beneficiários gastaram R$ 3 bilhões em apostas durante apenas um mês;
3- A mediana das apostas foi de R$ 100. Traduzindo: metade dos apostadores jogou até R$ 100, no máximo. A outra metade apostou mais do que isso.
O Banco Central não diz isso, mas os números que seu estudo apresentou são um forte indício de fraude. Ao se dividir o valor gasto pelo número de beneficiários-jogadores, chega-se a um valor escalafobético: R$ 600 de valor médio para as apostas dos beneficiários do Bolsa Família. O valor médio pago mensalmente aos beneficiários é R$ 684. A estranheza não fica por aí.
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Gusttavo Lima e mais: cantores, bets e centrão têm interesses convergentes
O que a Operação Integration, que apura crime de lavagem de dinheiro e ganhou os holofotes com o pedido de prisão do cantor sertanejo Gusttavo Lima, tem a ver com as bets, como são chamados os jogos de aposta online, e a Câmara dos Deputados?
Gusttavo Lima, um dos sertanejos mais famosos do Brasil, teve a prisão decretada e revogada em menos de uma semana, período que o cantor nem estava em solo brasileiro. A suspeita é de que Gusttavo Lima tenha relação estreita com empresários envolvidos em jogos de apostas online. Há indícios, segundo a juíza que decreto a prisão, de que o cantor não seria apenas garoto propaganda da Vai de Bet, uma das casas de apostas investigadas, mas também teria participação societária na empresa.
O dono da Vai de Bet, José da Rocha Neto, e a esposa estavam na Grécia para comemorar o aniversário do sertanejo quando foi deflagrada a operação.
Além da carreira musical, Gusttavo Lima também atua no setor de agropecuária, com várias fazendas e criação de gado, assim como o também sertanejo Wesley Safadão e Bell Marques, cantor baiano e ex-vocalista da banda de axé Chiclete com Banana. Todos são amigos da turma do presidente da Câmara, Arthur Lira. Wesley Safadão, por exemplo, fez um leilão de cavalos. Lira arrematou um animal por R$ 200 mil.
Prefeituras aliadas ao presidente da Câmara contratam shows desses artistas com cachês muitas vezes desproporcionais ao orçamento municipal. O prefeito João Henrique Caldas, de Maceió, por exemplo, contratou o Gustavo Lima por quase R$ 1 milhão e o Wesley Safadão por R$ 700 mil para se apresentarem no São João deste ano. Outras cidades menores também pagaram cachês altíssimos aos cantores às custas dos cofres públicos.
Voltando às casas de apostas, que pagam muito bem aos cantores para servirem de garotos propaganda, é importante lembrar que os deputados que trabalharam para viabilizar o projeto de lei que acabou legalizando as apostas foi sancionado, em 2018, pelo ex-presidente Michel Temer e passou sem nenhuma regulamentação no governo Bolsonaro.
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'Ainda Estou Aqui': como Marcelo Rubens Paiva deu um nó na extrema direita
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberAgora é a vez de Marcelo Rubens Paiva, autor do clássico "Feliz Ano Velho", filho do deputado Marcelo Rubens Paiva, sequestrado e morto pela ditadura militar, e de Eunice Paiva, advogada e ativista dos direitos humanos e da causa indígena.
Esta última é a grande inspiração para o livro "Ainda Estou Aqui", escrito por Marcelo. Adaptado por Walter Salles para o cinema, o filme é protagonizado por Fernanda Torres e foi aclamado no Festival de Veneza, com dez minutos de aplausos e o prêmio de Melhor Roteiro.
A colunista do UOL Thais Bilenky conversou com Marcelo, e ele confidenciou seu sentimento de justiça ao final da exibição. Justiça à mãe, à história da família dele e uma sensação de vingança contra o ex-presidente Bolsonaro que, enquanto deputado, cuspiu no busto de Rubens Paiva na Câmara dos Deputados.
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Podcast A Hora, com José Roberto de Toledo e Thais Bilenky
A Hora é o novo podcast de notícias do UOL com os jornalistas Thais Bilenky e José Roberto de Toledo. O programa vai ao ar todas as sextas-feiras pela manhã nas plataformas de podcast e, à tarde, no YouTube.
Escute a íntegra nos principais players de podcast, como o Spotify e o Apple Podcasts já na sexta-feira pela manhã. À tarde, a íntegra do programa também estará disponível no formato videocast no YouTube. O conteúdo dará origem também a uma newsletter, enviada aos sábados de manhã.
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