Argentina anuncia 1ª alta do salário mínimo na gestão do ultraliberal Milei
O ministro da Economia da Argentina, Luis Caputto, afirmou hoje (19) que o governo vai fixar até amanhã um novo valor para o salário mínimo. De acordo com a TV La Nación+, o valor será de 180 mil pesos (R$ 1.062), em fevereiro, um aumento de 16% em relação ao valor atual, de 155 mil pesos (R$ 915). Em março, o mínimo subirá para 202 mil pesos (R$ 1.192), alta de 12% na comparação com o valor de fevereiro.
Será o primeiro reajuste no mínimo no governo do ultraliberal Javier Milei, que assumiu em dezembro.
A Argentina vive uma inflação galopante. Só em janeiro, os preços dispararam mais de 45% nos serviços e 26% no transporte público. A inflação mensal foi de 20%. Em 12 meses, a inflação acumulada é de 254%, a maior em trinta anos. Por causa do constante aumento de preços, os reajustes no salário mínimo são frequentes no país. O último aconteceu há três meses, em novembro. Mas, já naquele mesmo mês, a inflação fechou em 160%.
Caputto também disse que não descarta retomar a discussão da lei ônibus no Congresso, mas não indicou datas nem projeções. Garantiu que medidas fiscais não precisam passar pela lei ônibus, mas que seria importante tê-la para assegurar as mudanças estruturais do país, a exemplo de privatizações de empresas estatais. "É uma lástima que a lei não tenha passado, porque é a garantia de mudanças", disse.
"Estamos em reabilitação, e a reabilitação é dura", foi a analogia usada pelo ministro sobre a situação econômica do país. De acordo com Caputto, o plano de reformas que o governo está implementando é para "refundar a Argentina".
Ministro promete desaceleração da inflação mensal, para 10%
"Temos que ter paciência, mas não tenham dúvidas de que, dessa vez, vamos sair dessa situação", projetou o ministro, que chegou a prometer que a inflação mensal deve desacelerar a 10% e que a anual pode ir para dois dígitos no próximo semestre.
Antes, contudo, o ministro afirmou que a situação vai piorar para melhorar, como vem dizendo Milei desde que assumiu. "A situação pode piorar mais em abril", disse.
'Esforço das pessoas vai valer a pena'
Questionado sobre quando o país sairá dessa situação "catastrófica", o ministro disse que será quando a Argentina começar a crescer economicamente, o que refletirá em melhores salários, trabalhos e financiamentos.
O ministro classificou como "heroico" o comportamento das pessoas, suportando a crise. "Dessa vez, o esforço vai valer a pena", prometeu. "A Argentina vai finalmente mudar como pais."
Milei dá entrevista de tom pessoal
Logo após a entrevista do ministro, o mesmo canal de televisão transmitiu uma entrevista com Milei, que horas antes foi anunciada como uma entrevista especial, na qual Milei falaria dos índices de inflação, da pobreza e da lei ônibus.
A entrevista, no entanto, teve tom predominantemente pessoal. Milei falou sobre relacionamento amoroso, filhos e seu cachorro Conan, que morreu em 2017. Durante o encontro, o presidente argentino também afirmou que o governo está "trabalhando forte para uma reforma tributária".
Milei se recusou a dar uma nota a seus primeiros 70 dias de governo. "Faço minha avaliação privada. Encontramos uma situação muito pior do que imaginamos quando chegamos ao governo. Sei o que vou fazer e como fazer. Tenho convicção. Se aparecer um elemento adverso, tomarei as medidas", disse, a respeito de seu projeto Motosserra. Desde que assumiu, o presidente argentino tem pregado reduzir a zero o déficit fiscal, que, segundo ele, é o maior responsável pela crise econômica e a inflação crônica que vive o país.
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