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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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Justiça manda bloquear R$ 1 bi da Braskem por afundamento de solo em Maceió

Casa que abrigava local de orações abandonado no bairro do Bebedouro, em Maceió  - Carlos Madeiro/UOL
Casa que abrigava local de orações abandonado no bairro do Bebedouro, em Maceió Imagem: Carlos Madeiro/UOL

Colunista do UOL

20/04/2023 14h53

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A Justiça determinou ontem o bloqueio de R$ 1,08 bilhão da petroquímica Braskem para garantir o pagamento de indenização ao estado de Alagoas pelos prejuízos gerados pelo afundamento do solo em Maceió.

O que ocorreu?

Maceió registra desde 2018 afundamentos de solo em cinco bairros causado pela mineração de sal-gema da Braskem desde o ano de 1975.

Esse problema atingiu mais de 15 mil imóveis, que tiveram de ser desocupados, e expulsou 60 mil moradores de suas casas. As áreas hoje são bairros fantasmas.

A ação do governo do estado reclama que o afundamento prejudicou a arrecadação do ICMS em R$ 900 milhões somente entre os anos de 2018 e 2020.

Além disso, o estado cita bens perdidos, como escolas, e a construção de uma avenida que passa pelo bairro do Pinheiro —que foi desocupado. Só nessa obra seriam R$ 11,6 milhões, em valores corrigidos.

Muro pichado em casa abandonada no bairro do Pinheiro, em Maceió - Carlos Madeiro/UOL - Carlos Madeiro/UOL
Muro pichado em casa abandonada no bairro do Pinheiro, em Maceió
Imagem: Carlos Madeiro/UOL

O que afirma o juiz

Na ação, o governo de Alagoas afirmou que não foi parte de nenhum dos acordos feitos pela empresa, o que gerou uma "paradoxal situação em que o Estado de Alagoas se via réu daquela demanda, muito embora tenha sido um dos principais prejudicados."

Em sua decisão, o juiz José Cavalcanti Manso Neto, da 16ª Vara Cível da Capital e da Fazenda Estadual, acolheu o argumento e afirmou que os danos afetaram prédios e obras públicas estaduais, e por isso são passíveis de indenizações.

"Houve um gasto público para fins de melhoria da sociedade como um todo e, com a desocupação involuntária causada pela ré [Braskem], tornou-se um investimento perdido."

O magistrado diz ainda que o valor bloqueado é pequeno, se considerado que a empresa tem um "saldo de provisão em suas demonstrações financeiras" no valor R$ 7,2 bilhões para custear o prejuízo causado em Maceió.

O bloqueio de R$ 1 bilhão não é capaz de comprometer o cumprimento de outras obrigações assumidas pela empresa frente aos demais lesados pelo desastre ambiental.
José Cavalcanti Manso Neto

Rua deserta em Bebedouro, um dos bairros de Maceió que estão afundando por causa da mineração - Raíssa França - Raíssa França
Rua deserta em Bebedouro, um dos bairros de Maceió que estão afundando por causa da mineração
Imagem: Raíssa França

Braskem se pronuncia

Em comunicado hoje ao mercado, a Braskem informou "que tomará as medidas pertinentes nos prazos legais aplicáveis e manterá o mercado informado sobre qualquer desdobramento relevante sobre o assunto."

A coluna também procurou a assessoria de imprensa da empresa em Alagoas, mas não houve outra manifestação até o momento.