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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Rússia retalia e amplia ataques contra Ucrânia; Kiev é alvo de bombardeios

Colunista do UOL

10/10/2022 04h50Atualizada em 10/10/2022 13h32

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Moscou amplia a guerra contra a Ucrânia, no que está sendo interpretado por observadores internacionais como uma sinalização de que o Kremlin pretende escalar o conflito. Pela primeira vez desde junho, Kiev volta a ser atacada por mísseis russos. Na manhã desta segunda-feira, a capital ucraniana registrou diversas explosões, no que está sendo considerado como uma resposta de Vladimir Putin diante da explosão no fim de semana contra a ponte que liga o território russo à península da Crimeia.

O governo russo ainda avisa: o que as cidades ucranianas sofreram pela manhã é só o início da resposta. "Esse é só o primeiro episódio. Outros seguirão", afirmou Dmitry Medvedev, ex-presidente russo. Alarmados, os líderes do G7 convocaram para esta terça-feira uma reunião de emergência com o governo ucraniano. Diplomatas admitiram ao UOL que a guerra entra em sua fase mais tensa e imprevisível.

Para a Europa, os ataques desta segunda-feira constituem um "crime de guerra" diante dos alvos civis. Já o presidente Emmanuel Macron, da França, estima que a ofensiva muda "profundamente" a conflito.

"O Kremlin escalou de novo sua agressão a um novo patamar", disse Ursula van der Leyen, presidente da Comissão Europeia. "Precisamos proteger nossa infraestrutura crítica", completou.

Apesar de o ataque no fim de semana não ter sido reivindicado, o Kremlin denunciou o governo ucraniano como o responsável pelo ato de "terror" na ponte. Em Moscou, fontes do alto escalão da diplomacia confirmaram ao UOL ainda no sábado que Putin iria responder.

Nesta segunda-feira, os ataques russos atingiram a capital em plena hora de pico. Os mísseis caíram sobre algumas das principais artérias de transporte da cidade. Foram pelo menos quatro mísseis e quase uma dezena de outras explosões, durante mais de uma hora.

"Diversas explosões no distrito de Shevchenskivskyi, no centro da capital", escreveu nas redes sociais o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.

A polícia local indicou que pelo menos oito pessoas morreram e outras 24 estão feridas.

Lviv, Ternopil, Dnipro e Zaporizhzhia também foram atacadas. Andriy Sadovyi, prefeito de Lviv, confirmou que partes da cidade estão sem água ou eletricidade. Mas garantiu que as autoridades estão trabalhando para restabelecer os serviços.

Nas redes sociais, presidente ucraniano, Volodomyr Zelenskiy, fez um apelo para que a população não saia dos abrigos. Segundo ele, no 229o dia de guerra, os russos "estão tentando nos destruir e nos apagar da face da terra". "Destruir as pessoas que estão dormindo em Zaporizhzhia. Matar pessoas que estão indo trabalhar em Dnipro e Kiev. Imploro a todos: não saiam dos abrigos", disse."

Segundo o governo ucraniano, 41 dos 75 mísseis disparados pela Rússia foram derrubados.

Para Zelenskiy, a meta da Rússia é minar o abastecimento de energia e a população civil. "A manhã é difícil. Estamos lidando com terroristas. Dúzias de mísseis, "Shahids" iranianos. Eles têm dois alvos. Instalações de energia - em todo o país"; disse.

"Região de Kiev e região de Khmelnytsky, Lviv e Dnipro, Vinnytsia, região de Frankiv, Zaporizhzhia, região de Sumy, região de Kharkiv, região de Zhytormyr, região de Kirovohrad, o sul", escreveu. "Eles querem pânico e caos, eles querem destruir nosso sistema energético", afirmou.

Para o ucraniano, "o segundo alvo são as pessoas". "O momento e alvos foram especialmente escolhidos para causar o máximo de danos possíveis. Fiquem em abrigos hoje. Siga sempre as regras de segurança. E lembre-se sempre: A Ucrânia estava aqui antes do aparecimento deste inimigo, a Ucrânia estará aqui depois dele", completou.

Desde sábado, a explosão na ponte que liga a Rússia ao território da Crimeia deixou o mundo em estado de alerta máximo. Na ONU, todos se lembram da declaração de Dmitry Medvedev, ex-presidente da Rússia, ao alertar em abril aos ucranianos que qualquer ataque contra a ponte na Crimeia teria consequências. "Espero que eles entendam qual seria o alvo de uma retaliação", disse.

A ponte, de fato, não é qualquer obra. Para Putin, trata-se do símbolo da anexação da península e a conclusão de um "sonho" de diversas gerações de russos. "Finalmente, o milagre ocorreu", disse em 2018 quando a obra foi inaugurada.