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Braskem no BBB gera revolta em Maceió: 'Destruiu casas de 60 mil, escárnio'
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A aparição da petroquímica e mineradora Braskem como patrocinadora do BBB 2023 causou revolta em Maceió, onde a empresa foi responsável pelo afundamento do solo em cinco bairros e inutilizou 14 mil imóveis.
São 60 mil famílias expulsas das suas casas, obrigadas a fazer acordo da maneira que a Braskem quis. Ela sempre falou de limite para nos pagar, mas não teve limite para patrocinar um reality show"
Jorge Gonzaga, morador do bairro há 27 anos que decidiu não aceitar a proposta da mineradora
Este ano, o reality da TV Globo tem como um dos focos a sustentabilidade. Para isso, adotou coleta seletiva e compostagem de resíduos e anunciou o "Cota Reciclagem" no projeto comercial do BBB.
A mensagem de que a Braskem patrocina essa ideia revoltou os moradores afetados pela atividade da mineradora no subsolo da região.
Quem aparece agora 'preocupada' com a casa sustentável destruiu a casa de 60 mil pessoas aqui. Não tem outra palavra senão escárnio, desfaçatez. Típico de conglomerados desse capitalismo selvagem, que destroem a vida e o sonho das pessoas e depois se lançam como patrocinadores de eventos populares com apelo de empresa que 'se preocupa' com o cuidado ambiental"
Wellington Santos, pastor da Igreja Batista do Pinheiro, única que permanece na área de risco
O problema nos bairros de Maceió foi percebido em 2018, quando um tremor de terra causou rachaduras em ruas e prédios do bairro de Pinheiro. Uma série de estudos foram feitos e apontaram que ao todo cinco bairros estavam afundando por conta da retirada de sal-gema do subsolo.
A população foi evacuada para evitar tragédias e três dos bairros tiveram prédios demolidos. A região virou uma cidade fantasma e apenas 69 moradores não aceitaram o valor proposto pela Braskem no programa de compensação.
A negociação entre Braskem e moradores foi marcada por muitas reclamações, com relatos de pressão para que deixassem as casas e aceitassem indenizações em valores menores do que o que desejavam.
O que a gente sempre quis é que a Braskem pague o valor justo do m² de cada casa. Só que ela se recusa e pisa no nosso pescoço. É justo ela fazer o que está fazendo?"
Jorge Gonzaga
Também moradora do Pinheiro, a advogada Andrea Karla Cardoso Amaral afirma que o patrocínio da Braskem, em contraste ao que ocorreu em Maceió, mostra que a empresa "prefere o BBB do que pagar as suas vítimas, algo extremamente vergonhoso."
Uma propaganda positiva para mostrar ao mundo que a Braskem é top, mas aqui diz que não tem nada mais a oferecer. É uma humilhação para nós, que precisamos deles para dar seguimento em nossas vidas"
Andrea Amaral
À coluna, a Braskem informou que já realocou 98% dos moradores das áreas definidas pela Defesa Civil e apresentou, até o final de 2022, 18.618 propostas —ou 97% de todas as propostas previstas. O índice de aceitação se mantém acima de 99% e mais de R$ 3,2 bilhões já foram pagos em indenizações, auxílios financeiros e honorários de advogados.
"A Braskem vem cumprindo rigorosamente os acordos firmados com as autoridades, priorizando a segurança das pessoas e a solução do fenômeno geológico, permitindo ainda que os moradores realocados sejam indenizados de maneira justa, no menor tempo possível", diz a nota.
Sobre o patrocínio ao BBB, a empresa diz que, como "maior produtora de resinas plásticas do país, tem o compromisso de atuar de forma responsável na questão ambiental". A ideia, diz, é "sensibilizar seu público por meio da experiência dos participantes do programa".
"[Os participantes] desenvolvem diariamente atividades típicas de uma residência, com apoio do filme da campanha 'O seu lixo tem futuro', que também está no ar, tem o objetivo de mostrar como o plástico descartado corretamente pode ser reciclado e voltar como benefício para as pessoas e o planeta."
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