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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Com queda em março, covid deixa de ser doença líder em mortes no país

29.dez.2021 - Paciente em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) recebe atendimento - 29.dez.2021 - Alain Jocard/AFP
29.dez.2021 - Paciente em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) recebe atendimento Imagem: 29.dez.2021 - Alain Jocard/AFP

Colunista do UOL

23/03/2022 04h00Atualizada em 23/03/2022 14h36

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Com a queda do número de casos e, consequentemente, de mortes, a covid-19 deixou de liderar o ranking de causa de óbitos no país no mês de março, segundo dados divulgados na terça-feira (22) pelos cartórios de registro civil.

A doença havia voltado a ser a principal causa de mortes no país na semana de 16 a 22 de janeiro, impulsionada pela chegada de variante ômicron e pelas aglomerações nas festas de fim de ano. Após sete semanas, a redução dos números colocou a covid-19 novamente na terceira posição da lista na semana de 6 a 12 de março.

Essa é a segunda vez, desde abril de 2020, que a covid-19 sai do topo do ranking de causa de mortes no Brasil. A primeira aconteceu nas 13 semanas entre 17 de outubro de 2021 e 15 de janeiro deste ano, quando infartos e AVCs (acidente vascular cerebral) voltaram a ser a principal causa de morte no país —como era antes da pandemia.

O pico de mortes pela covid-19 na terceira onda ocorreu entre a semana de 30 de janeiro a 5 de fevereiro, quando foi a causa de 6.641 óbitos.

Número ainda alto

Na segunda-feira, a média móvel de mortes em decorrência da covid-19 ficou abaixo de 300 após quase dois meses acima, fechando em 291, segundo dados do consórcio de imprensa que o UOL faz parte.

Apesar da queda, a atual média de mortes diárias preocupa especialistas. "O número de 290 mortes por dia ainda é muito alto. Uma doença infecciosa que causa isso é preocupante. Para a gente dizer que está tranquilo e controlado é necessário termos mais 90, 120 dias de queda. É cedo para cantar a vitória", avalia a infectologista e professora da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), Vera Magalhães.

Por conta da quantidade de casos e óbitos ainda em alta, especialistas alertam que a pandemia segue, e que não é hora de rebaixar a covid-19 como uma endemia.

Além disso, Magalhães cita que ainda há fatores que precisam ser levados em conta, como a falta de vacina para crianças abaixo de cinco anos.

O número de casos de SRAG [Síndrome Respiratória Aguda Grave] em crianças de 0 a 4 anos aumentou muito. Desde janeiro ela continua alta, e 97% dos casos são causados pela covid. Ainda é uma doença preocupante. Sem contar que a gente sabe que a BA.2 está na porta, já temos casos diagnosticados.
Vera Magalhães, UFPE

Segundo o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, somente em 2022 foram internadas 19.867 crianças de até cinco anos no país por SRAG, com 374 óbitos. Os dados são referentes até o dia 11 de março.

Já em referência à BA.2, que tem causado uma alta de casos em vários países europeus, o país tinha 11 casos confirmados até ontem, segundo o painel de variantes da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). Entretanto, como o número de amostras sequenciadas é muito baixo no Brasil, o número deve estar desatualizado.

Outro ponto que Magalhães destaca é o clima de relaxamento absoluto, que leva a uma queda na procura por testes.

"Não podemos nem dizer que houve uma diminuição da circulação viral. Houve uma redução muito grande do número de pessoas que estão sendo testadas, exatamente por esse clima de já passou, de poder tirar máscara. Temos que manter o alerta", alerta.