Carlos Madeiro

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Mortes infantis de indígenas somam 3,5 mil em 4 anos, diz Cimi; alta de 35%

O número de mortes indígenas infantis aumentou 35% durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Os dados levam em conta óbitos de zero a 4 anos e constam no relatório "Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil", publicação anual do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) divulgada hoje — o Cimi é um organismo vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) criado em 1972.

O que aconteceu

Foram 3.552 mortes nessa faixa etária contabilizadas de 2019 a 2022, contra 2.627 durante a gestão Dilma Rousseff-Michel Temer (2015-2018). Os dados foram obtidos junto à Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde, via Lei de Acesso à Informação. (Veja o documento completo aqui)

Nos últimos quatro anos, foram identificadas pelo menos 1.504 óbitos por causas evitáveis. Entre esses casos, diz o texto, destacam-se:

  • 559 causados por influenza e pneumonia.
  • 218 por diarreia, gastroenterite ou doenças infecciosas intestinais.
  • 165 por desnutrição e anemias nutricionais.
  • 115 por transtornos respiratórios e cardiovasculares específicos do período perinatal.
  • 104 por infecções específicas do período perinatal.

O relatório não traz comparação com gestões anteriores.

Amazônia lidera

Os estados com mais mortes infantis estão localizados na Amazônia Legal. Na região, foram 2.958 óbitos (83% do total de 0 a 4 anos).

Amazonas, Mato Grosso e Roraima tiveram, juntos, 59,3% do total de mortes registradas nos quatro anos passados.

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17,5% de todas as mortes de crianças indígenas ocorreram no distrito sanitário yanomami, em Roraima. Foram 621 casos.

Das 21 mortes por malária apontadas no relatório, 20 foram no território yanomami. A doença chegou às comunidades levada por garimpeiros.

Em janeiro de 2023 o governo Lula montou uma operação para atender yanomamis em meio a uma grave crise humanitária na região e para expulsar garimpeiros do território.

Desassistência

O relatório mostra ainda que houve 429 óbitos por desassistência, envolvendo indígenas de todas as idades — são casos que vão desde a falta de medicamentos e profissionais de saúde até de transporte e estrutura adequada.

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Os pesquisadores detacaram, novamente, as ocorrências no território yanomami — foram 13 óbitos por desassistência registrados em 2022. Todos de crianças e bebês em diferentes aldeias.

Apenas na região da Serra do Surucucus, a Hutukara Associação Yanomami denunciou a morte de nove crianças no período de dois meses, entre julho e setembro de 2022, por falta de acesso à saúde.
Relatório divulgado pelo Cimi

Segundo o último informe do governo federal, entre 1º de janeiro e 20 julho, a Casa de Apoio à Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, prestou atendimento a 1.979 yanomamis, o que corresponde a 6,5% da população total do povo — 31 mil yanomamis vivem no território.

A coluna procurou a assessoria de imprensa do ex-presidente Jair Bolsonaro e aguarda posicionamento para inserir no texto.

Crianças desnutridas atendidas na unidade de saúde Surucucu, na Terra Indigena Yanomami (RR)
Crianças desnutridas atendidas na unidade de saúde Surucucu, na Terra Indigena Yanomami (RR) Imagem: Antonio Alvarado/@antonioalvaradoc/Urihi Associação Yanomami

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • O governo Lula montou uma operação para atender yanomamis em janeiro de 2023, e não em 2022, como informava a coluna. O texto foi corrigido.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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