Andreza Matais

Andreza Matais

Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Em crise, Gol e Azul gastam milhões com reajuste salarial de executivos

A Azul e a Gol aumentaram em até 31% os gastos com salários e benefícios de seus executivos, ao mesmo tempo em que enfrentam uma crise financeira — usada como justificativa para solicitar a fusão das duas companhias aéreas.

Se o negócio for autorizado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), essas empresas passarão a concentrar 60% do mercado doméstico de transporte aéreo no país. Isso significa que os consumidores terão, basicamente, apenas duas companhias aéreas de grande porte (a nova empresa resultado da fusão e a Latam), que irão concentrar 98% do mercado.

No total, há 16 companhias autorizadas a operar voos regulares, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), mas a maioria delas oferece poucos trechos.

Mesmo em recuperação judicial, a Gol registrou em seu balanço um aumento de R$ 23,1 milhões nos pagamentos a executivos em 2024, na comparação com o ano anterior. Em 2023, foram R$ 73,1 milhões, enquanto em 2024 o valor subiu para R$ 96,2 milhões no ano fechado — um crescimento de 31,5%, bem acima da inflação do período. São 12 executivos, entre conselho de administração, diretoria e conselho fiscal. Não há dados sobre os valores individualizados.

A Azul, que não registra lucro desde 2019, também elevou seus gastos com salários e benefícios de executivos, passando de R$ 83,5 milhões em 2023 para R$ 98,13 milhões em 2024.

A coluna apresentou os números às duas companhias e questionou o que justificaria o reajuste diante da situação financeira. Ambas se recusaram a comentar o assunto. "A companhia não vai comentar a respeito", disse a Azul — mesma resposta encaminhada pela Gol.

Em documento registrado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 2023, a GOL justificou reajuste salarial assim: "De maneira geral, para garantir as melhores práticas de mercado, realizamos anualmente pesquisas salariais conduzidas por consultorias especializadas a fim de manter nossa estratégia de remuneração alinhada com os nossos objetivos e de nossos colaboradores, mantendo-nos competitivos."

Em janeiro, as duas companhias obtiveram um abatimento de R$ 4,8 bilhões em suas dívidas com a União, por meio de transações tributárias, conforme mostrou o colunista Graciliano Rocha, do UOL. Nesta segunda-feira, a Azul ofertou ações com o objetivo de captar R$ 4,1 bilhões para tentar tirar a empresa do vermelho.

Concentração do mercado versus preço

Em novembro, o ministro Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos) disse à coluna que não vê problemas na concentração do mercado aéreo. Segundo ele, para obter melhores preços, os consumidores devem comprar seus bilhetes com maior antecedência e ficar atentos às promoções.

Continua após a publicidade

"A gente está trabalhando para incutir no brasileiro a cultura de comprar passagens com mais antecedência", disse na ocasião.

O ministro não se opõe à abertura do mercado interno para companhias aéreas estrangeiras, uma demanda dessas empresas, mas não considera essa medida uma prioridade do governo.

"A gente está esperando a retomada da produção de aeronaves para que possamos fazer essa abertura do mercado. Há muitas companhias aéreas, como a Ibéria [da Espanha], que querem vir para o Brasil operar rotas internacionais e, no futuro, já admitem interesse nas rotas nacionais. Mas, para isso, precisam que a indústria de aviação do mundo seja retomada", disse.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

47 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Douglas Vasconcelos

Viva a iniciativa privada! Quando der ruim definitivamente é só pedir ajuda ao governo, que vai socorrer a empresa, os funcionários e os clientes prejudicados. Estado mínimo é bom para os outros, né?

Denunciar

Ivo Marques Ferreira

Considerando a extensão Territorial do Brasil, torna-se incompreensível o Cidadão Brasileiro ficar literalmente PRIVADO de viajar pelo Interior do País de Avião, já que as "inexistenetes" Cias Aereas só querem fazer Vôos interligando Capitais dos Estados. Alguém hoje que saia de Teresina no Piaui com destino a São Paulo, é capaz de ficar "voando" feito barata tonta "pingando" de Capital em Capital, para chegar em São Paulo somente no final da noite. O Brasil tem 5.570 Municípios, mas só as capitais e bem poucas outras Cidades maiores, é que possuem atendimento Aéreo. Um absurdo, considerando o tamanho do País!!! Sim, o Mercado Brasileiro de Aviação tem que ser ABERTO 100% às Cias Estrangeiras. Falta apetite concorrêncial no setor, em TOTAL e absoluto prejuizo ao Cidadão brasileiro. Não queremos só empresas Brasileiras no Setor, que na verdade, só tem o NOME de Brasileiras. Os "Donos", de fato, são estrangeiros!!! 

Denunciar

Joao Antonio Guerreiro Lourenco Silva

E ai cortam analista, culpando estes pelo alto custo de funcionário. A hipocrisia de sempre..executivos q não fazem nada. Só troca endereço 

Denunciar