Carlos Madeiro

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Peritos da PF que atuaram em Mariana e Brumadinho apuram caso Braskem em AL

A superintendente da PF (Polícia Federal) em Alagoas, delegada Luciana Paiva Barbosa, informou que dois delegados e peritos com experiência nos casos de Brumadinho e Mariana estão à frente da apuração sobre os possíveis crimes da Braskem.

A PF deflagrou, na manhã de hoje, a Operação Lágrimas de Sal, que investiga possíveis crimes cometidos pela Braskem ao longo dos 43 anos de exploração de sal-gema em Maceió.

São crimes complexos, que precisam de uma atenção maior por parte do estado e pessoas com expertise diferenciada.
Luciana Paiva Barbosa

Ainda segundo a superintendente, sem citar nomes dos investigados, disse que os alvos da operação de hoje foram pessoas físicas e jurídicas. Não há previsão para fechar o inquérito.

Em Brumadinho (MG), uma barragem da Vale rompeu no dia 25 de janeiro de 2019 deixando 270 mortos e três desaparecidos. Já o rompimento da barragem do Feijão, também da Vale, em 5 novembro de 2015, em Mariana (MG), devastou o distrito de Bento Rodrigues, deixando 19 mortos.

Desastre causado pelo rompimento de barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG)
Desastre causado pelo rompimento de barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG) Imagem: Felipe Werneck/Ibama.jpg

Nova diretriz fez apuração andar

Sem dar detalhes da operação de hoje e da investigação, alegando segredo de Justiça, Luciana informou que o inquérito começou a andar com a devida atenção apenas a partir de abril, logo após ela assumir o cargo e indicar uma nova equipe de apuração. A investigação, porém, começou ainda em 2019, sem nunca realizar operações.

A investigação estava andando, enfim, da forma que anteriormente achavam melhor. Mas a gente teve uma nova diretriz com a criação da Diretoria da Amazônia e Meio Ambiente. Com ela, todos que assumiram [os cargos de superintendente] tiveram esse olhar, e as investigações de meio ambiente tiveram atenção especial e caminham mais rápido.
Luciana Paiva Barbosa

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A demora em apresentar resultados no inquérito levou moradores a contratarem advogados, que entraram com uma queixa-crime para que a justiça aceitasse uma denúncia contra a Braskem e órgãos que deram liberação de atuação.

Segundo o presidente do inquérito na PF, Marcelo Pessoa, a operação de hoje é necessária para entender o que aconteceu dentro da cadeia de comando da empresa.

Queremos levantar informações que teriam sido omitidos das autoridades, com dados técnicos importantes para identificar os problemas que a mina vinha apresentando; e acreditamos que podemos obter essas informações por meio de aparelhos eletrônicos e documentos na casa de empregados.

Rua Camaragibe com mato após ser abandonada no bairro do Bebedouro, em Maceió
Rua Camaragibe com mato após ser abandonada no bairro do Bebedouro, em Maceió Imagem: Carlos Madeiro/UOL

A operação

Em nota, a PF explica que a operação ocorre porque "foram apurados indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície."

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Além disso, diz a PF, foram identificados indícios de apresentação de "dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas."

A Braskem informou, em nota, que está acompanhando a operação da PF nesta manhã e informa que "está à disposição das autoridades, como sempre atuou." "Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo."

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