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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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PE: Marília acusa Raquel de 'plantar' apoio do governador para prejudicá-la

Marília e Raquel se enfrentaram em primeiro debate do segundo turno, em Caruaru  - Reprodução
Marília e Raquel se enfrentaram em primeiro debate do segundo turno, em Caruaru Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

18/10/2022 12h46Atualizada em 18/10/2022 13h59

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A declaração de apoio e a ligação das candidatas ao governador Paulo Câmara (PSB) roubaram hoje a cena no primeiro debate do segundo turno entre Raquel Lyra (PSDB) e Marília Arraes (Solidariedade), realizado em Caruaru. O encontro foi promovido pela Fiepe (Federação da Indústria de Pernambuco).

A troca de acusações entre as duas começou logo no início do evento, quando Marília —que recebeu o apoio formal do PSB e de Câmara no segundo turno— falou que Pernambuco é "um celeiro de obras paradas" e atacou o governador.

"Nunca votei em Paulo Câmara, ao contrário da minha adversária, que votou e fez campanha; e o pai dela [João Lyra Neto], quando era governador, foi crucial em 2014 para a eleição dele", disse.

Raquel reagiu. "Ele está ao seu lado, está nos jornais: Paulo Câmara declarou o apoio a você, não fui eu", afirmou.

Em outro momento mais quente, Marília insinuou que a declaração de Câmara de apoio e até o oferecimento para subir no palanque dela foram feitos para prejudicar sua candidatura. A fala do governador foi dada no último dia 11 em entrevista ao jornal Diário de Pernambuco.

"Esse apoio, essa declaração na verdade que ele deu com certeza foi combinada com você, assim como foi combinada aquela fala com o [deputado federal] Ricardo Teobaldo [Podemos] dizendo que vota em você e em Lula. Inclusive caiu muito mal com os bolsonaristas", afirmou.

"Todos sabem que sou oposição. Todo mundo sabe, o meio político sabe que por debaixo dos panos ele está lhe ajudando", completou.

Paulo Câmara tinha como candidato no primeiro turno o deputado federal Danilo Cabral, que ficou fora da disputa. No segundo turno, o PSB apoiou formalmente a campanha de Marília.

Governador Paulo Câmara (PSB), que deixará o cargo no fim do ano - Divulgação - Divulgação
Governador Paulo Câmara (PSB), que deixará o cargo no fim do ano
Imagem: Divulgação

A explicação para a "fuga". O governador tem baixos índices de aprovação. Segundo o Ipec de 27 de setembro, 56% dos pernambucanos avaliam como ruim ou péssima a gestão de Câmara. Só 14% acham boa ou ótima.

Mais farpas

Raquel voltou ao tema ao comentar sobre o vice-governador na chapa de Marília, que integrou o governo Câmara. "Seu candidato a vice era secretário das Estradas. Sebastião Oliveira [Avante] deixou as piores estradas do Brasil, que atrapalham a vida das pessoas", afirmou.

Já Marília respondeu que Raquel seria ligada à "boa parte da turma de Paulo Câmara". A tucana respondeu que Marília seria "a candidata das 'fake news', da mentira". "A Justiça já mandou retirar várias postagens. Houve dez ações e ganhamos todas. Ela não teve nenhuma [vencida] contra nós. Vamos restabelecer a verdade."

Marília atacou Raquel por ser supostamente a candidata de Bolsonaro em Pernambuco  - Reprodução - Reprodução
Marília atacou Raquel por ser supostamente a candidata de Bolsonaro em Pernambuco
Imagem: Reprodução

Em outro momento, Raquel disse que ela e o prefeito do Recife, João Campos (PSB), tiveram uma "briga de mentirinha" há dois anos. Campos é primo de Marília e os dois travaram uma intensa disputa pelo cargo em 2020, com troca recíprocas de acusações.

Agora no segundo turno, reataram e chegaram a aparecer juntos durante a visita de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Recife, na sexta-feira da semana passada.

O tema seguiu dando a tônica do debate. Em pergunta sobre desemprego, Raquel citou os piores índices de trabalho de Pernambuco e a ligação de Marília com o governo, ressaltando que a sua adversária seria uma continuidade do problema.

"Peço aqui ao pessoal da minha assessoria que conte quantas vezes ela falou 'Paulo Câmara'. Antes estava dizendo que ela falava mais que Danilo Cabral no primeiro turno, mas agora está falando mais que a mulher de Paulo Câmara. Eu nunca troquei cinco minutos de conversa com Paulo", afirmou Marília.

Paulo diz quem ele quiser, ele apoia quem ele quiser, todos sabem que sou oposição. Em 2014, fiz oposição o tempo inteiro quando escolheram um gerente, nunca aceitei isso."
Marília Arraes (Solidariedade)

Não adianta querer colocar no meu colo Paulo Câmara, que está apoiando ela. Pernambuco vive o pior momento da sua história, Pernambuco mostrou que quer mudança."
Raquel Lyra (PSDB)

Raquel Lyra diz que governador apoia sua adversária - Reprodução - Reprodução
Raquel Lyra diz que governador apoia sua adversária
Imagem: Reprodução

Palanque federal

Em uma pergunta direta a Raquel, Marília citou a fala de Bolsonaro de que "pintou um clima" com adolescentes venezuelanas e questionou por que a candidata —que foi secretária da Infância e Juventude no governo Eduardo Campos— não se pronunciou sobre o caso. "Por que você não assume que é candidata de Bolsonaro?"

Raquel respondeu dizendo que "valem mais as minhas palavras e as minhas atitudes". "Criamos [quando secretária]. É inadmissível qualquer fala que trate de exploração infantil, inadmissível. Jamais serei conivente quanto a isso. Mas volto a dizer: não vou declarar voto no segundo turno. Precisamos unir o estado e vou ser a governadora de todos os pernambucanos", disse.

No segundo turno, Marília recebeu o apoio do ex-presidente Lula e usa boa parte do tempo de propaganda em rádio e TV nacionalizando a campanha e tentando colar a pecha de que Raquel é a candidata de Bolsonaro no estado.

A tucana, por sua vez, preferiu não declarar voto, mesmo com pedidos de apoiadores de Bolsonaro para que apoie o presidente. Em vários momentos, ela afirmou que não está com Bolsonaro e que já votou várias vezes no PT.