Brasil tem uma a cada 6 cidades com desenvolvimento sustentável muito baixo
O número de cidades brasileiras com índice de desenvolvimento sustentável (IDSC-BR) classificado como "muito baixo" cresceu 50% entre 2023 e este ano e soma agora 934 municípios (16,8% do total), quase a totalidade deles nas regiões Norte e Nordeste.
Ao mesmo tempo, o número de cidades classificadas como de desenvolvimento sustentável alto duplicou, de 45 para 91 (1,6% do total) em 2024, todas no Sul e Sudeste.
Mais uma vez, nenhuma cidade aparece com desenvolvimento muito alto. (Veja o mapa com todas as cidades abaixo)
Os dados fazem parte do quarto levantamento anual do Instituto Cidades Sustentáveis, que avalia os municípios por meio de 100 indicadores temáticos.
O lançamento oficial está previsto para as 9h desta sexta-feira em Brasília, no Ministério do Meio Ambiente, com a presença da ministra Marina Silva.
O índice avalia indicadores nas áreas de saúde, educação, renda, moradia, transportes, infraestrutura urbana e mudanças climáticas, entre outras. As bases utilizadas são fontes oficiais do governo federal.
O índice permite acompanhar a evolução das cidades brasileiras na Agenda 2030, que é um compromisso estabelecido pela ONU em 2015 e assumido por mais de 190 países, incluindo o Brasil. Os indicadores do IDSC-BR são associados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Em 2024, 68% dos municípios brasileiros têm nível baixo ou muito baixo de desenvolvimento sustentável, um pouco abaixo do registrado em 2023 (71,2%).
Comparação 2023/2024
Muito Alto (Nota 80-100)
- 0 em ambos
Alto (60-79,99)
- 2023 - 45
- 2024 - 91
Médio (50-59,99)
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Quero receber- 2023 - 1.555
- 2024 - 1.690
Baixo (40-49,99)
- 2023 - 23.345
- 2024 - 2.855
Muito Baixo (0-39,99)
- 2023 - 625
- 2024 - 934 (16,8%)
As cidades com maior índice de desenvolvimento sustentável são:
- 1º - Alfredo Marcondes (SP) - 66,76
- 2º - Uru (SP) - 65,55
- 3º - São Jorge do Ivaí (PR) - 64,71
- 4º - Cruzália (SP) - 64,70
- 5º - Jumirim (SP) - 64,64
As 5 piores:
- 5.566º - Lábrea (AM) - 29,75
- 5.567º - Marajá do Sena (MA) - 29,63
- 5.568º - Santana do Araguaia (PA) - 28,87
- 5.569º - Aldeias Altas (MA) - 28,71
- 5.570º - Ipixuna (AM) - 28,52
Fazendo uma média por estados mais Distrito Federal, 22 dos 27 reduziram o índice em 2024, com exceção apenas de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Tocantins.
O menor patamar de desenvolvimento sustentável está no Amazonas, com índice 35,5; e o maior, no Distrito Federal: 57,1. Curiosamente, os dois caíram 2,6 e 2,3 em suas notas este ano, respectivamente.
Quando olhadas apenas as capitais, a maioria delas (14 das 27) tem índice de desenvolvimento baixo ou muito baixo, com destaque negativo para Porto Velho e Macapá, classificadas com o pior do patamar do índice. Outras 13 capitais apresentam médio desenvolvimento sustentável, e nenhuma teve índice alto.
Uma curiosidade é que nenhuma cidade com mais de 500 mil habitantes foi classificada com índice alto.
Análise
Segundo Jorge Abrahão, coordenador-geral do Instituto Cidades Sustentáveis, a variação de municípios entre alto e muito baixo entre 2023 e 2024 pode ser atribuída a cidades que estavam com índices "no limite" para entrar e sair de patamares.
"Algumas cidades vão lá e fazem ações em um ano, passam a cumprir quesitos no conjunto de indicadores e entram em outro patamar. Acontece a mesma coisa lá embaixo", diz.
Nosso problema é estruturante, com poucos avanços de políticas públicas. O desafio é muito grande, não dá mais para passar verniz. Esse mapa mostra uma desigualdade que a gente deveria enfrentar, e temos oportunidades nessas gestões que estão entrando agora nas cidades. é um desafio para elas.
Jorge Abrahão
Jorge afirma que o resultado de 2024 mostra que o país segue com o mesmo desafio de combater as desigualdades. "Temos um número condizente com um país em que 70% da população ganha até 2 salários mínimos", compara.
Para ele, o estudo pode ajudar os novos prefeitos para que os municípios melhorem seus índices. Entretanto, defende que é necessário um pacto para que os governos enxerguem os locais com mais problemas e ajam diretamente neles.
Quando olhamos esses índices, estamos falando de qualidade de vida das pessoas. O mapa tem muito a ver com as desigualdades do país, que sempre vai ter um núcleo pequeno rico e outro maior de baixo acesso à saúde, à educação de qualidade. O índice reflete essa uma tremenda desigualdade territorial entre as cidades.
Jorge Abrahão
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