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Polícia do RJ fica ainda mais racista e aprofunda barbárie
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O tal processo civilizatório, tão citado em verso e prosa, não chegou à polícia do Rio. Na verdade, pelo que se vê na pesquisa Datafolha encomendada pelo CESeC (Centro de Estudos de Segurança e Cidadania), os policiais caminham na direção inversa. Nas últimas duas décadas, aqueles que deveriam ser os agentes da lei ficaram ainda mais racistas.
Quando vai à rua para procurar criminosos, o policial tem em mente um perfil bem definido: jovem, negro e morador de favela.
"A gente deu passos para trás e regrediu em termos de justiça e igualdade. A polícia hoje é mais racista do que há 20 anos", admitiu a cientista social Silvia Ramos, às jornalistas Lola Ferreira e Marcela Lemos, do UOL.
Como resultado, entre os 3.500 entrevistados pela pesquisa que tiveram suas casas revistadas pela PM ou Policia Civil, 79% são negros. Entre os que foram parados mais de dez vezes para averiguação, 94% são pretos.
Essa constatação seria chocante em qualquer grupo da sociedade, mas principalmente naquele que tem o poder de repressão, de prender os cidadãos e detém o monopólio do uso da força.
Mais alarmante ainda é lembrar que a polícia do Rio passou por várias tentativas de reformulação de conceito, como por exemplo a implantação do policiamento de proximidade, que pregava a interação com a comunidade no lugar da simples repressão, e a inclusão de noções de direitos humanos no currículo de formação.
Nada disso fez com que a instituição mudasse a visão segregacionista. Como em uma revanche, os impulsos racistas afloraram com toda a força e, sob o clima truculento do Brasil de Jair Bolsonaro, os brucutus se sentem ainda mais à vontade para colocar em prática seus preconceitos.
O resultado é trágico.
Aos acadêmicos que se dedicam a estudar o tema e buscar soluções, resta constatar que os métodos de reeducação implantados anos atrás não surtiram efeito. É preciso, porém, continuar tentando.
A onda de regressão que o país atravessa colabora para que a polícia fluminense exerça o racismo à luz do sol — apesar de, como sempre, nota oficial da PM negar que isso ocorra. No entanto, o momento mais drástico de obscurantismo vai passar, como passaram outros períodos tristes da história.
Quando isso acontecer, tanto a academia quanto outros setores da sociedade devem tentar novamente trazer a polícia para o lado da civilização e extirpar dessas corporações a ideia abjeta de que todo jovem preto da favela é um inimigo em potencial.
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