Peritos da PF que atuaram em Mariana e Brumadinho apuram caso Braskem em AL
A superintendente da PF (Polícia Federal) em Alagoas, delegada Luciana Paiva Barbosa, informou que dois delegados e peritos com experiência nos casos de Brumadinho e Mariana estão à frente da apuração sobre os possíveis crimes da Braskem.
A PF deflagrou, na manhã de hoje, a Operação Lágrimas de Sal, que investiga possíveis crimes cometidos pela Braskem ao longo dos 43 anos de exploração de sal-gema em Maceió.
São crimes complexos, que precisam de uma atenção maior por parte do estado e pessoas com expertise diferenciada.
Luciana Paiva Barbosa
Ainda segundo a superintendente, sem citar nomes dos investigados, disse que os alvos da operação de hoje foram pessoas físicas e jurídicas. Não há previsão para fechar o inquérito.
Em Brumadinho (MG), uma barragem da Vale rompeu no dia 25 de janeiro de 2019 deixando 270 mortos e três desaparecidos. Já o rompimento da barragem do Feijão, também da Vale, em 5 novembro de 2015, em Mariana (MG), devastou o distrito de Bento Rodrigues, deixando 19 mortos.
Nova diretriz fez apuração andar
Sem dar detalhes da operação de hoje e da investigação, alegando segredo de Justiça, Luciana informou que o inquérito começou a andar com a devida atenção apenas a partir de abril, logo após ela assumir o cargo e indicar uma nova equipe de apuração. A investigação, porém, começou ainda em 2019, sem nunca realizar operações.
A investigação estava andando, enfim, da forma que anteriormente achavam melhor. Mas a gente teve uma nova diretriz com a criação da Diretoria da Amazônia e Meio Ambiente. Com ela, todos que assumiram [os cargos de superintendente] tiveram esse olhar, e as investigações de meio ambiente tiveram atenção especial e caminham mais rápido.
Luciana Paiva Barbosa
A demora em apresentar resultados no inquérito levou moradores a contratarem advogados, que entraram com uma queixa-crime para que a justiça aceitasse uma denúncia contra a Braskem e órgãos que deram liberação de atuação.
Segundo o presidente do inquérito na PF, Marcelo Pessoa, a operação de hoje é necessária para entender o que aconteceu dentro da cadeia de comando da empresa.
Queremos levantar informações que teriam sido omitidos das autoridades, com dados técnicos importantes para identificar os problemas que a mina vinha apresentando; e acreditamos que podemos obter essas informações por meio de aparelhos eletrônicos e documentos na casa de empregados.
A operação
Em nota, a PF explica que a operação ocorre porque "foram apurados indícios de que as atividades de mineração desenvolvidas no local não seguiram os parâmetros de segurança previstos na literatura científica e nos respectivos planos de lavra, que visavam garantir a estabilidade das minas e a segurança da população que residia na superfície."
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Quero receberAlém disso, diz a PF, foram identificados indícios de apresentação de "dados falsos e omissão de informações relevantes aos órgãos públicos responsáveis pela fiscalização da atividade, permitindo assim a continuidade dos trabalhos, mesmo quando já presentes problemas de estabilidade das cavidades de sal e sinais de subsidência do solo acima das minas."
A Braskem informou, em nota, que está acompanhando a operação da PF nesta manhã e informa que "está à disposição das autoridades, como sempre atuou." "Todas as informações serão prestadas no transcorrer do processo."
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