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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Debate em PE: Raquel e Marília renegam apoios de Paulo Câmara e Bolsonaro

Colunista do UOL

27/10/2022 23h08Atualizada em 28/10/2022 11h52

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Único estado em que duas mulheres disputam o governo no segundo turno, as candidatas Raquel Lyra (PSDB) e Marília Arraes (Solidariedade) fizeram um debate quente hoje na TV Globo em Pernambuco.

O principal motivo da troca de farpas, mais uma vez, foi a negação de ambas ao serem apontadas como as "candidatas oficiais" do governador Paulo Câmara (PSB) e do presidente Jair Bolsonaro (PL).

No caso de Raquel, ela bateu na tecla de que o PSB declarou apoio a Marília no segundo turno, e isso a tornaria a "candidata do governador".

"Temos duas mulheres no segundo turno. Uma que representa a mudança de verdade; outra, que representa a continuidade de um grupo que faz de tudo para se manter no poder", afirmou.

Já Marília insistiu que Raquel é a candidata de Bolsonaro, apesar de a tucana ter declarado neutralidade na disputa presidencial. "A sua candidatura é trincheira do bolsonarismo em Pernambuco. De um lado, tem uma candidata do lado da democracia; de outro, uma que não tem coragem de dizer que é candidata de Bolsonaro", retrucou.

"Nós temos dois projetos em jogo, não dá para ficar em cima do muro. Aqui em Pernambuco sabe que sou oposição a Paulo Câmara. Uma mentira contada mil vezes não se torna verdade. Você conhece minha luta e sabe que sou oposição [ao governador], mas sempre oposição alinhada ao que o presidente Lula quer fazer no Brasil", afirmou.

Raquel respondeu e voltou a defender a neutralidade como uma forma de unir Pernambuco. "A candidata que teima em mentir, já perdeu 12 ações na Justiça. Não sou como seu primo [João Campos, prefeito do Recife], que briga de dia na cozinha da tua casa e à noite se arrumam para o jantar". disse.

"Eu já disse que não vou declarar voto, mas o fato sério mesmo é que Pernambuco precisa que seja capaz de fazer pontes, não de erguer muros. Tenho pessoas comigo que votam em Lula e pessoas que votam em Bolsonaro", afirmou.

Raquel Lyra (PSDB) no debate de hoje em Pernambuco, na TV Globo Nordeste - Reprodução - Reprodução
Raquel Lyra (PSDB) no debate de hoje em Pernambuco, na TV Globo Nordeste
Imagem: Reprodução

Durante todo o primeiro bloco, Marília tentou nacionalizar a campanha, citando sempre que apoiava Lula e questionando porque Raquel teria "vergonha de assumir que vota em Bolsonaro".

Ela chegou a apelar para que os eleitores dos petistas refletissem sobre o voto. "Quero falar para você, eleitor, escolher bem os dois projetos. Temos aqueles que defendem o ódio e o preconceito contra o presidente Lula. Pense bem de que lado você está, vocês conhecem meu lado", afirmou.

Em Pernambuco, após ficar em segundo lugar, a candidata Raquel Lyra lidera a corrida final com oito pontos de vantagem de Marília, segundo pesquisa do Ipec divulgada na terça-feira.

Uma das apostas de Marília é buscar o voto casado com o presidente Lula, que no primeiro turno deu 66% dos votos válidos em Pernambuco.

Em sua resposta, Raquel lembrou votos declarados que tem de diversos apoiadores de Lula, como o do deputado federal Túlio Gadelha (Rede) e da coordenadora da campanha de Lula no sertão, Márcia Conrado. "Onde ela enxerga lulista e bolsonarista, eu enxergo pernambucanos", afirmou.

No segundo bloco, as candidatas falaram sobre dois temas pré-definidos escolhidos por elas. Raquel escolheu educação, e Marília, mulher. No fim, elas voltaram a trocar farpas.

O time que ela vai montar é o de Bolsonaro. Você, eleitor de Lula, preste atenção com quem ela está com ela, em quem vai garantir o direito da mulher de verdade."
Marília Arraes

E o time dela é o time de Paulo Câmara, que quer se manter no poder, e Pernambuco não quer mais. Ninguém se engana com isso, candidata."
Raquel Lyra

No meio do terceiro bloco, Marília voltou ao tema em uma pergunta sobre saúde. "Queria saber da candidata, por curiosidade, se o governo Bolsonaro é corrupto", provocou.

"Se existe, quando existe e o que existiu, a investigação é para todos. Sempre agi com impessoalidade e transparência. Isso é o correto para mim e para a democracia", disse Raquel.

"Ela não disse uma palavra sobre os absurdo de corrupção de Bolsonaro e sua família. Você, eleitor de Lula, concorda com isso?", perguntou.

"A candidata tenta a todo instante nacionalizar o debate para fugir do tema. O debate presidencial é amanhã, aqui se discute Pernambuco", rebateu Raquel.

Marília durante o debate de hoje na TV Globo - Reprodução - Reprodução
Marília durante o debate de hoje na TV Globo
Imagem: Reprodução

Outro tema que resultou em críticas de Marília foi a gestão de Raquel à frente da Prefeitura de Caruaru entre 2017 e 2022. Segundo a candidata da Solidariedade, metade das escolas da cidade não tem refeitórios ou saneamento.

"Quando você fala de Caruaru, parece que tem a síndrome da Polyana, em que o mundo se acabava em sua volta, mas ela se apegava a alguns detalhes para dizer que está maravilhoso", disse.

Raquel voltou a chamar Marília de mentirosa mais uma vez. "Você não cansa de mentir. Nós entregamos 4.500 moradias, fizemos obras de drenagem que havia mais de 30 anos que não se entregava na cidade, fiz canais", respondeu Raquel.