Carlos Madeiro

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Novos lagartos achados na Amazônia ganham nomes de Dorothy e Bruno Pereira

Pesquisadores brasileiros e franceses descobriram cinco espécies de lagartos amazônicos e publicaram um artigo os nomeando em homenagem a pessoas que lutaram ou atuam em defesa do bioma, como a missionária Dorothy Stang e o indigenista Bruno Pereira, assassinados em 2005 e 2022, respectivamente.

Os novos lagartos

Os répteis são do gênero Iphisa, e a descoberta deles foi feita por uma parceria de cientistas da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) com a USP (Universidade de São Paulo) e Centro Nacional de Pesquisa Científica da França. As descobertas estão descritas em artigo publicado no último dia 11 na revista Zoological Journal of the Linnean Society.

Além de Bruno e Dorothy, duas lideranças indígenas — Alessandra Munduruku e Neidinha Suruí— também foram homenageadas com nome de espécies. A quinta espécie homenageou a professora Kátia Pelegrino, que trabalha com pesquisa das espécies do gênero desde o começo dos anos 2000.

Quando a gente começou a finalizar o artigo, no ano passado, o Brasil estava em um momento delicado para a conservação da Amazônia, com o assassinato recente do Bruno Pereira, níveis de desmatamento disparando, garimpo ilegal. A gente então entendeu que era um momento oportuno de homenagear essas pessoas.
Pedro Murilo Sales Nunes, do Departamento de Zoologia do Centro de Biociências da UFPE

Conheça as espécies

Iphisa brunopereira - Vive oeste da Amazônia, nas margens do Rio Içá (AM), no interflúvio dos rios Napo e Putumayo, no Peru, e em planícies do Equador.

Iphisa brunopereira no rio Içá, no Amazonas
Iphisa brunopereira no rio Içá, no Amazonas Imagem: Renato Recoder

Iphisa dorothy - Encontrado na Amazônia oriental e central, ao sul do rio Amazonas, no interflúvio Purus-Madeira e Madeira-Tapajós, chegando às margens dos rios Aripuanã e Juruena.

Iphisa dorothy em Juruena, em Mato Grosso
Iphisa dorothy em Juruena, em Mato Grosso Imagem: Miguel Trefault Rodrigues
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Iphisa surui - Vive mais ao sul da Amazônia, em Mato Grosso e em Rondônia.

Iphisa surui em Juará, em Mato Grosso
Iphisa surui em Juará, em Mato Grosso Imagem: Ricardo Kawashita-Ribeiro

Iphisa munduruku - Vive Amazônia Central, nas margens do Rio Abacaxis.

Iphisa munduruku no rio Abacaxis, no Amazonas
Iphisa munduruku no rio Abacaxis, no Amazonas Imagem: Miguel Trefaut Rodrigues

Iphisa pellegrino - Habita a Amazônia central, ao sul do rio Amazonas, apenas no interflúvio dos Rios Purus e Madeira.

Iphisa pellegrino no Parque Nacional Nascentes do Lago Jari, no Amazonas
Iphisa pellegrino no Parque Nacional Nascentes do Lago Jari, no Amazonas Imagem: Vinícius Carvalho
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Como foi feita a descoberta

Pedro conta que na sua pesquisa de doutorado percebeu que existiam espécies sem nome. Em 2012, ele publicou um artigo após estudo genético e anatômico apontando que a espécie conhecida como Iphiza elegans eram, na verdade, cinco diferentes espécies.

A gente fez esse comunicado à comunidade científica, de que a gente tinha uma diversidade maior que merecia nome. Mas naquele momento, a gente não tinha condição ainda de nomear porque precisava visitar, olhar mais material e os lagartos. Isso precisa de mais tempo e recursos.
Pedro Nunes

Em 2017, Pedro passou a orientar a pesquisadora Anna Mello, que passou a estudar o material e separar essas espécies para nomeá-las. Ela defendeu o mestrado em 2019 na UFPE, e o artigo com os nomes e definições foi submetido para a revista no ano passado. "Agora que foi finalmente publicado", explica.

Também assinam o artigo Anna Virginia Albano de Mello (doutoranda em Biologia Animal pela UFPE), Renato Recoder (pesquisador da USP), Antoine Fouquet (pesquisador do CNRS), e Miguel Trefaut Rodrigues (professor emérito da USP).

Sobre as espécies

As espécies do gênero são representadas por lagartos de pequeno porte. Um animal adulto tem, em média, 4 centímetros sem considerar a cauda, com escamas lisas e brilhantes. Eles vivem no chão, andando pelo folhiço da floresta.

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Cada uma delas possui um conjunto de atributos exclusivos: diferem, por exemplo, nas características de escamas, órgão genital, poros no fêmur e genética.

Com essa caracterização, aumentamos a percepção sobre o nível de ameaça a que cada uma delas está exposta.
Pedro Nunes

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