Preferido dos Bolsonaros para o MP do Rio fez campanha para o presidente
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Com a manutenção pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) do afastamento por 180 dias de Wilson Witzel do governo do Rio, crescem as esperanças da família Bolsonaro de que o governador em exercício, Cláudio Castro, seja o responsável pela indicação do novo chefe do MP (Ministério Público) fluminense. Castro está alinhado com o presidente Jair Bolsonaro e com seu filho, o senador Flávio, que é investigado pelo MP no caso da rachadinha da Assembleia Legislativa.
Nos meios políticos, o nome tido como preferido do presidente e seus filhos é o procurador Marcelo Monteiro. Como mostrou a jornalista Fernanda Alves, no jornal O Globo, ele é um dos autores do livro 'O inquérito do fim do mundo', com um texto onde critica a investigação das fake news tocada no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes.
Monteiro participou de atos da campanha de Jair Bolsonaro à Presidência, postou nas redes sociais fotos fazendo "arminha" com a mão próximo ao boneco que simula o ex-presidente Lula com roupa de presidiário, e tem também fotos junto com Flávio Bolsonaro.
A coluna constatou também o alinhamento ideológico de Monteiro com o presidente em lives recentes de que participou em canais bolsonaristas no YouTube, como PHvox e Senso Incomum.
No entanto, isso não depende apenas da decisão de Castro. A indicação do procurador-geral deve ser feita pelo governador em dezembro, mas restrita a uma lista tríplice dos mais votados pelos integrantes do MP.
Para que os planos da família Bolsonaro prosperem, é necessário que entre os mais votados esteja alguém afinado com a sua linha política. Restaria ao governador em exercício, Cláudio Castro, a tarefa de indicá-lo para o cargo. Porém o próprio Castro também foi alvo da operação que afastou Witzel do governo estadual.
O alvo principal de Monteiro é o STF, a quem acusa de "ativismo judicial", o que coincide com as críticas mais frequentes nas redes sociais de apoio ao presidente.
A seguir, algumas amostras do pensamento vivo do preferido de Bolsonaro para o cargo de procurador-geral de Justiça do Rio:
Sobre o que chama de "ativismo judicial" do STF
"Eles estão administrando o país. Fecha tudo e entrega a chave dessa porcaria pra eles".
"O Supremo tem ultrapassado todos os limites"
"O Senado tem que se mexer, é o Senado a quem cabe o processo de impeachment por crime de responsabilidade de ministros do Supremo".
"Na faculdade onde eu leciono, cujo corpo docente inclui dois ministros do Supremo, houve um movimento para que nós, a faculdade como um todo, manifestasse o seu integral apoio ao Supremo contra as ameaças à democracia provenientes da Presidência da República. Tive que mandar mensagem no grupo de WhatsApp: 'por favor, excluam o meu nome'".
Ironizando saída de Celso de Mello do Supremo no final do ano
"A ausência de Celso de Mello vai preencher uma lacuna extraordinária. Que Deus ilumine o presidente Bolsonaro para que faça escolhas adequadas"
STF suspendeu operações policiais nas favelas do Rio sem prévia comunicação
"Você vê 1.400 comunidades dominadas pelo crime organizado. Aí o Supremo em vez de dizer 'tirem os criminosos daí', diz 'tirem a polícia daí'. Isso é a mistura de ativismo judicial com barbárie".
Critica colegas do MP que obrigaram prefeitos do Rio a manter isolamento social:
"Tem colegas aqui no Rio que são 'promotores-prefeitos', mandam isolar ruas em municípios por causa do coronavírus".
Marcelo Monteiro também faz parte da Associação MP Pró-Sociedade, grupo de integrantes conservadores do Ministério Público, alinhado com o bolsonarismo.
Por posicionamentos assim, o presidente e seus filhos esperam que em dezembro, quando lista de candidatos será encaminhada para o governador em exercício decidir, Monteiro esteja entre os três mais votados.
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