Ciro supera rejeição de Bolsonaro como 'padrinho' em Fortaleza, diz Atlas
Ex-dono do maior poder influenciador da política cearense, o ex-ministro e ex-governador Ciro Gomes (PDT) aparece agora como o padrinho com menor influência sobre eleitores, segundo pesquisa Atlas/Intel em Fortaleza.
Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira, 73% disseram que não votariam em um candidato sem conhecer só por ser indicado por ele.
O percentual é menor, por exemplo, que o do ex-presidente Jair Bolsonaro, que aparece numericamente abaixo, com 70% de rejeição nesse quesito.
Ambos, porém, estão empatados levando em conta a margem de erro de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Entre os nomes testados, o seu desafeto, o ministro da Educação Camilo Santana (PT), tem o melhor desempenho.
Veja os resultados com os nomes testados:
- Camilo Santana - 39% votariam em um candidato sem o conhecer; 58% não votariam
- Lula - 33% votariam, 63% não.
- Roberto Claudio (PDT), ex-prefeito - 28% votariam, 69% não.
- Elmano de Freitas (PT), governador - 27% votariam, 68% não.
- Jair Bolsonaro (PL) - 26% votariam, 70% não.
- Ciro Gomes - 23% votariam, 73% não.
Os que não sabem ou não responderam variaram de 3% a 5%, a depender do político.
Ainda segundo a pesquisa, o Capitão Wagner (União Brasil) lidera as intenções de voto para prefeito da capital cearense, com 31%, seguido pelo prefeito Sarto (PDT), com 22%; e Evandro Leitão (PT) e André Fernandes (PL), com 14%.
Perda de capital
Ciro vem perdendo seu capital político no Ceará nos últimos anos, mostram os números. Em 2018, ele venceu a disputa presidencial no primeiro turno no estado, com 40,85% dos votos válidos, à frente de Bolsonaro e Fernando Haddad (PT).
Já em 2022, novamente candidato à presidência, Ciro ficou apenas na terceira colocação, atrás de Lula e Bolsonaro, inclusive na sua cidade natal, Sobral.
Naquele ano, Ciro rompeu com seus irmãos, o senador Cid e prefeito de Sobral Ivo Gomes, após articular a escolha do PDT ao nome de Roberto Claudio para a disputa ao governo do estado, tirando a chance de reeleição de Izolda Cela, que era pedetista também à época.
A escolha levou o PT a romper aliança de 15 anos com os irmãos Ferreira Gomes e lançar o nome de Elmano de Freitas, que venceu a eleição em primeiro turno. Claudio ficou apenas em terceiro.
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Quero receberCid Gomes, à época no PDT, não fez campanha para nenhum candidato ao governo, mas hoje filiado ao PSB é aliado de Elmano e Lula.
Ciro hoje é um dos maiores críticos ao PT e classifica o partido como "mal maior do Ceará" e participado de atos de apoio a antigos desafetos e ao lado de bolsonaristas no interior do estado.
Derretimento após 2018
Segundo a cientista política da UECE (Universidade Estadual do Ceará), Monalisa Torres, Ciro derreteu a partir de 2018.
A minha hipótese é que parte desse desgaste já vinha acontecendo e se acentuou em 2018, depois que ele vai para Paris e não ter apoiado a candidatura do Haddad em alguma medida. Isso teve um impacto muito forte em 22, quando ele dobra a aposta."
Ela cita que, em 2022, ele acentuou sua rejeição pela radicalização. "A campanha dele foi muito pesada, sempre tensionando com críticas muito fortes a Bolsonaro e a Lula, sempre comparando os dois. Acho que isso aprofundou o seu desgaste político.
Outro ponto que ela acha que pediu foi o rompimento com o irmão Cid, que é quem cuidava das questões políticas domésticas da família.
Quem fazia aliados, quem articulava, quem montava as alianças, quem estava nesse trabalho mesmo, tanto de varejo quanto de atacado no Ceará era o Cid, e o Ciro ficava ali mais das questões nacionais. Então isso o distancia do eleitor do Ceará.
Monalisa Torres
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