Carlos Madeiro

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Reportagem

Remédio para 3 semanas acabou em 3 dias em Gaza, diz Médicos sem Fronteiras

A entidade MSF (Médicos Sem Fronteiras) está ajudando autoridades de saúde palestinas com medicamentos e insumos em Gaza, mas alertou ontem que o número de feridos é maior do que a capacidade de atendimento e que os insumos estão acabando.

Somente para o principal hospital de trauma de Gaza, o Al-Awda, MSF doou suprimentos para emergência suficientes para dois meses de atendimento. Entretanto, uma quantidade que duraria três semanas foi consumida em apenas três dias. A entidade filantrópica atua ainda em mais dois hospitais.

Relato de Médicos Sem Fronteiras

100% dos pacientes recebidos no local ontem eram crianças ou adolescentes entre 10 e 14 anos, afirma o vice-coordenador do projeto MSF na cidade de Gaza, Ayman Al-Djaroucha.

A maioria dos feridos em Gaza são mulheres e crianças, pois são as pessoas que, com mais frequência, estão nas casas que acabam sendo destruídas nos bombardeios aéreos.
Ayman Al-Djaroucha, em fala exclusiva repassada à coluna por MSF no Brasil

Segundo MSF, a situação em Gaza é "catastrófica". Os bombardeiros não param, o que tem vitimado muitos civis. Isso vem gerando uma alta demanda por cuidados médicos, em meio a suprimentos escassos.

No local são atendidos pacientes com ferimentos de bala e estilhaços de bombas espalhados em todas as partes do corpo. Há muitas pessoas também queimadas após bombardeios.

A capacidade de leitos do hospital Al-Awda foi aumentada para o máximo (26 leitos) e todos estão ocupados.

As nossas equipes têm trabalhado 24 horas por dia desde o início do conflito. Na segunda-feira (9), por exemplo, 50 pessoas chegaram ao hospital Al-Awda após um ataque no campo de refugiados Jabalya, vizinho ao hospital.
Comunicado MSF

Há outros problemas, como a falta de combustível para geradores de energia. Ambulâncias para remover feridos também não estão sendo utilizadas pelo risco de bombardeios.

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O governo de Israel implantou um bloqueio que cortou energia, comunicação e água na faixa de Gaza, onde vivem 2 milhões de palestinos. O bloqueio também dificulta que a coordenação de MSF faça contato por telefone com equipes em Gaza.

Ataques em instalações de saúde

Bombas têm explodido em áreas que deveriam ser preservadas por serem de atendimentos a feridos, relata Léo Cans, coordenador-geral de MSF na Palestina, em comunicado por vídeo.

Um dos hospitais que apoiamos foi atingido por um ataque aéreo e ficou danificado. Outro ataque aéreo destruiu uma ambulância que transportava os feridos, bem em frente ao hospital onde trabalhamos. A equipe de MSF, que estava operando um paciente, teve que deixar o hospital às pressas. Hoje, em Gaza, as pessoas estão aterrorizadas.
Léo Cans, de MSF na Palestina

A situação no local, relata, está diferente de outros cenários de guerra, e as equipes estão fragilizadas.

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Falo regularmente com nossos colegas de lá. Eles são pessoas muito fortes porque, infelizmente, já passaram por muitas guerras, mas a situação atual está lhes causando extrema ansiedade. Eles dizem que desta vez é diferente: eles não veem uma saída e se perguntam como tudo isso vai acabar. Eles estão enfrentando um terrível sofrimento mental. Não há palavras para descrever o que as pessoas estão passando."
Léo Cans

O coordenador-geral de MSF em Gaza, Matthias Kanne, relata o drama de atuar no local em meio ao som de bombas.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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