Andreza Matais

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Reportagem

Caixa mantém em sigilo investigação de caixa 2 sobre interina da Petrobras

A CEF (Caixa Econômica Federal) mantém sob sigilo o andamento e a conclusão de uma investigação interna sobre Clarice Coppetti, ex-funcionária do banco e hoje presidente interina da Petrobras.

O procedimento foi instaurado há 19 anos para investigar denúncia de que ela atuaria como arrecadadora de campanhas do PT no banco. Na época, em 2005, Coppetti era assessora da presidência da Caixa.

A Folha de S.Paulo noticiou em 2005 que uma auditoria interna foi instaurada para investigar o caso a partir de um relatório da Gerência Nacional de Segurança. Aquele ano foi marcado pelo escândalo do mensalão, um esquema de pagamento de mesadas a aliados do governo Lula em seu primeiro mandato em troca de apoio político. O dinheiro vinha de empresas com contratos públicos.

Dezenove anos depois, a Caixa segue sem comentar o assunto. Procurado pela coluna, o banco pediu mais prazo para responder à demanda alegando estar localizando o processo.

Passado o prazo, respondeu em nota que "não divulga informações sobre eventuais denúncias e procedimentos correcionais, considerando o sigilo que deve proteger os dados pessoais dos envolvidos". Coppetti também afirmou, por meio da assessoria da Petrobras, que não falaria a respeito, assim como a petroleira não se manifestará sobre a investigação da CEF.

Atual diretora de Assuntos Corporativos da Petrobras, Coppetti foi escolhida para substituir Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Lula, até Magda Chambriard ser nomeada pelo conselho de administração, o que deve ocorrer amanhã (24).

O setor aposta que Coppetti é uma das poucas diretoras que não devem ser substituídas. Filiada ao PT desde 1982, ela é a única executiva da cota pessoal do presidente Lula na empresa. Chegou no cargo por convite do também petista Jean Paul Prates.

Segundo a denúncia, o dinheiro seria supostamente recolhido por "Clarice", então braço-direito de Jorge Mattoso, à época presidente CEF. Assinado pela Gerência Nacional de Segurança da Caixa, o relatório recomendava investigação.

"O dinheiro repassado mensalmente à tal Clarice seria para o fundo de campanha do PT", dizia o ofício, conforme noticiado pela Folha em 2005.

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Coppetti também ocupou a vice-presidência de Tecnologia da Caixa quando o sigilo do caseiro Francenildo Costa foi quebrado após ele acusar o então ministro Antonio Palocci de frequentar uma "casa de lobby" em Brasília. Em depoimento à CPI dos Bingos, que investigou o caso, ela negou qualquer envolvimento e, na época, isentou a Caixa. Em 2019, o banco foi condenado a indenizar o caseiro pela quebra do seu sigilo.

Na Petrobras, Coppetti é responsável por relações institucionais, fazendo a intermediação entre políticos, empresários e a petroleira. É uma área com bastante ligação com a presidência da empresa. Procurada, a empresa informou à coluna que não comentará a investigação da CEF.

Troca-troca

Indicada para substituir Jean Paul Prates, a expectativa é de que Chambriard substitua praticamente todos os diretores.

Três pessoas que a conhecem há duas décadas disseram à coluna que seu perfil é de trabalhar somente com quem tenha 100% de lealdade a ela. Chambriard chegou ao cargo indicada pelo ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli, que comandou a petroleira na época da polêmica compra da refinaria de Pasadena, uma planta inoperante que causou prejuízos milionários à empresa.

Todas as atenções do mercado estão voltadas para eventuais mudanças nas diretorias de Exploração e Produção (a chamada diretoria do "fura-poço") e de Engenharia, que gastam milhões de dólares com descobertas e desenvolvimento de projetos. As duas são comandadas hoje por funcionários de carreira da Petrobras, Joelson Falcão Mendes e Carlos José de Nascimento Travassos, respectivamente. Ambos foram alçados aos postos na gestão de Prates.

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