Carolina Brígido

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Reportagem

Meio jurídico aposta em denúncia contra autoridades por 8/1 neste semestre

Fontes do Ministério Público Federal e de tribunais superiores apostam que a partir de fevereiro, quando serão retomadas as atividades da cúpula do Judiciário, serão apresentadas denúncias contra autoridades investigadas de participação nos ataques de 8 de janeiro do ano passado na Praça dos Três Poderes.

Entre as autoridades que são alvo de inquérito estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e oficiais das Forças Armadas.

O subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, que conduziu a primeira parte das investigações durante a gestão Aras, foi o responsável por recuperar uma prova chave que poderá subsidiar a denúncia contra Bolsonaro: um vídeo postado e apagado do perfil do ex-presidente no Facebook.

Em dezembro, pouco antes de Carlos Frederico deixar o posto, o relatório de perícia, as imagens e as informações relativas à postagem foram encaminhadas para o STF e podem servir como prova de incitação aos atos de 8 de janeiro.

As investigações contra Bolsonaro também ganharam fôlego com a delação do seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Segundo o militar, o ex-presidente teria participado de reunião para discutir um possível golpe de Estado.

Desde que tomou posse no cargo, em 19 de dezembro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, tem priorizado as investigações decorrentes dos atos golpistas do ano passado. Embora ele tenha trocado os procuradores responsáveis pelas apurações, parte dos assessores que atuavam na gestão de Augusto Aras continuaram nos casos.

Deputados na mira

Outros quatro inquéritos abertos para investigar deputados federais por suposta incitação aos atos golpistas estão parados, mas podem começar a andar.

A Polícia Federal concluiu que praticaram crimes:

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  • André Fernandes (PL-CE);
  • Clarissa Tércio (PP-PE);
  • Silvia Waiãpi (PL-AP);
  • General Girão (PL-RN).

Em parte das investigações, a PGR (Procuradoria-Geral da República) pediu o arquivamento durante a gestão Aras. Agora, Gonet pode reter essa posição e apresentar denúncia contra os parlamentares.

O governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB-DF), e o ex-ministro e ex-secretário Anderson Torres ainda não foram denunciados, mas seguem investigados.

As denúncias da PGR

A PGR já apresentou 1.413 denúncias ao STF. Dessas, 1.156 foram por incitação, 248 por execução dos crimes e oito por omissão de agentes públicos, sendo sete delas contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal.

O único denunciado como financiador é o empresário Pedro Luis Kurunczi, de Londrina (PR). Segundo a acusação da PGR, ele fretou quatro ônibus ao custo de R$ 59,3 mil para levar 108 bolsonaristas à capital federal.

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Até agora, 30 pessoas foram condenadas por participar dos atos, todas do grupo dos executores, que vandalizaram os prédios públicos e atentaram contra a democracia. Oficiais da PM-DF estão presos e respondem por conivência com os ataques.

Estão na mira agora oficiais das Forças Armadas, autoridades, financiadores e mentores intelectuais da tentativa de golpe.

Entre integrantes do STF, o entendimento é que o Exército tolerou de forma indevida o acampamento de bolsonaristas em frente ao quartel-general, em Brasília, onde estava instalada parte dos golpistas de 8 de janeiro.

Fontes do Ministério Público e de cortes superiores acreditam que, no julgamento final, o STF tratará financiadores, mentores intelectuais e autoridades com o mesmo rigor que tratou os executores do 8 de janeiro.

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