Derrotas marcantes em Sobral e Fortaleza decretam fim da era Gomes no Ceará
A família Ferreira Gomes foi derrotada duplamente na eleição no Ceará e viu os poucos redutos que mantinha serem perdidos após a votação deste domingo (6).
Ciro Gomes (PDT) viu o prefeito Fortaleza, José Sarto (PDT), ter uma votação pífia e terminar na terceira colocação com apenas 11,75% dos votos válidos e fora do segundo turno.
Já na terra natal da família, Sobral, a perda foi do outro lado da família rachada: a ex-governadora Izolda Cela (PSB) foi derrotada por Oscar Rodrigues (União Brasil) com apoio direto do prefeito Ivo Gomes e do senador Cid —que até em jumento subiu para tentar alavancar a candidatura da aliada.
Em Sobral, Ciro não fez campanha para Izolda nem para o adversário e alegou que "a faca nas costas ainda doía". A família detinha o poder, seja por ela ou aliados, havia 28 anos na cidade.
A derrota em Sobral é simbólica. Em 2022, Cid e Ivo defendiam que o PDT lançasse a então governadora Izolda à reeleição, para assim compor com o PT (que indicaria o vice).
Ciro e seus aliados, porém, forçaram uma ruptura ao conseguirem maioria na disputa interna e lançaram o nome de Roberto Claudio, derrotado no primeiro turno pelo petista Elmano de Freitas.
Em Fortaleza, Ciro participou pouco da campanha de Sarto, que poupou a imagem do ex-governador em suas propagandas.
Isso foi fruto de uma estratégia, já que uma pesquisa apontou que Ciro era o cacique mais rejeitado do estado, quando perguntado se um eleitor votaria em um candidato indicado por ele sem o conhecer.
Na capital, Cid e o PSB apoiaram Evandro Leitão (PT), que chegou ao segundo turno e disputará agora o cargo com André Fernandes (PL). Entretanto, a participação foi discreta, e o partido nem sequer teve direito a indicar o vice —o que foi feito pelo PSD.
Após uma campanha em que usou e abusou do antipetismo, o PDT cearense já deixou claro que não vai apoiar o PT neste segundo turno, mesmo sendo um partido de esquerda e em uma eleição contra um candidato bolsonarista raiz.
Antes de votar neste domingo, Ciro admitiu que sua importância na política cearense "é declinante". "Eu tenho humildade para perceber que a minha palavra cada vez tem menos audiência no Ceará. Isso eu tenho que aceitar com humildade", disse.
A pesquisadora e cientista política da UECE (Universidade Estadual do Ceará) Monalisa Torres afirma que após o rompimento dos Gomes foi ruim para eles, e o PDT, que tinha 65 prefeituras, caiu para dez.
"Acho que, simbolicamente, a derrota em Sobral celebra esse encerramento de ciclo político dos Ferreira Gomes. Lá não foi qualquer candidato, foi a Izolda, que tinha uma popularidade alta e uma visibilidade e importância políticas local", diz.
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Quero receberPara ela, Ciro caminha "a passos largos para o ostracismo aqui". "Esse racha e as perdas de agora sinalizam uma derrota muito mais para o Ciro do que os irmãos", conclui
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