Irmão confirma racha e diz que Cid não apoia o candidato de Ciro no Ceará

?

O prefeito de Sobral (CE), Ivo Gomes (PDT), colocou mais lenha na fogueira do racha da família Ferreira Gomes ao confirmar publicamente que o senador Cid Gomes (PDT), um de seus irmãos, não vai apoiar o candidato escolhido pelo diretório estadual do PDT para a disputa ao governo do estado. Em julho, foi definido o nome do ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio, com a bênção do presidenciável Ciro Gomes.

Em postagem ontem em seu Instagram, o irmão mais novo de Cid e Ciro questionou o diretório cearense do partido.

Relacionadas

PT vê dedo de Ciro em escolha do PDT que implode aliança no Ceará

Ciro contesta apoio de intelectuais a Lula: 'Vamos suicidar o país?'

PL de Bolsonaro fecha com Collor e indica vice para governo de Alagoas

"Engraçado, pra não dizer outra coisa, o meu partido. Ignora e alija Cid do processo de escolha do candidato. Agora quer enganar os entrevistados de pesquisa exigindo na Justiça a menção de um apoio do mesmo Cid a RC [Roberto Cláudio], apoio esse que simplesmente não existe", escreveu.

A fala de Ivo confirma o racha familiar —informado pelo UOL na semana passada— dos irmãos Gomes, que se dividiram na escolha do nome pedetista para corrida o ao governo do estado.

As palavras vieram acompanhadas de uma reportagem do site Focus que apontava que o PDT pediu a impugnação da mais recente pesquisa Real Time Big Data, contratada pela TV Record e que seria divulgada hoje.

O formulário da pesquisa exclui no rol de apoio à candidatura de Roberto Cláudio o nome de Cid Gomes. "Sem dúvida alguma confunde e sugestiona o eleitorado pesquisado e aos que tomarem conhecimento da pesquisa", diz a ação.

Racha entre irmãos

Segundo apurou a coluna, os irmãos se dividiram durante o processo de escolha do partido do nome que iria concorrer ao governo do Ceará. Ciro apoiou —inclusive atuando nos bastidores— Roberto Cláudio para ser o eleito pelo diretório estadual, rifando a governadora Izolda Cela (sem partido) da disputa.

Historicamente responsável pelas articulações locais, Cid Gomes sumiu nas conversas e abandonou as negociações. Segundo bastidores, ele teria um acordo com o ex-governador Camilo Santana (PT) e com Izolda para que ela fosse a escolhida.

Cid não se posicionou, dizem, para evitar um atrito público com o irmão e não prejudicar sua candidatura à Presidência.

Desde que Roberto Cláudio foi escolhido, Cid não concedeu entrevistas nem postou nada em suas redes sociais.

Segundo fontes ouvidas pela coluna, Ciro buscou em Cláudio um palanque fiel à sua candidatura à Presidência, forçando assim uma ruptura com o PT —que condicionou a continuidade da aliança à escolha de Izolda para a reeleição. Assim, não correria o risco de um palanque híbrido com Lula no Ceará.

Parte dos integrantes do diretório pedetista também se chateou com o que chamaram de pressão indevida para que o partido escolhesse o nome de Izolda Cela.

Ao final, o PT rompeu com o PDT e lançou o deputado estadual Elmano de Freitas como candidato em ato no último sábado, com direito à presença de Lula em Fortaleza.

Após o rompimento, o PT conseguiu atrair alguns aliados. Solidariedade e Pros anunciaram nesta semana que vão encorpar o palanque de Freitas, descartando abraçar a candidatura de Capitão Wagner (União Brasil). O MDB, de Eunício Oliveira, também se coligou com o PT.

Já PSB e PSD decidiram ficar na aliança e apoiam Roberto Cláudio. O PSDB, com o senador Tasso Jereissati, também anunciou apoio a Roberto Cláudio.

A escolha do candidato também foi traumática para o PDT, com a perda principal sendo da própria Izolda. Ela deixou o PDT poucos dias após ter sido preterida.

Fontes ligadas a Izolda afirmaram que não havia nenhum clima ou chance de ela pedir voto para Cláudio na campanha. Elas sinalizam que ela pode, inclusive, apoiar Freitas na disputa. A governadora teria ficado chateada com o processo interno no PDT e a pressão de Ciro.

Pelo menos outros dez prefeitos do PDT também decidiram não apoiar Cláudio e devem se desfiliar. Eles têm mais conexão com Camilo Santana, que tem sido o principal articulador de apoios para a chapa do PT.

As alianças devem ser o tema das sabatinas feitas pelo UOL e pela Folha a partir de amanhã. Elas acontecem, sempre às 10h, na seguinte ordem de candidatos:

• 05/08 - Elmano de Freitas (PT)
• 08/08 - Roberto Cláudio (PDT)
• 10/08 - Capitão Wagner (União Brasil)