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Sem Renan e sem vice, Alagoas terá eleição indireta com cartas já marcadas
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A renúncia ontem do governador Renan Filho (MDB) vai fazer com que Alagoas tenha uma eleição antes de outubro. Será indireta e já está liquidada: salvo uma hecatombe política, Paulo Dantas (MDB) será eleito e disputará a reeleição em outubro com o apoio dos Calheiros.
Sem um vice-governador (Luciano Barbosa, do MDB, renunciou em 2020 para disputar a Prefeitura de Arapiraca) e com o presidente da Assembleia (Marcelo Victor, também do MDB) negando o cargo para ser candidato à reeleição, o governo do estado ficou nas mãos do presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Klever Loureiro, que convoca eleições indiretas em 30 dias.
Com isso, a eleição deve ocorrer no dia 2 de maio. Têm direito a voto os 27 deputados estaduais, 14 dos quais são do MDB.
O nome de Paulo Dantas foi uma escolha feita dentro da Assembleia Legislativa, onde o futuro governador era líder da maioria do governo. A decisão foi do chamado "grupão" de deputados. O nome foi referendado por Renan Filho, que nas últimas semanas colocou Dantas em todos os palanques em eventos públicos.
Em evento na quinta-feira em União dos Palmares (a 70 km de Maceió), Paulo Dantas teve direito a fala e explicou o acordo fechado em torno de seu nome para governador-tampão.
"Conversei com alguns deputados, com o governador Renan, com prefeitos, com as pessoas. Decidi assim colocar meu nome para suceder o do governador. Temos muita chance e acredito que iremos ter um resultado positivo no dia 2 de maio", disse.
Já deixa claro que vai ser o governador e pretende adotar o continuísmo. "Nosso compromisso é fazer com que Alagoas nada pare. Isso significa que nós assinamos aqui hoje ordens de serviços, convênios. A obra do Muquém [comunidade quilombola] foi iniciada hoje e será concluída no nosso governo."
"O governo continuará de portas abertas para você, Kil [prefeito] e para o povo de União dos Palmares", completou.
Quem é próximo governador
Dantas é um político com base no sertão de Alagoas, mais especificamente em Batalha (a 188 km de Maceió), onde foi prefeito entre 2005 e 2012 —hoje sua esposa, Marina Dantas (MDB), é prefeita lá. Com 43 anos, é filho do ex-deputado estadual federal Luiz Dantas, de quem herdou seus redutos eleitorais.
A vitória dele —que já era dada como certa— foi sacramentada no último dia 24, quando o MDB filiou oito deputados estaduais (já tinha seis), garantindo maioria absoluta. Assim, não vai correr riscos.
"A gente já sabia que isso ia acontecer pelo menos desde o início do ano, quando houve essa configuração aí. É uma certa concertação no âmbito da Assembleia em relação ao nome do Paulo Dantas. Por isso até essas cartas marcadas", diz a cientista política Luciana Santana.
Por trás disso, um fato político foi determinante para a debandada em direção ao MDB: o rompimento do presidente da Assembleia, Marcelo Victor (MDB), com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "Isso diz muito sobre essa nova configuração do MDB", afirma a especialista.
"Esse nova configuração [na Assembleia] reforça o antagonismo de duas forças políticas que são predominantes hoje no estado: o PP [de Arthur Lira] e o MDB [dos Calheiros]. Isso gerou essa situação hoje."
Arthur Lira será candidato à reeleição e deve apoiar o nome do senador Rodrigo Cunha (PSDB) contra Paulo Dantas. O acordo, porém, ainda não foi sacramentado, e nomes como o da deputada estadual Jó Pereira (sem partido) e o ex-prefeito de Maceió Rui Palmeira (PSD) não estão descartados.
Ainda desconhecido do grande público, Dantas deve encontrar dificuldades na eleição de outubro, mesmo com o governo na mão.
"O êxito [na eleição indireta] não significa que o MDB terá os mesmos êxitos na eleição ao governo, até porque a disputa está bastante complexa ainda. Tem aí nomes que hoje aparecem como competitivos, por terem apoios fortes", explica Luciana Santana.
A situação do MDB hoje é confortável, mas não necessariamente isso vai se manter no longo prazo. Depende muito de como essas articulações e os apoios vão se dar a partir da definição das candidaturas.
Luciana Santana, cientista política
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