Empresário é suspeito de incendiar imóvel da namorada para impedir viagem

Ler resumo da notícia
O empresário Marcello Gusmão de Aguiar Vitório teve prisão preventiva decretada pelo 1º Juizado de Violência Doméstica de Alagoas. O mandado foi expedido nesta quarta-feira (12), a pedido da Polícia Civil, por suspeita dele ser o responsável por incendiar o apartamento de sua ex-namorada, Mariana Maia, na madrugada do sábado (8), em Maceió, para supostamente impedir uma viagem dela para a Itália marcada para o domingo (9).
A polícia afirma que já há "provas contundentes" contra ele, que é considerado foragido da Justiça. O advogado de defesa do empresário, Welton Roberto, diz já ter avisado que o cliente está fora do estado e vai se entregar à Justiça na próxima terça-feira (18), quando retornar. Ele nega as acusações.
A polícia vai indiciar Marcello pelos crimes de tentativa de homicídio, violência psicológica, dano e incêndio. "Ouvimos pessoas, coletamos as imagens de câmera de segurança, levantamos os antecedentes do agressor. Com embasamento em tudo isso, visando a conveniência da do processo penal, nós representamos pela prisão", explicou a delegada Paula Mercês.
O caso
O motivo da briga do casal seria porque Mariana tinha uma viagem marcada para a Itália com a filha naquele domingo, para a qual o empresário também iria, mas acabou desistindo e alegando falta de recursos. Mariana conta que o empresário passou então a insistir para que ela também não fosse mais, e aumentando o tom na semana da viagem.
Na sexta-feira anterior ao incêndio, ela afirma que foi até uma festa onde Marcello estava para cobrar a devolução de uma cópia da chave do apartamento dela, e então houve uma discussão.
Na madrugada do domingo (9), o empresário foi até o prédio onde Mariana mora com a filha e um irmão. No momento do crime, dormiam no imóvel somente o irmão e um primo dela.
O porteiro do prédio, que prestou depoimento à polícia, relatou que Marcello pegou a mala que Mariana deixara para ele na portaria e subiu até o apartamento.
Câmeras de segurança confirmaram que ele subiu e desceu pelo elevador do prédio momentos antes do fogo ser percebido no apartamento.
As chamas começaram no quarto onde estava a mala da viagem, e tomou conta dos demais cômodos, destruindo praticamente tudo no imóvel. O cômodo onde o fogo começou foi o mais destruído.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para apagar o incêndio, e um laudo está sendo feito para determinar as causas e o local onde o fogo começou.
No vídeo abaixo, Mariana conta sua versão mais detalhada dos fatos. O incidente a fez desistir da viagem.
Marcello nega
Em entrevista coletiva na quarta-feira (12), Marcello negou que tenha incendiado o apartamento e disse que foi até o local na madrugada apenas para pegar pertences pessoais. "Ao entrar no apartamento, a primeira coisa que fiz foi avisar ao irmão dela: abri a porta, falei com ele e disse que estava pegando as minhas coisas, recolhi todos os meus pertences e desci", conta.
Em entrevista à TV Pajuçara, o irmão de Mariana, Vinicius Maia, negou que tenha sido avisado e, aos prantos, contou que saiu às pressas do apartamento em chamas, e temendo pela vida da irmã.
"Eu pensei que poderia ter perdido ela, sai desesperado. Eu desci com meu primo e avisei ao porteiro para ligar para os Bombeiros. Perguntei a ele se minha irmã estava em casa, ele disse que não, mas Marcello tinha vindo. Até então, não sabia de briga nenhuma", contou.

Marcello também alegou que não se opôs à viagem de Mariana com a filha, e afirmou que o motivo da briga foi o contrário: ela teria reclamado que ele não iria mais viajar. "Fui eu quem comprei, no meu pix, no meu aplicativo. Fiz toda a transação para elas. Se eu não quisesse que ela viajasse, seria a coisa mais simples cancelar essa passagem. Eu não tinha como viajar, eu tenho um negócio, não tenho renda fixa. Ela não queria que eu ficasse", disse
Em nota, o advogado Welton Roberto diz que ele e Marcello foram "surpreendidos com a decretação da prisão preventiva em um prazo de apenas quatro dias do ocorrido, sem que houvesse qualquer laudo pericial que comprovasse a tese de incêndio criminoso."
Informamos que na próxima terça-feira, às 10h30, ele se apresentará para prestar esclarecimentos formais e apresentar as provas que possui. Ele tinha uma viagem marcada há muito tempo para compromissos profissionais fora do estado. Seguimos confiantes de que a Justiça será feita.
Welton Roberto
O UOL teve acesso à decisão da Justiça, que cita o caso como "tentativa de feminicídio em sua forma qualificada", o que foi rebatido pela defesa.
"A acusação de tentativa de feminicídio é absurda, especialmente considerando que a própria autoridade policial tinha ciência — e a magistrada deveria saber — que a suposta vítima não estava no apartamento no momento em que ele esteve no local para pegar seus pertences. Se a suposta vítima não estava presente, é impossível falar em tentativa de feminicídio", diz a nota.
Buscas e mais vítimas
Segundo a delegada Ana Luiza Nogueira, a representação à Justiça foi feita contra Marcello por tentativa de homicídio por dolo eventual (quando se assume o risco de matar) com relação às duas pessoas que estavam no apartamento. Sobre a citação do feminicídio, explica que "essa foi a tipificação inicial do inquérito policial."
Sobre o mandado de prisão, disse que apesar de ter sido informada pela defesa da viagem do suspeito, não há acordo. "Estamos empreendendo diligências ininterruptas e só vamos parar quando prendê-lo", afirma.
Já a delegada Paula Mercês cita que Mariana não seria a única vítima a denunciar o empresário. Ele já tinha uma medida protetiva contra uma ex-namorada. "Esse foi um dos embasamentos [do pedido de prisão]. É um fato grave que está tramitando no Juizado de Violência Doméstica, com parecer do MP", diz.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.