O que Mr. Weintraub pode aprontar no Banco Mundial? Vai prender quem?
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Nunca ninguém ficou tão feliz ao ser defenestrado do governo Bolsonaro como Abraham Weintraub. Ele mesmo fez questão de anunciar a boa nova num vídeo ao lado do presidente.
Também não era para menos: o seu prêmio de consolação era um cargo de diretor-executivo do Banco Mundial em Washington, com salário de R$ 100 mil por mês, fora as mordomias.
Antes que um constrangido Bolsonaro desistisse da nomeação, com o passaporte diplomático no bolso, Weintraub correu para o aeroporto e pegou o primeiro avião rumo à sinecura, bem longe dos processos que enfrentava no Supremo Tribunal Federal. Nem esperou a exoneração sair no Diário Oficial.
Deixando para trás um Ministério da Educação destroçado por olavistas e terraplanistas juramentados, sem ter apresentado qualquer plano de trabalho em 14 meses no governo, posou de exilado político e enviou selfies de Miami, em lanchonetes de fast-food, à espera da confirmação do seu nome, o que aconteceu na noite desta quinta-feira.
Abraham Weintraub no Banco Mundial, onde representará o Brasil e mais oito países no conselho da instituição, é mais ou menos como nomear o filho Eduardo Bolsonaro, o popular 03, para embaixador em Washington, como pretendia o presidente.
Com dificuldades para falar e escrever em português correto, pode-se imaginar como serão as intervenções do ex-ministro em inglês, a língua oficial no banco.
Ou ele ficará em silêncio, por não entender o que estão falando, fazendo apenas figuração, ou será mais um vexame mundial do Brasil.
Por sorte nossa, Weintraub cumprirá um mandato tampão de apenas três meses, até o dia 31 de outubro, quando será aberta nova eleição.
Mas já será suficiente para garantir uma bolada de R$ 300 mil, o que levaria um ano para ganhar no ministério. Até lá, o Brasil poderá encontrar um nome menos, digamos, exótico, do que o deste caçador de "comunistas", que odeia os povos indígenas e queria mandar o STF inteiro para a cadeia.
A cadeira que ele irá ocupar já foi de economistas e diplomatas brasileiros respeitados, como Pedro Malan, Murilo Portugal, Marcos Caramuru e Otaviano Canuto.
Em entrevista à CNN Brasil, Canuto lembrou que, para ocupar este posto, é recomendável ter características da diplomacia, boa articulação, poder de convencimento e muita gentileza na relação com seus pares e equipe. Ninguém lá ganha uma discussão no grito.
"Para isso, precisa ter respeito, consideração pelo tema, ter o reconhecimento de que pode falar por todos, na hora certa. Não é uma coisa individualizada. É preciso capacidade de influência para defender os interesses do Brasil, e isso depende de habilidade diplomática", ensina Otaviano Canuto,
Ou seja, tudo o que Weintraub nunca demonstrou na vida, muito ao contrário. A passagem dele pelo Ministério da Educação foi um tempo de permanentes conflitos com o Congresso, os reitores das universidades, professores e estudantes.
Como a aprovação da indicação feita pelos governos dos países membros do Banco Mundial é automática, certamente ninguém examinou o currículo do novo diretor-executivo, cuja breve atuação no mercado financeiro não foi lá das mais auspiciosas.
Ao saber da indicação do seu nome, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, lembrou que "ele trabalhou no Banco Votorantim, que quebrou em 2009, quando era economista chefe lá".
Weintraub garante que isso é mentira, mas até agora não apresentou ao distinto público qualquer qualificação na área econômico-financeira, muito menos na diplomática, para ocupar tão importante cargo.
Pode-se argumentar que, se ele não tinha biografia profissional para ser ministro da Educação, também não precisaria para ser diretor-executivo do Banco Mundial. Ficam elas por elas.
Se o ministro da Saúde pode ser um general, sem nenhuma experiência na área, muito menos em combate a pandemias, que levou uma tropa para colocar no lugar de médicos e acaba de nomear uma velha amiga socialite para o representar em Pernambuco, o absurdo não tem limite neste governo. Tudo é logo "normalizado".
Quem melhor resumiu o sentimento de muitos brasileiros, como eu, diante da oficialização do nome de Abraham Weintraub no Banco Mundial, foi meu colega Kennedy Alencar, aqui do UOL, que postou nas redes sociais:
"Que vergonha. Não tem qualificação para nada. É uma besta que vai entrar para a lata de lixo da História. Pena do Banco Mundial e dos brasileiros que tiveram essa figura num ministério fundamental para o futuro do país. Vai passar..."
Vida que segue.
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