Pastor suspeito de dar golpe de R$ 2 mi em fiéis some e polícia pede prisão
O pastor Péricles Cardoso de Melo, da Assembleia de Deus em João Pessoa, foi indiciado e teve a prisão preventiva pedida pela polícia, com parecer favorável do MP (Ministério Público) da Paraíba. Ele é suspeito de aplicar um golpe por meio de empréstimos não pagos a fiéis da congregação que liderava.
O que aconteceu
A investigação policial aponta que o pastor fez mais de 30 vítimas, causando um débito superior a R$ 2 milhões para esses fiéis. O caso ocorreu dentro da congregação Mangabeira 1, onde ele era diretor.
Segundo a polícia, Péricles deixou a cidade na véspera da reunião em que explicaria o caso à direção igreja. Ele foi indiciado por estelionato e apropriação indébita, além de ter sido afastado da Assembleia de Deus em julho.
Denúncia foi feita em junho por um dos fiéis, que procurou a diretoria da Assembleia de Deus na Paraíba. Ele reclamou que estava com uma dívida de R$ 90 mil gerada por um empréstimo feito ao pastor.
Esse fiel estava precisando do nome limpo, e o pastor já tinha feito diversas promessas de que iria pagar, mas não tinha cumprido. Ele então procurou os pastores da diretoria e informou a situação. O pastor foi chamado, confirmou e disse que [a diretoria] não se preocupasse que ele resolveria o problema.
Andréa Melo, delegada especial designada para investigar o caso
Dias se passaram, e o pastor não resolveu a situação. Nesse mesmo período, a história de que Péricles devia se espalhou na igreja, e outros fiéis que também cobravam dívidas começaram a aparecer.
Sumiço sem explicar o que aconteceu. A Assembleia de Deus marcou uma reunião para o dia 14 de julho, na qual Péricles deveria falar sobre o que estava ocorrendo. "Mas aí, no dia anterior, ele desapareceu aqui de João Pessoa", conta a delegada.
A polícia solicitou a prisão preventiva do pastor, e o MP deu parecer favorável. O pedido será julgado pela 2ª Vara Regional Criminal de Mangabeira.
Péricles deixou seu apartamento em julho sem dar sinais para onde iria, segundo o portal T5, que foi até o prédio onde o pastor morava.
A coluna não localizou o pastor suspeito. Oficialmente, Péricles ainda não constituiu advogado par o defender no caso.
Ele convencia fiéis a manterem segredo
O suposto golpe dado pelo pastor ocorre há pelo menos dois anos, segundo a delegada que apura o caso. Andrea Melo está concluindo o relatório final do inquérito para que o MP ofereça denúncia na Justiça.
Ela explica que o pastor era querido na congregação e conhecido por ajudar as pessoas a pagar contas.
No início, ele pegava de um para pagar a conta de outro. Nessa dinâmica, foi virando uma bola de neve, e acabou que ele perdeu o controle da situação.
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Quero receberPara manter o esquema, o pastor solicitava sigilo absoluto às pessoas a quem pedia dinheiro. A confiança era tamanha que há casos em que Péricles pediu dinheiro a uma mulher e um homem que formavam um casal, mas nenhum dos dois comunicou ao cônjuge, segundo a delegada.
A única coisa que explica ele conseguir esse sigilo era a confiança, a adoração que essas pessoas tinham por aquela figura religiosa, daquela pessoa que falava tão bem, que falava de Cristo. Ele era uma pessoa extremamente venerada e respeitada dentro da igreja. Quando ele pedia sigilo, era como estivesse dando uma ordem.
Os débitos hoje estão muito maiores por conta dos juros cobrados pelas operadoras de cartão de crédito. "Tem gente, por exemplo, a quem ele pediu R$ 30 mil emprestado, e a pessoa passou no cartão de crédito; como ele não pagou, o débito hoje está em R$ 100 mil."
Na página da congregação no Facebook, há várias imagens de Péricles pregando aos fiéis em um templo lotado. Também há homenagens, como em comemorações de aniversário e outras datas.
O que diz a igreja
Em nota, a direção da Igreja Assembleia de Deus na Paraíba informou que, na reunião de 14 de julho, recebeu "uma série de denúncias formuladas por membros da congregação em Mangabeira I" contra Péricles.
Pastor foi afastado. A igreja afirma que, pelo apurado inicialmente, ele teria "praticado crimes como estelionato e furto contra a igreja, congregados e pessoas próximas."
Diante das evidências apresentadas naquela reunião, o acusado foi imediatamente afastado de suas funções eclesiásticas, bem como foi aberto procedimento disciplinar administrativo por parte dessa denominação.
Nota da Assembleia de Deus da Paraíba
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