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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Lula mantém ato em Alagoas na quinta e apoio a governador afastado pelo STJ

Alckmin, governador Paulo Dantas, Lula e Renan Filho durante visita a Maceió em junho - Redproução/Twitter
Alckmin, governador Paulo Dantas, Lula e Renan Filho durante visita a Maceió em junho Imagem: Redproução/Twitter

Carlos Madeiro e Lucas Borges Teixeira

Colunista do UOL e do UOL, em Belford Roxo (RJ)

11/10/2022 20h03Atualizada em 11/10/2022 20h03

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai manter a agenda marcada para Maceió na quinta-feira, às 16h. Está programado na capital um ato de rua com o governador de Alagoas e candidato à reeleição, Paulo Dantas (MDB).

Em entrevista em Belford Roxo (RJ), na Baixada Fluminense, Lula defendeu o direito de defesa de Dantas, afastado do governo por ordem judicial, e reforçou seu apoio. "Eu espero que as pessoas que foram acusadas tenham direito a recorrer à Suprema Corte e que a Suprema Corte se manifeste a tempo de disputar as eleições", afirmou o ex-presidente.

Eu acho que o candidato a governador de Alagoas, se quiser, estará como candidato sub judice e eu estarei prazerosamente fazendo campanha."
Lula, em coletiva, sobre Paulo Dantas

O ex-presidente citou ainda as suas condenações na Lava Jato, suspensas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), e chamou a operação de "suspeita". "Na minha opinião, até cheirando suspeição, porque é um processo antigo. Faltando pouco tempo para as eleições, você tentar tirar um candidato que é adversário do candidato do Arthur Lira, presidente da Câmara."

"Eu que já fui vítima de mentiras, muitas mentiras, eu espero que as pessoas tenham direito à presunção de inocência", afirmou Lula.

Respeito. O planejamento do evento já estava todo encaminhado para quinta-feira, até que nesta manhã Dantas foi afastado do cargo por decisão da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça), por 180 dias.

O UOL apurou que chegou a ser ventilada por integrantes do PT a possibilidade de ser desmarcado o evento, mas foi logo rechaçada. O evento planejado é uma caminhada no centro da cidade.

Pessoas próximas à campanha dizem ainda que Lula nunca cancelaria a viagem em cima da hora também por respeito a Renan Calheiros. Sem qualquer ligação direta com Dantas, Lula tem no senador alagoano um dos aliados mais fortes hoje e num possível governo a partir de 2023.

"A decisão de Lula foi acertada, independe do aspecto que ele levou em conta, porque a gente não pode banalizar o que aconteceu de 2016 para cá, que foi a utilização do lawfare [quando o direito é usado como arma por opositores], a interferência do Poder Judiciário e a judicialização da politica para modificar resultados eleitorais", afirma Ricardo Barbosa, presidente do PT em Alagoas.

Isso aconteceu com Lula, que foi retirado das eleições e preso para não disputar em 2018 e assim favorecer a eleição de Jair Bolsonaro. Só depois da desgraça feita no país é que foi visto que era uma armação. Isso serve também para a situação do Paulo Dantas. Nós do PT estamos do lado do Paulo."
Ricardo Barbosa, presidente do PT em Alagoas

Além do afastamento, ele foi alvo de mandados de busca e apreensão em imóveis e teve bens bloqueados. Mais detalhes não foram repassados pelos órgãos que investigam o caso, porque o processo corre em segredo de Justiça.

A informação dada pela PGR (Procuradoria-Geral da República) é que foram cumpridos 31 mandados de busca e apreensão na operação Edema, que investiga um grupo suspeito de cometer crimes de organização criminosa, peculato e lavagem de dinheiro.

Dantas teve apoio de Lula no primeiro turno e terminou na frente em Alagoas, com 46,61% dos votos válidos. Vai disputar o segundo turno contra o senador Rodrigo Cunha (União Brasil).

Até o momento, Dantas lidera os levantamentos, com 59% das intenções de votos válidos, segundo pesquisa Real Time Big Data de hoje.

Paulo Dantas (MDB) em visita  a Lula após ser anunciado como o candidato em Alagoas   - Reprodução/Twitter - Reprodução/Twitter
Paulo Dantas (MDB) em visita a Lula após ser anunciado como o candidato em Alagoas
Imagem: Reprodução/Twitter

Em nota divulgada pelos partidos da coligação, entre eles o PT, as agremiações dizem que "nenhuma trama vai impedir a vontade do povo".

"O dia 11 de outubro de 2022 ficará marcado na história brasileira como o maior ataque feito contra um governador legitimamente eleito, vencedor do primeiro turno com ampla vantagem e líder absoluto nas pesquisas. Sob o comando de Arthur Lira, um segmento da Polícia Federal realizou hoje uma operação que atenta contra a democracia em Alagoas e no Brasil", afirma o texto.

Defesa a Paulo e ataque à Justiça

Entre os líderes petistas e aliados do governador, o discurso é uníssono: a decisão só veio porque houve alguma interferência política na decisão.

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em um tuíte ver como "suspeitíssima" a decisão do STJ.

A comunicação mais dura veio do senador Renan Calheiros, que acusa o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP).

"Foi parar no STJ por uma armação de Lira e lá perambulou por vários gabinetes até cair nas mãos certas da ministra bolsonarista Laurita Vaz, que não tem competência para o caso", afirmou em uma sequência de posts em sua conta.

Calheiros ainda disse que foi consultado para saber sua opinião sobre a vinda de Lula a Maceió nesta quinta e posicionou favoravelmente. "É muito importante a presença dele até para ter uma repercussão dos fatos que aqui estão acontecendo: um governador afastado no meio de turnos na eleição em uma intervenção política."

O senador eleito e ex-governador Renan Filho (MDB) também atacou a decisão e mencionou um possível envolvimento de Lira.

Em entrevista ao UOL na tarde de hoje, Lira negou qualquer ingerência na PF (que foi quem pediu o afastamento) ou em outros órgãos que avaliaram a operação.

"Estão querendo politizar uma situação que, no Brasil, ninguém controla. Essa Operação Edema, qualquer político de Alagoas sabia que mais dia, menos dia iria acontecer", afirmou.

Não podem esconder o fato de que essa operação aconteceu e deve ter gravidades. Uma ministra do STJ dar uma decisão de afastar um governador num período eleitoral [é porque] deve ter muita coisa séria."
Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados