Bolsonaro agora quer se livrar do bolsonarismo
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De uma tacada só, em edição extra do Diário Oficial, Bolsonaro afastou cinco vice-líderes do governo na Câmara.
Entre eles, está a deputada Bia Kicis (PSL-DF), a mais fervorosa bolsonarista, desde a campanha eleitoral, que ficou sabendo do seu afastamento pela imprensa e está inconsolável: "Ele poderia pelo menos me dar um telefonema...".
O próximo a dançar deverá ser o líder do governo, Victor Hugo (PSL-GO), que já tem até substituto, o deputado malufista Ricardo Barros (PP-PR), ex-ministro da Saúde de Michel Temer, um expoente da tropa do Centrão.
Até o início de agosto, o presidente quer limpar a área para montar sua nova base aliada comandada pelo Centrão, que também deverá ganhar novos cargos no ministério, tudo sob a supervisão dos generais Braga Netto e Luís Eduardo Ramos, os articuladores políticos do "novo governo Bolsonaro".
No Senado, a liderança do governo já está com o MDB, o maior partido do Centrão, e tem como forte aliado o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Em sua fase "Jairzinho paz e amor", o capitão está se afastando do "bolsonarismo raiz", para evitar novas encrencas com o Supremo e o Congresso.
Resta saber o que fará com o "gabinete do ódio", momentaneamente recolhido.
A primeira vítima dessa transformação do presidente foi o bolsonarista ultrarradical Abraham Weintraub, aquele ex-ministro da Educação que queria colocar o STF na cadeia para "lutar por liberdade".
Na disputa entre a "ala ideológica", dos filhos e de Olavo de Carvalho, com a "ala militar", parece que Bolsonaro fez sua opção preferencial pelos generais e o Centrão para garantir a retaguarda.
Se prosseguir nessa toada, chegará a vez dos últimos olavistas juramentados, o caçador de comunistas chineses Ernesto Araújo e esse inacreditável Ricardo Salles, o destruidor da floresta, que agora apenas faz figuração, ao lado do general Mourão, novo vice-rei da Amazônia.
Recolhido há mais de duas semanas ao Palácio da Alvorada, só fazendo propaganda da cloroquina, que ainda não deu certo, Bolsonaro quer voltar ao Planalto com novo figurino, o de pai dos pobres, mas não vai mudar nada para quem está na fila do pão e sem emprego.
O auxílio emergencial um dia acaba. Não adianta nada trocar o nome de Bolsa Família para Renda Brasil. A caixa de mágicas de Paulo Guedes não tem fundos, é tudo uma enganação.
Quem sobreviver à pandemia, verá.
É o que temos para o momento.
Vida que segue.
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